Com obras pertencentes a
museus como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, o venezuelano Carlos
Cruz-Diez está radicado em
Paris. Chic! Os textos e análises semióticas a seguir são
inteiramente meus. Boa leitura!
Acima, Fisicromía Doble Faz para Madrid, 1991. Uma cobra urbana, com clara
inspiração em um viaduto, só que uma via que vai do nada a lugar nenhum, no
enigma da mente artística, nas graças de um artista que é compreendido e
valorizado. É como uma reação em cadeia de um jogo de dominó, e um simples
empurrãozinho é capaz de causar comoção, numa pitada de agressividade, uma
pitadinha de sal que faz toda a diferença, na relação entre causa e efeito, no
termo “It’s all down hill”, ou seja “É tudo agora morro abaixo”, no termo “deixar
rolar”, na sabedoria de quem dá este empurrãozinho mínimo, discreto, quase
nulo, e acaba por causar um grande tsunami, como na obra de um artista que vi,
e na obra raios de tempestade eram provocados por dispositivos metálicos, no
termo “tremendão” da Jovem Guarda, sendo um artista, em todos os sentidos, uma
força da Natureza. São como várias etapas em uma caminhada existencial, como
num curso educacional, num aprendizado construído dia após dia, no modo como cada
dia de Vida é uma batalha, uma luta, um esforço, na necessidade de se adquirir
disciplina, como num balé, com bailarinas extremamente disciplinadas, com seus
coques apertados, quase dolorosos, quiçá dolorosos, havendo no cabelo preso uma
metáfora com a disciplina, como mulheres aristocráticas, ou aeromoças,
arrumadas para um dia de luta. Esta obra de CCD é como uma obra abandonada de
viaduto, talvez por falta de verba, talvez por um entrave jurídico, nas
interrupções inevitáveis da Vida, num curso truncado, difícil, embargado. É a
serpente da fertilidade, aquosa, como girinos n’água, no modo como a Vida luta
para viver e sobreviver, como árvores competindo por um lugar ao Sol, na
competitividade do Mundo dos Esportes, um plano desglamourizado, onde só há espaço
para a fria Razão. Esta cobra vai se esgueirando em busca de alimento, e vai
trocando sua pele, como um ator vai trocando de personagem, numa pessoa que vai
virando as páginas e vai abraçando um novo dia. Esta cobra é formada por essa
infinidade de cartuchos retangulares, na passagem do Tempo. Talvez tenhamos
aqui um só cartucho, e a caminhada deste, como na construção de uma carreira,
no cidadão que acorda e se depara com a necessidade de luta, rechaçando a
preguicinha na hora de levantar, clamando o Superego. Esta obra é forte como
concreto, firme como os fundamentos da Terra, com raízes que fincam fundo,
dando estabilidade a esta “árvore”. São janelas que vislumbram o decorrer de
uma vida, como Tao escreve certo por linhas tortas, no mistério da necessidade
da pessoa passar por este ou aquele momento, na Divina Providência, sempre
tecendo com perfeição o caminho de cada pessoa. É uma obra que, de certo modo,
desafia a Gravidade, como o famoso e emblemático vão do MASP, no sonho de um
arquiteto que sonha com prédios gigantescos e, ainda assim, leves, na
arquitetura depuradíssima da Dimensão Metafísica, a Terra do Pensamento, a
terra onde a Matéria e a Gravidade nada significam. Apesar de se sustentar por
um pilar tão forte, esta obra é de uma aparência frágil, e parece que basta uma
pequena borboleta pousando para que o caos destrutivo tome corpo. As coisas
finas são assim: aparência fraca, efeito forte. Esta obra concorre com as
demais estruturas numa cidade vibrante como Madrid, num CCD internacional,
mostrando a universalidade da Arte. E esta salamandra vai se esgueirando, como
se o ar fosse água; como se fosse uma cobra d’água, num surfista que se torna
uma extensão d’água, fazendo o ar de Madrid parecer água. É como o chocalho no
fim do rabo de uma cobra peçonhenta, e cada parte do chocalho corresponde a um
momento de Vida, e quanto mais longo o chocalho, mais experiência de Vida, como
na sabedoria de um homem de cabelos e barbas brancos. Esta obra é um político
que já exerceu vários cargos públicos, sempre entendendo a necessidade de não parar
de produzir.
