quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Memórias do Cáceres



Ramón Cáceres nasceu no Paraguai, onde estudou Arte. Após isso, fixou residência no Brasil, onde construiu carreira. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!


Acima, sem título. Aqui, temos um Mondrian ondulante, como uma bandeira tremulando. À esquerda, um grande retângulo negro, como uma lousa de escola, num professor empenhado em transmitir conhecimento, com uma certa frustração, pois a esmagadora maioria dos alunos, quando não todos, estão desinteressados, sendo poucos os alunos que dão orgulho ao professor, como na hierarquia espiritual, onde os de mais fé regem os de menos fé, havendo no sociopata uma fé irrisória, quiçá inexistente. Na Vida não há certezas, mas há quem tenha fé, num grande desafio espiritual, na eterna dificuldade humana em entender o Infinito, o qual é a prova do poder absoluto de Tao, o intermitente, o laborioso, o criativo, o ativo. Este retângulo negro é uma janela para o nada, na perda de noção de espaço e de tempo, uma perda que permeia o Umbral, numa pessoa que se perde nos labirintos do Narcisismo. Separando o negror do resto do quadro, um filete branco, numa espécie de antídoto, na certeza de uma pessoa que se encontrou, numa pessoa que está contente com a Vida, contente com o lugar onde mora, sem querer estar em outro lugar, pois querer estar em outro lugar tira a Paz da pessoa, e um inferno astral se instala – é o Descontentamento. Após este filete apaziguador, um belo vitral colorido, colorindo o interior de templos, trazendo consolo a corações casados de tanta frustração, sendo esta um antídoto, pois aquele que se desilude fica mais próximo do contentamento de Tao, como água, que habita os lugares mais inferiores, precisando aceitar onde está, como no passe em centros espíritas, nos quais a pessoa que leva o passe tem que estar com as mãos posicionadas para cima, abraçando o que Tao lhe coloca nas mãos – é uma sensação reconfortante a autoaceitação, num embate que tem que ocorrer dentro da pessoa, e não fora, como o erro de uma pessoa em querer fugir da Vida, mudando-se de lugar para lugar, pois os carmas são inevitáveis, e simplesmente perseguem a pessoa, aonde quer que esta vá. O grande vão em branco é a areia branca de praias metafísicas, paradisíacas, pois nada de errado em se sentir prazer, como há pessoas que simplesmente não se permitem ter prazer, nos adoráveis pecadinhos da Gula e da Luxúria, entre outros, como uma preguicinha na cama... Estas delgadas ondas negras fluem alegremente, como azulejos em uma piscina, numa doce tarde de verão, recebendo amigos em um churrasco em torno da piscina, brindando os bons momentos, como hoje, quando me deparei com uma velha amiga no supermercado, e colocamos a conversa em dia – é sempre bom falar com amigões, pessoas que o tempo não leva para longe de nós. No cantinho azul, como um Céu de Brigadeiro, a assinatura do artista, que assina somente “Ramón”, numa busca por simplicidade, como uma amiga minha artista plástica, que me presenteou com obras suas. Esse ínfimo cantinho azul é a promessa dos céus metafísicos, numa cor intensa e cheia de Vida, na energia de trabalho e prazer que existe plena no Céu. Temos um cantinho em vermelho, no pecado da Luxúria, na bobagem de acreditar que há como desvencilhar o Ser Humano da Sexualidade deste. É um saboroso morango, doce, suculento, recém tirado do pé, nos pequenos e simples prazeres da Vida, como respirar fundo e encher os pulmões de ar puro, observado nuvens de algodão no Céu. Vemos um cantinho dourado, na glória dos espíritos que cumprem sua missão na Terra e voltam vitoriosos ao Lar, recebidos como queridos heróis, na eterna inclinação humana em projetar poderes mágicos no Ouro e em outros materiais preciosos – é apenas uma projeção. O restante do quadro é de um azul bem discreto, mortificado, na necessidade de Discrição, pois Tao é a Infindável Discrição, sempre agindo invisivelmente nos bastidores, sempre subestimado, sempre por trás das cortinas, numa pessoa que odeia aparecer, sendo o oposto do showman, do homem exibidão que não é, de fato, respeitado.


