O brasileiro Emiliano
Augusto Cavalcanti de Paula Albuquerque e Melo, ou simplesmente Di Cavalcanti,
foi um tropicalista entusiasta. Os textos e análises semióticas a seguir são
inteiramente meus.
Acima, Macumba. A faca com sangue é agressiva, assassina, talvez carneando
um animal para este servir de almoço, no modo como o Sexo Masculino é
representado por uma lança, um falo agressivo, na obrigação social de um homem se
fazer competitivo e agressivo, como espermatozoides concorrendo pelo mesmo
óvulo, no universalismo do Patriarcado. Não sabemos quem ou o que a arma feriu;
só sabemos que houve alguma injúria, uma agressão, como nos rituais de Umbanda
ou Macumba, nos quais animais são sacrificados, servido de oferenda a deuses ou
divindades, num Brasil tão marcado pela Cultura Afro, num DC empenhado em
representar esse país em suas singularidades culturais. Vemos uma figa, símbolo
de boa sorte, numa mão fechada, que bloqueia más vibrações ou más influências,
bloqueando espíritos obsessores, rechaçando estes, conferindo Paz à pessoa que
se protege, que se ama. Uma grande lança retilínea atravessa a mesa, dando
continuidade à agressão da faca, numa religião que fortalece o Yang da pessoa,
deixando esta protegida de pessoas que a queira ferir, como na armadura da
Mulher Maravilha, na necessidade da pessoa saber dizer “não”, como prega a
Psicologia, na ironia de que a MM foi criada por um psicólogo. Vemos um tambor,
instrumento essencial a este culto afro, na gíria “batuqueiro”, que designa os adeptos
da Umbanda, como em um casamento de familiares meus em Salvador, BA, um país
afro à parte! Na festa, entrou uma banda do estilo Olodum, com poderosos
tambores contagiantes, deixando sequer um convidado ficar parado, algo muito
exótico para mim, que sou gaúcho e estou acostumado a casamentos mais
tradicionais. Aliás, na Umbanda, é permitido o casamento entre pessoas do mesmo
sexo, pois as religiões afro são cultura de resistência, erguida por escravos e
os descendentes destes. Nada mais natural: trata-se de uma religião dedicada
aos socialmente desfavorecidos, e nisto se incluem os homossexuais. Sobre a
mesa, vemos duas imagens de divindades afro, esculpidas de forma simples,
sucinta, clean, dando apenas a estrutura básica da imagem, da divindade. Uma das
imagens tem uma grande lança nas mãos; a outra imagem tem no meio das pernas o
que parece ser um pênis descomunal. São duas imagens bem masculinas, sem
graciosidade feminina, sem os encantos femininos de uma Iemanjá. Neste quadro,
há vários elementos agressivos, como uma longa corneta, instrumento que se
junta ao tambor para sonorizar as cerimônias religiosas. Atrás das imagens de
homens “machões”, uma janela que guia para um dia claro e majestoso, na
sensação gloriosa de elevação espiritual que têm os adeptos dessas religiões
afros. São ritos que dão uma sensação de descarrego, de descarga de
consciência, de catarse, dando ao indivíduo a sensação de desfrutar de um dia
tão limpo e aconchegante, como numa gloriosa cidade espiritual, onde a harmonia
reina de forma inabalável. As religiões, já me disse uma médium, são caminhos
diferentes que levam ao mesmo destino, ou seja, Tao. Este quadro é bem
brasileiro, extremamente vibrante e colorido, como é um terreiro de Umbanda,
num lugar em que o indivíduo busca se conectar com o divino, com o agradável,
com o liquidiscente. Aqui, temos um baile de Carnaval, pois este é pura
expressão de Cultura Popular Brasileira, na herança dos tambores africanos, num
caldeirão cultural único no Mundo, do modo como o próprio Di Cavalcanti se tornou
um ícone de cultura nacional, expressando o seu próprio país de forma tão
contundente. Na outra extremidade da figa, um rosto feminino, belo, trazendo um
pouco de perfume frente a elementos tão fálicos.
Acima, Mulata com Pássaro. Os mulatos são símbolo da Miscigenação
Brasileira, como vi certa vez uma pessoa que era uma mistura de negro com
japonês, ao contrário dos EUA, país no qual, normalmente, não há muita Miscigenação.