Acima, Physichromie 1607, 2009. O retângulo alienígena de 2001- Uma Odisseia no Espaço, na prova
de uma inteligência superior, no modo como um artista se sente um alienígena,
um ser de outro mundo, tendo que encarar a encarnação na Terra e fazer-se
compreender, no capital e grande desafio que é o autoencontro, na dor que
assoberba o artista malcompreendido. Temos um CCD empenhado no enigma
geométrico, num efeito que hipnotiza os olhos, as percepções do espectador. São
como grades de uma prisão, no fato de que todo ser encarnado é um prisioneiro –
pergunte a um prisioneiro se este gosta da prisão. Temos todo um tom cinzento
metálico, como numa fábrica metalmecânica, num parque industrial arrojado,
moderno, nas demandas econômicas de um país emergente como o Brasil. É uma
esteira de fábrica, com os bens produzidos deslizando por esteiras, abastecendo
mercados e gerando riquezas, no modo como o atelier do artista não deixa de ser
uma fábrica, só que artesanal, como produzir Cinema no Brasil – o cineasta
brasileiro é um artesão, sem o respaldo de uma estrutura industrial com as de
Hollywood e Bollywood. Temos aqui um arcoíris discreto, de tons sisudos, como
Elizabeth II, numa seriedade e numa sobriedade quase assustadora – o que faz
esta monarca ser tão séria? O retângulo ao centro tem tons bordôs, de vinho, na
sedução do açúcar da fruta se transformar em álcool, na universalidade da
birita, como saquê, vodka, cachaça, rum etc. O artista quer embriagar o
espectador, querendo causar comoção, rebuliço, uma desordem benéfica. Aqui, é
como um prisma sutil, sóbrio, sem um carnaval de cores, numa proposta séria e,
ao mesmo tempo, um tanto divertida, na tentativa de conciliar alegria infantil
com seriedade adulta, no modo como a pessoa não pode perder para sempre o senso
de humor, pois a Vida é repleta de ironias, de piadas tecidas por Tao, o Grande
Piadista, o Rei dos Palhaços. O centro do retângulo tem um dourado discreto,
fechado, como um tesouro que resiste em se expor, como na Coroa do Império
Britânico, condenada a prisão perpétua, sem condições do adorno repleto de
joias sair em público – a ladroagem não deve ser subestimada, e ser cuidadoso
faz parte da autoestima da pessoa. Aqui não temos linhas orgânicas ou
liquidiscentes; temos a dura construção técnica do espírito, num mundo obcecado
em projetar espaços em linhas retas, seja por quadrados, seja por retângulos.
Temos aqui uma simetria bem estável, clara, matemática, como um desenho
simétrico de tapete, como os pontos cardeais, espraiando-se igualmente pelos quatro
cantos da Terra, na eterna tentativa humana em impor Ordem ao Caos,
no desafio da pessoa organizar a sua própria vida, ou colocar ordem numa casa
com uma boa faxina, pois Tao é limpeza. Aqui, temos uma sensual persiana
italiana, numa sedutora tarde de verão, de doces férias, na sedução da estação
mais quente, longe da sisudez invernal, como na canção California Dreaming, na qual o inverno de folhas marrons e céus
cinzentos é contrastado com o clima californiano, de temperaturas amenas e Céu
de Brigadeiro. CCD se revela um mestre nos movimentos gráficos, dando um nó nos
olhos do espectador. São como ramos de colheita sendo cuidadosamente
acondicionados, organizados e catalogados, num escritório altamente organizado,
na necessidade da pessoa ter que organizar a si mesma, encontrando um ponto
centrado, um Norte, centrando a vida em um propósito sério e válido, pois pobre
daquele que não se centra. É como um taquaral apolíneo, longe do caos natural
da Fauna e da Flora, num Darwin empenhado em conhecer e catalogar espécies,
buscando ver Ordem numa Natureza tão caótica, tão vasta e tão enigmática. O Ser
Humano quer encontrar lógica na obra do Grande Arquiteto, fazendo da
intervenção humana o fator decisivo para a Vida em Sociedade. Aqui, a
alegria carnavalesca não está ceifada, mas colocada sob um certo e um mínimo
controle, no modo como a Vida não é só festa, e pobre coitado do playboy, que
nada produz e nada tem para ficar orgulhoso. Todos têm que produzir.
