Ramón Cáceres nasceu no
Paraguai, onde estudou Arte. Após isso, fixou residência no Brasil, onde construiu
carreira. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa
leitura!
Acima, sem título. Aqui,
temos um Mondrian ondulante, como uma bandeira tremulando. À esquerda, um
grande retângulo negro, como uma lousa de escola, num professor empenhado em
transmitir conhecimento, com uma certa frustração, pois a esmagadora maioria
dos alunos, quando não todos, estão desinteressados, sendo poucos os alunos que
dão orgulho ao professor, como na hierarquia espiritual, onde os de mais fé
regem os de menos fé, havendo no sociopata uma fé irrisória, quiçá inexistente.
Na Vida não há certezas, mas há quem tenha fé, num grande desafio espiritual,
na eterna dificuldade humana em entender o Infinito, o qual é a prova do poder
absoluto de Tao, o intermitente, o laborioso, o criativo, o ativo. Este
retângulo negro é uma janela para o nada, na perda de noção de espaço e de
tempo, uma perda que permeia o Umbral, numa pessoa que se perde nos labirintos
do Narcisismo. Separando o negror do resto do quadro, um filete branco, numa
espécie de antídoto, na certeza de uma pessoa que se encontrou, numa pessoa que
está contente com a Vida, contente com o lugar onde mora, sem querer estar em
outro lugar, pois querer estar em outro lugar tira a Paz da pessoa, e um
inferno astral se instala – é o Descontentamento. Após este filete apaziguador,
um belo vitral colorido, colorindo o interior de templos, trazendo consolo a
corações casados de tanta frustração, sendo esta um antídoto, pois aquele que
se desilude fica mais próximo do contentamento de Tao, como água, que habita os
lugares mais inferiores, precisando aceitar onde está, como no passe em centros
espíritas, nos quais a pessoa que leva o passe tem que estar com as mãos
posicionadas para cima, abraçando o que Tao lhe coloca nas mãos – é uma
sensação reconfortante a autoaceitação, num embate que tem que ocorrer dentro
da pessoa, e não fora, como o erro de uma pessoa em querer fugir da Vida,
mudando-se de lugar para lugar, pois os carmas são inevitáveis, e simplesmente
perseguem a pessoa, aonde quer que esta vá. O grande vão em branco é a areia
branca de praias metafísicas, paradisíacas, pois nada de errado em se sentir
prazer, como há pessoas que simplesmente não se permitem ter prazer, nos
adoráveis pecadinhos da Gula e da Luxúria, entre outros, como uma preguicinha
na cama... Estas delgadas ondas negras fluem alegremente, como azulejos em uma
piscina, numa doce tarde de verão, recebendo amigos em um churrasco em torno da
piscina, brindando os bons momentos, como hoje, quando me deparei com uma velha
amiga no supermercado, e colocamos a conversa em dia – é sempre bom falar com
amigões, pessoas que o tempo não leva para longe de nós. No cantinho azul, como
um Céu de Brigadeiro, a assinatura do artista, que assina somente “Ramón”, numa
busca por simplicidade, como uma amiga minha artista plástica, que me
presenteou com obras suas. Esse ínfimo cantinho azul é a promessa dos céus
metafísicos, numa cor intensa e cheia de Vida, na energia de trabalho e prazer
que existe plena no Céu. Temos um cantinho em vermelho, no pecado da Luxúria,
na bobagem de acreditar que há como desvencilhar o Ser Humano da Sexualidade deste.
É um saboroso morango, doce, suculento, recém tirado do pé, nos pequenos e
simples prazeres da Vida, como respirar fundo e encher os pulmões de ar puro,
observado nuvens de algodão no Céu. Vemos um cantinho dourado, na glória dos
espíritos que cumprem sua missão na Terra e voltam vitoriosos ao Lar, recebidos
como queridos heróis, na eterna inclinação humana em projetar poderes mágicos
no Ouro e em outros materiais preciosos – é apenas uma projeção. O restante do
quadro é de um azul bem discreto, mortificado, na necessidade de Discrição,
pois Tao é a Infindável Discrição, sempre agindo invisivelmente nos bastidores,
sempre subestimado, sempre por trás das cortinas, numa pessoa que odeia
aparecer, sendo o oposto do showman, do homem exibidão que não é, de fato,
respeitado.