Acima, sem título. Um quadro que, apesar de alegre, tem um fundo negro e sisudo, discreto, na ideal combinação entre dever e prazer – ambos devem existir na vida da pessoa, ao contrário de um workaholic, que não vive; só trabalha. Ao contrário também do bon vivant, que não produz, e tudo o que produz são fezes na privada. Aqui é como um prisma negro, no modo como eu, quando criança, fascinava-me com as cores dos lustres de cristal do Clube Juvenil, em Porto Alegre. Estas ondas são plácidas, e não tsunâmicas, e trazem o prazer de uma orla metafísica, de temperatura amena e agradável, ao contrário das vicissitudes materiais, com extremos meteorológicos, como calor ou frio intensos, no inevitável desequilíbrio da Encarnação. Podemos ouvir o som agradável de ondas requebrando delicadamente, num mar doce, com gosto de baunilha, num vinho delicioso, perfumado, frutado. A onda mais inferior, em tom de magenta traz um perfume feminino, sedutor, num aroma irresistível, assim como é irresistível um espírito superior em Fé. Aqui, temos uma implícita hierarquia das cores, como numa pirâmide, abrangendo todas as classes sociais, nos abismos sociais que o Ser Humano sabe muito bem produzir, numa Terra cheia de desigualdades e vãos, com um bilhão de pessoas que vive na miséria, mal tendo o que comer, o que vestir, onde morar, no modo como a Dimensão Metafísica rechaça tais desigualdades, destruindo as pirâmides pontiagudas e colocando todos os filhos no mesmo útero, na metáfora da Imaculada Conceição, projetando em Nossa Senhora a dimensão acima, um mundo (muito) melhor, pois desprovido das ambições materiais humanas, pois, como diz Tao, a Ambição é inimiga da Paz, e se eu estou o tempo todo querendo coisas, não terei sossego, no modo como é altamente necessário o contentamento, no fato de que a Vida na Terra está longe de ser perfeita – é assim mesmo. As ondas em tons amarelados, pardo e laranja trazem a luz do Sol, o astro-pai, a gigantesca pérola incandescente que alimenta toda uma família, no modo como cada um de nós é um planeta em particular, com suas individualidades e curiosidades, mas todos girando em torno da mesma barriga, planetas-filhos sempre com algo em comum, apesar de estarem preservadas as sagradas individualidades. É um calçadão de Ipanema, só que colorido, curvando-se perante as ondas naturais na orla, na tentativa humana em compreender e reproduzir as forças naturais, num Ser Humano que, no passado, achava que as forças naturais eram deuses. Há uma onda verde-água, num paraíso caribenho, cópia fiel do Éden, mas apenas uma cópia, como flores artificiais – o que Tao faz, o Homem não faz tão bem. Essas ondas excedem o quadro, no enigma permanente da Eternidade, pois é difícil (ou impossível) ao Ser Humano compreender que sua alma, seu self, jamais encontrará final, pois, do contrário, sem Eternidade, a Vida não teria sentido algum, como diz a lógica espírita, a qual julga ser natural o Eterno, e sem sentido o Finito. São ondas de rádio, alimentando aparelhos do Oiapoque ao Chuí, no grande passo tecnológico que foi a invenção do Rádio, como hoje são as ondas globais da Internet, no intermitente galgar das tecnologias, num Ser Humano incessantemente se aprimorando, fazendo metáfora com a Evolução Moral da Humanidade, o grande sentido da Vida na Terra. Aqui, os momentos de alegria sofrem interrupções negras, como o fim de semana divertido após uma semana inteira de trabalho, como na atriz Jodie Foster, que disse que obriga a si mesma a NÃO trabalhar nos finais de semana, pois como diz o versinho em O Iluminado: “Muito trabalho e pouca diversão fazem de Jack um bobão”. É como uma grelha quente, esperando pela carne, num fogo multicolorido, como um saquinho da guloseima Confete, com pastilhas coloridas recheadas de chocolate, no modo como há, na Dimensão Metafísica, doces deliciosos para serem degustados, ou seja, não devemos temer o pecadinho da Gula! Aqui, são cabelos ondulados ao vento, numa Gisele cujo cabelo se tornou avassaladora moda mundial. São fios de Miojo, de macarrão, feitos pela generosa nonna, a Grande Mãezona.