Acima, Primer Proyecto para um muro exterior, Caracas, 1954. Um Mondrian
relido. Uma prateleira sui generis, com linhas retas alvoroçadas, como em uma divertida
festa com várias cores mas, ao mesmo tempo, um predomínio dos traços negros e
da superfície cinzenta, num CCD disposto a fazer um muro ao ar livre, impondo
cores a um mundo tão cinzento, tão borocoxô, tão desanimadinho. As cores são a
diversidade, no modo como o respeito mútuo deve ser estimulado e difundido, ao
contrário de ditaduras, as quais não respeitam as individualidades, fazendo do
cidadão um reles marionete, sempre manipulado por sistemas que pouco querem que
o próprio cidadão seja feliz, como na artificial comoção na recente morte de um
ditador – ao cidadão reprimido, vítima de um estado dissimulado, só resta
mostrar emoções dissimuladas. Estas prateleiras não querem sustentar algo, pois
já sustentam a percepção do espectador. É como se o muro fosse horizontal, e as
pessoas tenham caído aleatoriamente sobre ele. Temos linhas retas e linhas
tortas, mas nunca tortuosas. É o Messias sendo crucificado, pregado
dolorosamente em uma cruz, exposto em uma humilhação pública, renascendo,
séculos depois, em uma
Europa farta de ser pagã. É como se estas peças estivessem
parcialmente submersas em um tanque de líquido cinzento, e só podemos ver,
acima do nível d’água, uma parte das estruturas, como um iceberg, escondendo a maior
parte de si abaixo d’água, resguardando-se, nunca se revelando por completo,
como se soubesse o valor da Discrição, como uma pessoa que faz erros e acertos,
colocando os erros ocultos, escondidos abaixo d’água. É como um Pinóquio abaixo
d’água, fazendo com que seu nariz mentiroso apenas se mostre parcialmente, num
gesto de recato e vergonha, no valor do resguardo, como Tao diz que o showman,
aquele que quer só aparecer, nunca é secretamente respeitado pelas pessoas.
Aqui, são alternativas em uma prova de Vestibular, num jogo intrincado, feito
para confundir a cabeça do vestibulando, em várias armadilhas e arapucas, como
no termo das questões chamadas “pegarratão”, em que o indivíduo, metido a
esperto, é comicamente ludibriado por mentes superiores. Temos aqui um
labirinto, cuja função é confundir, no labirinto que é a cabeça daquela pessoa
que ainda não se centrou na Vida, como uma mosca varejeira, que vai de lá para
cá, ao sabor do vento, sem construir algo pertinente ou válido, como um saco
plástico voando pela rua, sempre ao sabor da Vida, como um barco mal ancorado,
sujeito às intempéries existenciais, como um piso de uma tábua solta, móvel,
traiçoeira, fazendo com que a pessoa caminhante tropece e se machuque. É a
sensação de despertencimento, numa dúvida persistente. Então, CCD pega um
insosso muro cinzento, um muro tão comum e monótono, e o enche de temperos
deliciosos, no modo como comi hoje uma bela rabanada. E as cores invadem uma
cidade, buscando o embelezamento, ao contrário de uma cidade de muros pichados
e canteiros malcuidados, nas feiúras corriqueiras das grandes cidades físicas –
a Encarnação é assim mesmo, uma nuvem cinzenta, e a cada um de nós cabe fazer algo
desse muro impessoal, na ilusão do vândalo pichador, o qual se considera um
artista, um grande homem, mas não passa de uma pessoa equivocada, tendo dentro
de si um certo ódio contra a Vida em Sociedade. Estas
cores são um prisma sedutor, e estas tábuas parecem sacadas de um prédio de
rica arquitetura, com formas desafiando a Lei da Gravidade, no modo do artista
conseguir fazer perceber, de alguma forma, como é o Mundo das Ideias, a
dimensão onde temos casa, comida e roupa lavada, só restando ao desencarnado
buscar um trabalho, pois, como eu já disse nesta mesma postagem, todos temos
que produzir de alguma forma. Vemos aqui algumas formas que lembram cruzes, no
modo como li hoje o depoimento de um religioso, o qual se opõe a obras de Arte
que combinam nudez com símbolos religiosos, no poder provocador da Arte, a irmã
da Liberdade. E na ironia de que, dentro da transgressão, existe a caretice,
tendo tudo em si a própria contradição. Sem stress, gente!