Esta musa está cercada de flores, símbolos de feminilidade, beleza e
graciosidade, e podemos ouvir o piar do pássaro que a mulher carrega nas mãos.
O pássaro é a Liberdade, a Fauna Brasileira, única no Mundo. O pássaro é
carregado com carinho, estando protegido nas mãos de uma mãe zelosa, dedicada.
O pássaro está no ninho, num lar, num lugar onde há o forte sentimento de
pertencimento. Temos aqui uma Ísis tropical, encantando o Mundo com canções de
Tom Jobim, cujas melodias podemos ouvir aqui, no topo da Música Brasileira, da
Identidade Nacional. A mulher está nua, coberta somente pela vegetação, como
uma índia nua, em harmonia com a Natureza ao redor, como numa Eva no Éden,
antes do Pecado, andando com naturalidade nua, sem malícia ou vergonha. O seu
pescoço é adornado por um colar com três cordões de pérolas, como nas Três
Marias no Cinturão de Órion. As pérolas são ovos, são a fertilidade feminina,
como numa mãe generosa, que coloca muitos ovos, aumentando a família,
alimentando o Mundo. As pérolas são casulos cheios de Vida, no mistério da
Vida: O que esta é? Atrás da musa mulata, arcos brancos, como nos traços de
Niemayer em Brasília, no estilo brasileiro de Arquitetura, com traços simples e
impactantes, sem exageros visuais, sem arabescos ou frescuras excessivas, no
poder da Simplicidade, a qual todo Ser Humano deve aprender em Vida, rechaçando
os excessos sujos, pois Tao é limpo. Também vemos bandeirolas dependuradas,
como numa colorida e divertida festa junina, e podemos ouvir o som de Música em
um dia de festa, as quais são atos de saúde mental coletiva, no poder terapêutico
da Arte. As bandeirolas tremulam ao suave vento, como numa cidade de Salvador,
com brisa de temperatura amena o ano inteiro. A mulher está se olhando num
espelho, sem notar a presença do espectador. O espelho é símbolo de
Feminilidade, pois corresponde ao lado belo da Vida, ao lado suave e perfumado
da existência, lado este que exige ser protegido pelo Yang, o qual está a
serviço do Yin, apesar do Patriarcado ser tão forte no Mundo, desde sempre, nas
ancestrais diferenças culturais entre homens e mulheres, ao contrário da Aurora
do Século XXI, no qual a Mulher, finalmente, começa a se igualar ao Homem. A
mulher e a Flora parecem ser um só ser, numa relação de continuidade. A mulher
não sorri, mas também não está triste ou decepcionada, pois está num momento de
reflexão, em frente a um espelho existencial, num Brasil querendo adquirir
identidade. As flores parecem que brotam da mulata, a qual se torna uma espécie
de feiticeira, de fada da floresta, como numa Galadriel de Tolkien, uma
feiticeira guardiã de uma terra enigmática e bela. Bem ao fundo, além dos arcos
minimalistas, uma paisagem de um Céu de Brigadeiro, num dia glorioso em que o
Sol brilha do Oiapoque ao Chuí, unificando uma nação, dando identidade e
orgulho, os quais são necessários a qualquer nação. Vemos colinas que se fundem
com as formas graciosas eróticas da mulata, na sedução da Mãe Terra, que
desafia homens a desbravar terras virgens, como no caso do continental Brasil.
Vemos árvores frondosas, na força da Natureza em encontrar meios para a Vida, a
qual é uma luta diária. E as pérolas da mulata são estrelas numa farta
constelação, desafiando enigmaticamente o Ser Humano a desbravar o Universo por
meio da Ciência. As pérolas são ovas de salmão, jogadas n’água com a missão de
se desenvolver e prosperar, resultando na luta pela Vida, pela sobrevivência,
na necessidade do indivíduo se fazer forte para virar as páginas e tocar a Vida
para frente. As flores são a riqueza brasileira, na abundância de espécies tão
exóticas, o que fascina a imaginação de países menos tropicais, como a
Inglaterra. A mulata parece ser feita de barro ou argila, nas mãos de um
artesão, com na lenda em que
Zeus animou uma figura de barro e originou desta a Mulher
Maravilha, ou como Deus fez Adão do pó. Ser artista é querer entender como Tao
opera.