Acima, sem título. Uma declaração de Amor ao Brasil, especialmente ao Estado de São Paulo, terra que Ramón elegeu para se radicar, como um filho adotivo. Aqui, a bandeira tremula, em doce liquidiscência, como uma bandeira reinando em um dia de Céu de Brigadeiro, num Brasil tão vasto, num estado tão rico e industrializado, numa urbe vibrante, repleta de Vida Cultural. Aqui, há o sedutor contraste entre claro e escuro, como nas cores de um farol, com a missão de guiar marinheiros, no modo como a Missão da Arte é inspirar tanto artistas quanto espectadores, numa corrente retroalimentar, onde Arte alimenta mais Arte, numa reação em cadeia. Impondo-se sobre a bandeira, um prisma, um triângulo transparente, trazendo contraste ao contraste, ou seja, trazendo ainda mais destaque contrastante, convertendo noite em dia e viceversa. É a Matéria Escura, o enigmático fluido invisível universal que une o Cosmos, na infinidade de galáxias deste, numa vastidão que desafia a pequenina Humanidade: Há mais estrelas no Universo do que grãos de areia em todas as praias da Terra juntas – já nos demos conta de quantos grãos de areia existem só na ilha de Florianópolis? E o artista tenta encontrar o seu lugar em um lugar tão grande, fazendo da expressão um Norte numa bússola, no modo como as estrelas guiam os astrônomos. A pontinha desta pirâmide de cristal é rubra, como um rubi, coroando o topo de uma pirâmide social, na restrição de privilégios, sendo estes reservados só aos níveis mais altos do corpo social, numa sociedade excludente, que, assim como produz riqueza, produz miséria, no modo como não há classe social na Dimensão Metafísica. Este cristal é como a identidade visual do canal Globonews, identidade esta projetada atrás dos âncoras apresentadores, dando um efeito de cristal mesmo, no fascínio de objetos brilhantes, reproduzindo, de forma finita, a sofisticação infinita das mansões metafísicas, cheias de escadarias majestosas, numa vida difícil de ser imaginada aqui, na Terra. O pequeno mapa do Brasil é em azul anil, abençoando a pátria de Norte a Sul, no sonho de ser, um dia, um país rico, com cidadãos gozando de plena saúde e felicidade, na felicidade que recheia os que vivem em uma dimensão superior. Um círculo branco envolve o mapa, como um ovo, no mistério de trazer Vida ao Mundo, nos mistérios reprodutivos, no milagre da Vida. É o ovo de galinha, sempre nutrindo com riqueza em proteínas, no sonho de um mundo onde não haja fome nem desnutrição, no sofrimento de meninas anoréxicas, que veem na comida um inimigo. Quatro estrelas douradas ladeiam o mapa, como se fossem guardiãs da República, como quatro sentinelas, representando os pontos cardeais, como as quatro estações do ano, envolvendo a Terra em ciclos sensuais de aquecimento e resfriamento, na grande comédia que é o fato de hemisférios terem o clima exatamente ao contrário um do outro. As estrelas são as riquezas de uma São Paulo soberana, atraindo brasileiros de outros cantos do país, brasileiros estes que têm o sonho de enriquecer em uma terra próspera, encontrando na urbe um cenário duro, na dureza de qualquer lugar sobre a face da Terra – o problema é o que o Ser Humano quer fugir da Vida. Aqui, a bandeira está aquática, na deliciosa fluidez da sensação de Liberdade e Paz que há na Experiência Extracorporal, quando o espírito, em um corpo físico adormecido, sai temporariamente da carne e adquire experiências na Dimensão Metafísica, muitas vezes se reencontrando com entes queridos já desencarnados. Esta pirâmide retilínea, de linhas tensas e matemáticas, corta a sensualidade destas listras aquosas, fazendo com que duro e mole sejam parte do mesmo trabalho, ou seja, não existe só prazer no trabalho; há também disciplina. É como a rotina disciplinada de um dia no quartel, havendo no divertido personagem Recruta Zero um militar preguiçoso, sem muita disciplina, na tendência humana à Preguiça, pois a Vida não é apenas sacrifício. A pontinha vermelha deste triângulo é uma ponta de adaga, desbravando terrenos nunca antes explorados, na busca por originalidade, num Freud desbravando a Psicanálise.