Acima, Projet pour Couleur Additive, 1959. Um painel de elevador indicando
a depuração de uma dimensão acima, na trajetória de um artista que vai
crescendo na carreira e vai crescendo como pessoa, como espírito, pois tudo é
processo, e crescer é este processo. Temos em CCD um mestre em hipnotizar a
percepção ótica de quem se depara com a obra, no modo como um Escher brinca
também com o espectador, dando um nó na mesmice e na mediocridade, como no
célebre professor Tatata Pimentel, pois este ignorava os alunos medíocres,
chamando de “elite” somente alguns alunos que se destacavam na aula. Esta obra
mostra o jogo de cores entremeadas, fornecendo novas cores, no fato de que, se
observado de perto, podemos ver as linhas em separado, e temos o efeito de
estampa, de listras; se observado de longe, não vemos listras, mas estampas
lisas, no modo como, de longe, no frigir dos ovos, um tecido com listras pretas
e brancas vira uma cor cinzenta. É algo matemático. As listras são símbolos de
organização, de retidão, de elegância aristocrática, e rejeitam qualquer ideia
de caos liquidiscente. As formas piramidais são um tanto universais, num Egito
ou numa América Pré-colombiana erguendo estas formas tão simples, tão
futuristas, num design tão depurado para uma época em que o Ser Humano mal
tinha noções civilizatórias morais, em sociedades que praticavam os hoje
inaceitáveis sacrifícios humanos. Quanto mais nos desapegamos, mais para o alto
vamos, no desprendimento taoista, uma filosofia que prega a máxima da
Elegância: Menos é mais, como na atitude revolucionária de uma Coco Chanel, que
mudou para sempre os conceitos de feminilidade, como abolir o uso de joias em
nome de bijuterias, pois, para Chanel, o que importa é o efeito. Uma persiana
fazendo um jogo sexy entre mostrar e esconder, no termo que striptease que
dizer “provocar com uma tira”, sendo sexy quando esconde e desinteressante
quando revela, num eterno jogo de provocação, como um artista que sabe causar
esse “it”, este charme na cabeça do espectador. Classe é sexy. Ao redor deste
triângulo temos uma base negra, no modo como, a partir dos anos 90, a cor preta veio para
ficar, tornando-se moda avassaladora, em looks um tanto monótonos, de uma
pessoa que se veste só de preto, numa obviedade tediosa, do tipo “1 é igual a 1”. Mas aqui, com CCD, o preto
cede em alguns lugares, compartilhando com tiras de outras cores, rechaçando a
obviedade e estabelecendo um jogo interessante de harmonia cromática, numa
festa que, apesar de adulta, é divertida, no modo como a pessoa não pode se
permitir se tornar sisuda demais. Este triângulo sai do sexual e entra no
sensual, no erotismo desprovido de sexualidade, no modo como sexy ser aquilo
que não pode ser definido, como no primeiro momento do livro de Tao: “O Tao
sobre o qual podemos falar não é o verdadeiro Tao”. Ou seja, é um jogo que provoca
e nunca entrega. Este triângulo está sensualmente oculto e, ao mesmo tempo,
revelado, como dentro de uma sauna a vapor, ou como numa penumbra, onde as
formas estão um tanto despistadas, como acordar em um quarto envolto em
penumbra, tendo muito sono, no momento do dia em que não é dia nem noite, mas
uma luz do luar, a qual é nítida e, ao mesmo tempo, escondida. Este quadro
parece girar, e as listras verdes são a Natureza, os majestosos trajes que
árvores vestem em uma floresta, no fato de que, geralmente, o Ser Humano se
deslumbra com palácios, mas ignora os campos. Como na tradição gauchesca, os
campos têm que ser amados como parte verdadeira de um reino, no prazer de
respirar ar puro e observar, ao longe, as formas geológicas de um lugar. Liberdade.
Este quadro é uma noite em que amantes se encontram, fazendo amor sob o luar,
na beira de praias de ondas doces requebrando. Este triângulo tem pontas um
tanto agressivas, cortantes, ao contrário de mesas de vidro com as extremidades
polidas. É o poder desbravador de mentes que buscam gentilmente transgredir
velhos paradigmas, na coragem das mentes inventivas. Aqui, em perspectiva,
temos um caminho dourado cercado por bosques, no acolhimento de uma sala de
visitas com uma iluminação branda.