Acima, Natureza Morta. Os peixes estão mortificados, no termo espírita de
Mortificação: “Mortifique o Espírito; não o Corpo”. Mortificar-se é abandonar
ilusões e viver na Verdade, no Plano da Realidade, sem ilusões materialistas. O
peixe morto, aqui, simboliza esse ato de desprendimento, de libertação, pois o
espírito mortificado consegue enxergar a Vida com clareza, varrendo dúvidas
como se varre um chão sujo. As garrafas transparentes são o vazio de Tao, como
uma janela que, vazia, tem a capacidade de mostrar a paisagem ao espectador,
como na janela aqui, com vista para uma cidade desenvolvida e limpa. As
garrafas transparentes são a Matéria Escura, o enigma do fluido invisível que
une o Universo, como a água une os seres aquáticos, como na sensual sopa
primordial internética, que une os Seres Humanos, no poder da integração, na
família cujo pai/mãe é sempre o(a) mesmo(a): o Deus em mim reconhece o Deus em você. Aqui, as garrafas
já cumpriram sua missão, que é fornecer o vinho, o sangue da Vida, sempre
cobiçado psicopatas vampiros, parasitas assassinos que permeiam a Vida em
Sociedade, como uma praga permeia um vinhedo saudável. Aqui, a janela é Tao,
sempre belo em seu vazio, em sua indefinição, em seu mistério: O que é o Nada?
Coroando a janela, uma forma simétrica decorativa, na igualdade entre Yin e
Yang, ou como no penteado da rainha Elizabeth II, na simetria clássica, como
duas épocas separadas por um marco, como foi a passagem de Elizabeth I na
História Inglesa. Esta é a ambição do Ser Humano – marcar época, numa fogueira
competitiva de vaidades, na inevitável competitividade social, a qual começa
desde cedo, já na Escola. Apesar de mortos, os peixes ainda parecem nadar vivos,
e seus olhos revelam o instinto por alimentação, como no milagre de Jesus ao
multiplicar os peixes nas redes dos pescadores. Os peixes são irmãos de uma
mesma família, como na grande família de Tao, o patriarca supremo, mas um
patriarca que não tem os preconceitos do Patriarcado. Este não é um quadro
extremamente iluminado, e tem um tanto de obscuro, de mistério, da dúvida
acerca do que nos espera após o Desencarne: Para onde vou? Ou para onde volto?
Os peixes aqui são relativamente coloridos, na festa da Vida, num mar farto,
abençoado por Iemanjá, presenteando os pescadores com fartura, como a massas de
fiéis na Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, na imagem de uma Virgem Maria
cercada de seus filhos, que são os fiéis. É uma imagem de fartura, de
cornucópia, como na mesa farta em uma galeteria, na cultura gastronômica de
abundância do Imigrante Italiano no RS. Aqui, temos um DC com certas linhas
retilíneas, apesar de oblíquas, como um diamante lapidado, exercendo fascínio,
dotado de valor simbólico: o material precioso simboliza o divino, mas este material
não é o divino em si, o qual é Nada, ou seja, é a ausência de Matéria. São as
metáforas humanas, nas simbolizações semióticas. Os peixes nadam pelo quadro,
como se tivessem ressuscitado e ido para um plano superior, onde a Vida reina
sempre, sem interrupções. A luz natural da janela banha a mesa, e os peixes
brilham como em um aquário colorido. Os peixes são a luta pela Vida, como
salmões que lutam bravamente contra a correnteza do rio, chegando exaustos ao
seu destino e, então, expelindo os óvulos e o esperma, gerando ovas que
voltarão, pela mesma correnteza, ao ponto de partida, dando continuidade aos
ciclos vitais. Podemos sentir o cheiro de Oceano, em um bom restaurante de
sushi, no qual podemos ter a segurança de que o peixe está fresquinho, numa
relação de confiança, pois Tao é honesto e limpo, tendo integridade, sendo uno.
E podemos ouvir o barulho d’água fluindo, num ruído delicioso, apaziguador e
relaxante.