Acima, sem título. Escamas brilhantes de um peixe vivo, vibrante, gozando de plena saúde. É um jogo binário digno de Escher: “Onde está o vazado e onde está o saliente?”, ou seja, “Onde está o positivo e onde está o negativo?”. Estamos tendo vista para um mar verde-água ou para uma aurora dourada? Existe um jogo de encaixe, pois triângulos de ponta para cima encaixam-se em triângulos com a ponta para baixo, numa junção dos opostos que regem o Cosmos. O triângulo de ponta para baixo se parece muito com a logomarca da empresa Vale, na qual uma letra V se insinua na forma de um vale, num design digno de um publicitário de mão cheia, numa profissão sempre em busca de sacações inteligentes. Aqui, podemos ver também losangos, e cada um destes é formado por dois triângulos opostos encaixados, no modo dialético no qual tudo traz em si a própria contradição. Então, esses losangos cortam o quadro com alinhamentos retos, precisos, cortando o quadro de forma oblíqua, como num estacionamento oblíquo, buscando conter o maior número possível de carros estacionados, no modo como a Cultura Popular vai na capciosa diagonal, ao contrário da Cultura Erudita, que vai de forma vertical, e também ao contrário da Cultura de Massa, que vai na horizontal. Aqui, é como um tabuleiro de xadrez, só que colorido e na diagonal, numa estampa de tecido, num quebracabeça sem mistérios, com peças encaixadas de forma lógica. Os alinhamentos aqui geram linhas invisíveis, no modo como Tao é invisível, pois é feito de matéria, no modo como o Reino dos Céus, aclamado por Jesus, também é invisível, pois é feito de pensamento, e não feito de matéria, pois ao olharmos para cima, só vemos o Céu azul e nuvens, no esforço espírita para fazer entender o que é a Dimensão Metafísica, o plano das ideias, numa dimensão desprovida das vicissitudes materiais, como a fadiga, as doenças em geral e as outras necessidades materiais, como comer, hidratar-se e proteger-se dos raios nocivos do Sol – na dimensão acima, o Sol brilha majestosamente, mas não fere as vistas. Lindo, não? Aqui, temos ouro digno de uma tumba de faraó, na sensação mundial causada pela descoberta da tumba intacta de Tutancâmon, na eterna tentativa humana em entender o que acontece quando chega o inevitável fim do corpo físico, como diz Tao: “Se o seu corpo morrer, você não tem com o que se preocupar”. A dúvida do pós-morte é universal. E este peixe brilhante nada cheio de Vida, suculento, sendo pescado e assado, como um Gollum ávido, devorando peixes crus, ainda vivos, no instinto selvagem da fome insaciável. Aqui, temos contradição, pois há setas que apontam para cima e há setas que apontam para baixo, num momento de escolha: Para onde vou? Então a escolha é feita, e a pessoa tem que colher os frutos de tal escolha, num Ser Humano iludido, que quer “estar” ao contrário de “ser”, quando que, as mudanças de vida, acontecem dentro, e nunca fora do indivíduo. Este quadro, se visto de muito longe, terá uma só cor, que é um tom esverdeado, fruto da junção entre azul e amarelo, como se pudéssemos olhar bem de pertinho um material impresso colorido, no qual podemos ver que, a cor vermelha é, na verdade, a junção entre magenta e amarelo, numa grande contradição: se olharmos esta tela de Ramón de perto, veremos qualquer cor, menos o verde. Se menos é mais, a pessoa precisa desaparecer para aparecer, ou seja, andar para trás para avançar, ou seja, curvar-se para reinar. É como uma placa de barro suméria, nos primeiros registros humanos de Escrita, sendo esta o que tirou o Ser Humano da Pré-História. É como uma torcida brasileira verde e amarela, nos momentos de Copa do Mundo, em que o Brasil se une em torno de um só ideal, num raro momento de união, confraternização e irmandade, sendo todos filhos do mesmo grande Brasil. Quisera que sempre fosse assim no Brasil.