Acima, Transchromie, 1972. Um código de barras colorido, na tentativa de
trazer alguma cor e alegria a um Mundo tão triste, miserável e embebido em
ódio. São como degraus divertidos, que tocam música enquanto são pisados. É
como o joguinho de palitos coloridos, no modo como o jogador tem que ter
sutileza e cuidado para, ao retirar um palito, nunca fazer os outros palitos se
mexer. É como uma bandeja de banheiro cheia de frascos coloridos, perfumados,
num prisma explodindo, como uma bomba atômica benéfica, artística, na ambição
de os artistas serem essas bombas de comoção, mexendo profundamente com a
cabeça do espectador. Esta obra foi concebida em uma época em que as cores
estavam muito em voga, vibrantes, como grafites coloridos em uma São Paulo tão
cinzenta, tão de negócios, tão down. São como um saco de canudos
multicoloridos, no ambiente mágico das lanchonetes, as quais se parecem com os
lugares de encontro social da Dimensão Metafísica, cheios de gente bonita e
agradável, cheios de luz e beleza, elegância de espíritos de alta depuração
moral, de fé em algo maior, de fé em algo que rege todas as dimensões do
Universo. É como se cada filete representasse um dia, sendo que a pessoa,
conforme o dia, sente-se assim ou assado, como no se vestir de uma mulher que,
em certos dias, sente-se feminina e veste-se com Chanel; em outros dias,
sente-se masculina e veste-se como um menino, com um boné de baseball. É uma
explosão de diversidade, com as cores respeitando o espaço umas das outras,
como numa empresa harmônica e funcional, num ambiente de respeito às
inevitáveis diferenças. É um buffet de opções, como nos atores estelares, que
podem se dar ao luxo de escolher quais papéis desempenharão, numa bolha de
privilégios, exclusiva, quando que o ator comum tem que dar graças a Deus quando
um papel cai nas mãos daquele. Do mesmo modo como em um célebre artista
plástico, o qual recebe inúmeras propostas, podendo se dar ao luxo da escolha
excludente. Aqui, é uma cortina colorida, e a luz exterior atravessa o pano e
dá o efeito de vitral de igreja, no brinquedo tradicional de caleidoscópio,
como na roseta de Elizabeth I, a Mãe de todo o seu povo, numa noiva de vestido
deslumbrante. Estas barras parecem se entrecruzar, brincando de ocupar o espaço
umas das outras, como num grande baile. É uma gaita produzindo Música, no fato
de que as Artes estão umas dentro das outras, podendo haver em um cineasta um
artista plástico. Aqui é uma boca sorrindo, mostrando todos os seus dentes
multicoloridos, num sorriso irresistível, aberto e simpático, no dom que as
pessoas simpáticas têm em abrir seus próprios corações para o Mundo, havendo na
pessoa antipática uma dificuldade de interação social. Aqui, CCD manifesta sua
alegria em meio à dura realidade da Vida, num artista nunca se permitindo ser
empedernido ou brutalizado. São vários tubos de ensaio em um laboratório
químico. São várias colunas em um templo, sustentando com força, fazendo da
alegria do dia a dia um combustível para que a jornada se mostre leve e agradável,
pois o Mal é desagradável, ou seja, estressar-se em demasia é mau. É um baralho
de cartas, como num jogo de tarô, num painel mágico de magia em que a Vida é
desnudada e decodificada. São asas de uma grande águia majestosa, numa
borboleta bela e colorida, como na lembrança que tenho de coloridas flores de
lantana sendo polinizadas por muitas borboletas primaveris. É a festa da Vida,
como planetas coloridos girando em torno do mesmo astropai. É um DNA decodificado,
revelando segredos, numa Humanidade que tenta conciliar avanço científico com
avanço ético e moral. Temos aqui a Diversidade, num mundo de tantas etnias e
nacionalidades, no grande desafio de se estabelecer paz e entendimento em um Mundo tão aguerrido,
tão instável, quando tudo de que precisamos é ver o outro como um igual. As
pessoas são diferentes umas das outras – é a questão da Individualidade, pois Tao
não faz dois espíritos iguais, como num ator genial, que constrói uma heterogênea
galeria de personagens.
Referências bibliográficas:
Carlos Cruz-Diez. Disponível em <www.raquelarnaud.com.br>. Acesso 21 nov. 2018.
Work. Disponível
em <www.cruz-diez.com>. Acesso 21 nov. 2018.