Acima, Samba. A nudez feminina é tratada com naturalidade, revelando seios
belos, na beleza da Mulher Brasileira. No quadro, temos uma miscigenação
brasileira, numa mistura de sangue de várias partes do Mundo. A protagonista é
a mulher de saia amarela, dourada, como uma dama dourada de Klimt, na riqueza
cultural brasileira, na cor dourada que acompanha o brasileiro na torcida por
uma Copa do Mundo, como na cor do cartão Ourocard, do Banco do Brasil, na
promessa de um Brasil melhor e mais nobre, como diz o nome da ONG “Brasil Sem
Grades”. O amarelo é a cor do Sol e da gema do ovo, na esfera que faz brotar a
Vida no Território Brasileiro, trazendo a fertilidade do solo do país e da
mente do brasileiro, numa mistura de ritmos e estilos musicais, como, por
exemplo, no romance “O Cortiço”, em que uma mulata hipnotiza ao dançar pelo
exótico Samba, o qual é um fruto de Cultura Popular Brasileira: veio do povo e
com o mesmo povo permanece, como a Festa da Uva de Caxias do Sul. No quadro, a
mulher à frente é uma espécie de rainha, de representante. Ela carrega folhas
que parecem ser louros, celebrando a vitória do Samba como legado nacional, e
único. O seio da mulher é revelado como o seio da célebre Cicciolina, a atriz
pornô italiana que tentou carreira política, exibindo às câmeras um dos
próprios seios, revelando uma mulher que tem orgulho em ser mulher, como Sharon
Stone, que, ao ser entrevistada por uma repórter que perguntava por que a atriz
aparecia nua nos filmes, a estrela disse à entrevistadora: “Você é uma mulher –
você tem vergonha de ser mulher?”. Amém! E Arte é isso: ver o Mundo com naturalidade.
A mulher posa com uma das mãos na cintura, sinalizando que é dona de si mesma,
e não vítima dos preconceitos patriarcais, como em sociedade radicais nas quais
a mulher é castrada para não ter prazer sexual, como na Roma Antiga, quando
mulheres não podiam beber vinho em público. Apesar do Patriarcado ser universal, Di
Cavalcanti faz um manifesto em prol da beleza. Atrás da grande dama, vemos
outra mulher, de traços mais negros do que aquela. A mulher em segundo plano
também exibe um dos seios, que são símbolo de maternidade, carinho e
cornucópia, como é Tao, a Mãe Provedora, sempre atenta aos próprios filhos. A
segunda mulher usa um chapéu, que é a proteção, o resguardo, a discrição de um
artista que não quer aparecer mais do que o próprio trabalho. As duas mulheres
sambando estão cercadas de homens que tocam o Samba. Três deles estão alegres,
participando da festa, mas há um homem cabisbaixo e deprimido, completamente
alheio à euforia e ao alto astral da roda de Samba, a qual é como uma roda de
Chimarrão, integrando os membros da cadeia em torno de uma boa conversa e boa
música. O homem triste é um DC catarseando todo um sentimento de solidão,
abandono e melancolia, sentimentos negativos que são aqui combatidos pela
animação do ritmo contagiante, fruto da herança afrobrasileira. Apesar de estar
cercado de pessoas alegres, o homem triste se sente irremediavelmente só, numa
carência afetiva enorme, e a Vida é isso: quando sentimo-nos sós, não
conseguimos interagir com o Mundo ao redor. O homem deprimido está solitário,
vagando pelas ruas de uma cidade, sonhando em ter uma pessoa especial. Este
homem está sem Norte; não está centrado, e vai nadando por um melancólico lago o
Patinho Feio, o qual, depois de um tempo, descobre-se cisne, como uma Fênix
renascendo; como uma Tieta voltando triunfante a Santana do Agreste. Ao fundo
da cena, os morros voluptuosos fazem metáfora com os seios das mulheres da
cena, revelando beleza grandiosa e titânica, no continuum que permeia a
Natureza e a Vida em
Sociedade. Acima do homem deprimido, um homem de vermelho
dançando, entusiasmado, com os braços erguidos em euforia, observando a beleza
geológica dos morros/seios. O vermelho é o vibrante sangue brasileiro, com
pessoas exuberantes, diferente das mulheres de outras culturas, como em
sociedades em que a Mulher é ainda propriedade do Homem. Os seios revelados são
um afã de libertação, como no seio exposto de A Liberdade Guiando o Povo, de Delacroix.