Acima, sem título. Um raio de luz dourada aparece, como na Esperança da Luz, um espírito iluminado do desenho animado She-Ra, na forma de uma luz multicolorida, trazendo a esperança de um plano melhor, como no episódio de Tom & Jerry, em que o gato vai ao Céu em uma escada rolante, subindo ao encontro de aristocráticos céus iluminados e doces nuvens. É o modo como as pirâmides são escadarias que levam ao alto, numa caminhada de depuração na qual o indivíduo sofre uma provação de Fé, sendo forçado a nunca perder esta, pois o Reino dos Céus só é acessível aos que creem em tal reino – é um teste para a alma. Esta luz se deita sobre morros sensuais, como nas formas de uma mulher bonita de corpo, como os exuberantes morros da cidade do Rio de Janeiro, numa Natureza exuberante, exalando Vida, numa cidade muito sensual, num carioca conectado às paisagens da Cidade Maravilhosa. É como um raio de esperança depois de uma horrível e impiedosa tempestade, no modo como as coisas passam, e os momentos de crise, finalmente, vão embora, graças à força de vontade do indivíduo – querer estar bem é o primeiro passo para estar bem. É uma luz retilínea, da retidão dos espíritos éticos e honestos, dignos de respeito, ao contrário da Serpente da Malícia, que é esmagada pelos alvos pés de Nossa Senhora – o Mal está fadado à destruição, pois se há algo descartável, este algo é uma maldade, na preciosidade do gesto honesto, cheio de Amor e Respeito, pois amar o próximo é nunca querer enganar este. Esta retidão é o pensamento racional, imune a malícias, como num antivírus de computador. Aqui, há um contraste cromático entre amarelo e azul, no calor se encontrando com o frio, trazendo equilíbrio, numa temperatura amena, na sensação gloriosa de entrar em um shopping refrigerado em um tórrido dia de Verão, ou como tomar um copo d’água depois de comer algo muito salgado. Esta luz são os raios de Maria abençoando seus filhos na Terra, no modo como os vínculos de família não se dissolvem com o Desencarne, e, lá no Céu, há pessoas que nos amam muito e cuidam de nós de lá, na perfeição das tramas da Divina Providência, no modo como cada um de nós tem um Anjo da Guarda, até mesmo as almas mais problemáticas, como mendigos que se arrastam pelas ruas, no modo como ninguém está sozinho, pois Tao nunca abandona seus filhos; se abandonasse, não seria Tao em sua majestade – há um Mundo melhor para todos, numa luz que nos envolve, nunca nos ferindo; sempre acariciando. Vemos a forma de um til, nas particularidades da Língua Portuguesa, num Ramón que nasceu e cresceu falando em Espanhol, tendo que se adaptar ao idioma do país que o artista escolher como novo lar, num processo de adaptação, como conversei hoje, em Português, com um malasiano que mora há anos no Brasil. Aqui, o azul é o termo em Inglês “blue”, ou seja, triste, mas não uma tristeza depressiva, mas um clima introspectivo, em que a pessoa recolhe a si mesma e desfruta de um momento (necessário e saudável) de solitude. Então, essa tristeza recebe a cor dourada da alegria, na alegria de conversar com velhos amigos, de reencontrar entes queridos, na alegria de reencontrar pessoas há muito desencarnadas. Aqui é uma janela para uma aurora, nas memórias que tenho de quando eu morava com minha família em uma casa em Caxias do Sul, e um dos quartos era frente Leste, e eu podia apreciar os raios de alvorada, tomando o Mundo de dourado. É renascer em outra dimensão, acordando em uma cama com lençóis suavemente perfumados, numa cena digna de revista de Decoração, na beleza de uma região serrana, elevada. Esta luz é um socorro, um alento, uma promessa, um contentamento, no modo como ser feliz é contentar-se, sendo o descontentamento a raiz para o inferno astral. Então, os morros da Serra Gaúcha, com suas araucárias cheias de pinhão, amanhecem para uma Festa da Uva, na beleza da soberana, a Grande Rainha que nos aguarda nas terras abençoadas da Terra do Pensamento, um lugar onde reina a Simplicidade, a Alegria e, acima de tudo, o Contentamento. Abrace!

Referência bibliográfica:
Ramón Cáceres. Disponível em <www.inngallery.com.br>. Acesso 14 nov. 2018.

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