Acima, Sem Título. O cavalo é o porte, a elegância, num animal que fascina
o Ser Humano desde sempre, sendo sinônimo de elegância, força e graça. É um
quadro bem colorido, vibrante, com brasilidade, no tom de DC. O animal está em
pleno galope, como um gaúcho cavalgando livre por suas terras, reivindicadas na
Revolução Farroupilha, ou como nos rebeldes irlandeses, querendo se separar da
Inglaterra. Cavalo e cavaleiro são um só ser, numa harmonia, num vínculo de
amizade e carinho, do modo como um artista se torna amigo da própria obra,
sendo o dono de uma obra, apesar desta poder ser comercializada. O cavaleiro
toca uma corneta, como a corneta de chifre dos vaqueiros, e anuncia algo,
talvez uma revolução, uma guerra ou uma boa nova, espalhando pela beleza da
vida ao ar livre a mensagem de Liberdade, a qual está linkada ao conceito de Amor
e Fraternidade. Então, podemos ouvir o som da corneta, e o som ecoa pelos
campos, anunciando quem é o dono desta terra. O cavaleiro, ao domar o bicho,
torna-se símbolo da vitória da Razão sobre a Animalidade, num garbo que doma e
domestica, transformando um ser selvagem em um ser civilizado e fiel. Este
cavalo é bem corpulento e bem nutrido, transmitindo a ideia de Saúde. Mas há um
aviso: cavalgar pelos campos é delicioso, mas pode lhe enlouquecer se cavalgar
demais. Ou seja, o cavaleiro não pode se exceder. A corneta anuncia algo, como
uma campanha publicitária, como um galo que anuncia um novo dia, nos domínios
do macho alfa, estabelecendo ordem e hierarquia dentro de um galinheiro, no
instinto do macho alfa, um instinto bem animal, porém algo que nutre a
Sociedade Patriarcal – será que esta existe por causa de um instinto animal? Se
o existir por causa disso, a Racionalidade tem que derrotar tal instinto
animalesco, como em sociedades em que mulheres começam a ganhar força no Corpo
Social, na mensagem humanista do Espiritismo. Este é um quadro onde há amizade,
fidelidade, numa relação de confiança e interdependência, como numa simbiose,
em que dois organismos, dois seres se ajudam mutuamente, na capacidade do Ser
Humano em converter a Natureza a seu favor. Este quadro é como uma colcha de
retalhos, alegre e diversificada, como numa tendência contemporânea de
Decoração, onde, em um mesmo piso, vemos lajotas de diferentes cores e estilos,
celebrando a Diversidade. Aqui, podemos certamente ouvir o som do galope,
esmagando o capim, no cheiro da Vida ao Ar Livre, como me disse o produtor de
Cinema Luiz Carlos Barreto, o qual disse gostar do cheiro de bosta no campo,
algo exótico para um carioca. O fundo do quadro tem formas geométricas
retilíneas, um pouco cubistas, como faces de um mesmo diamante, fascinando por
seu brilho, num talento que fascina por sua inteligência, do modo como, diz a
História, Jesus era uma pessoa altamente inteligente – é a vitória da Mente
sobre o Corpo, êxito este representado aqui no Homem domando o Animal; é a
vitória do Ser Humano no Mundo Civilizado. Cavalo e cavaleiro parecem olhar
para a mesma direção, numa parceria bem sucedida, em que dois se tornam um só,
formando uma só Vida. Também podemos ouvir o relinchar do bicho, numa cena de
felicidade, de prazer, no deleite que é um animal devidamente domesticado e
treinado. É um quadro de exímio equilíbrio gráfico, fazendo metáfora com o
equilíbrio que o cavaleiro tem sobre o bicho, num critério equilibrista de DC,
como um artista de Circo, o qual é um local, antes de mais nada, de Arte, no
talento circense existente no Showbusiness, repleto de palhaços que querem
entreter o Mundo. Esta é uma cena de Liberdade, de corpo aberto no Espaço, como
na Nudez, que faz metáfora com a Simplicidade que traz o prazer de uma vida
simples e produtiva, sem as corriqueiras vaidades humanas, vaidades estas que
têm a capacidade de destruir a Paz, Paz esta que é inabalável na Dimensão
Metafísica, no plano mental e racional.