Acima, sem título. Um quadro
que, apesar de alegre, tem um fundo negro e sisudo, discreto, na ideal
combinação entre dever e prazer – ambos devem existir na vida da pessoa, ao
contrário de um workaholic, que não
vive; só trabalha. Ao contrário também do bon
vivant, que não produz, e tudo o que produz são fezes na privada. Aqui é
como um prisma negro, no modo como eu, quando criança, fascinava-me com as
cores dos lustres de cristal do Clube Juvenil, em Porto Alegre. Estas
ondas são plácidas, e não tsunâmicas, e trazem o prazer de uma orla metafísica,
de temperatura amena e agradável, ao contrário das vicissitudes materiais, com
extremos meteorológicos, como calor ou frio intensos, no inevitável
desequilíbrio da Encarnação. Podemos ouvir o som agradável de ondas requebrando
delicadamente, num mar doce, com gosto de baunilha, num vinho delicioso, perfumado,
frutado. A onda mais inferior, em tom de magenta traz um perfume feminino,
sedutor, num aroma irresistível, assim como é irresistível um espírito superior
em Fé. Aqui,
temos uma implícita hierarquia das cores, como numa pirâmide, abrangendo todas
as classes sociais, nos abismos sociais que o Ser Humano sabe muito bem
produzir, numa Terra cheia de desigualdades e vãos, com um bilhão de pessoas
que vive na miséria, mal tendo o que comer, o que vestir, onde morar, no modo
como a Dimensão Metafísica rechaça tais desigualdades, destruindo as pirâmides
pontiagudas e colocando todos os filhos no mesmo útero, na metáfora da
Imaculada Conceição, projetando em Nossa Senhora a dimensão acima, um mundo (muito)
melhor, pois desprovido das ambições materiais humanas, pois, como diz Tao, a
Ambição é inimiga da Paz, e se eu estou o tempo todo querendo coisas, não terei
sossego, no modo como é altamente necessário o contentamento, no fato de que a
Vida na Terra está longe de ser perfeita – é assim mesmo. As ondas em tons
amarelados, pardo e laranja trazem a luz do Sol, o astro-pai, a gigantesca
pérola incandescente que alimenta toda uma família, no modo como cada um de nós
é um planeta em particular, com suas individualidades e curiosidades, mas todos
girando em torno da mesma barriga, planetas-filhos sempre com algo em comum,
apesar de estarem preservadas as sagradas individualidades. É um calçadão de
Ipanema, só que colorido, curvando-se perante as ondas naturais na orla, na
tentativa humana em compreender e reproduzir as forças naturais, num Ser Humano
que, no passado, achava que as forças naturais eram deuses. Há uma onda
verde-água, num paraíso caribenho, cópia fiel do Éden, mas apenas uma cópia,
como flores artificiais – o que Tao faz, o Homem não faz tão bem. Essas ondas
excedem o quadro, no enigma permanente da Eternidade, pois é difícil (ou
impossível) ao Ser Humano compreender que sua alma, seu self, jamais encontrará final, pois, do contrário, sem Eternidade,
a Vida não teria sentido algum, como diz a lógica espírita, a qual julga ser
natural o Eterno, e sem sentido o Finito. São ondas de rádio, alimentando
aparelhos do Oiapoque ao Chuí, no grande passo tecnológico que foi a invenção
do Rádio, como hoje são as ondas globais da Internet, no intermitente galgar
das tecnologias, num Ser Humano incessantemente se aprimorando, fazendo
metáfora com a Evolução Moral da Humanidade, o grande sentido da Vida na Terra.
Aqui, os momentos de alegria sofrem interrupções negras, como o fim de semana
divertido após uma semana inteira de trabalho, como na atriz Jodie Foster, que
disse que obriga a si mesma a NÃO trabalhar nos finais de semana, pois como diz
o versinho em O Iluminado: “Muito
trabalho e pouca diversão fazem de Jack um bobão”. É como uma grelha quente,
esperando pela carne, num fogo multicolorido, como um saquinho da guloseima
Confete, com pastilhas coloridas recheadas de chocolate, no modo como há, na
Dimensão Metafísica, doces deliciosos para serem degustados, ou seja, não devemos
temer o pecadinho da Gula! Aqui, são cabelos ondulados ao vento, numa Gisele
cujo cabelo se tornou avassaladora moda mundial. São fios de Miojo, de
macarrão, feitos pela generosa nonna, a Grande Mãezona.
Acima, sem título. Uma
declaração de Amor ao Brasil, especialmente ao Estado de São Paulo, terra que
Ramón elegeu para se radicar, como um filho adotivo. Aqui, a bandeira tremula,
em doce liquidiscência, como uma bandeira reinando em um dia de Céu de
Brigadeiro, num Brasil tão vasto, num estado tão rico e industrializado, numa
urbe vibrante, repleta de Vida Cultural. Aqui, há o sedutor contraste entre
claro e escuro, como nas cores de um farol, com a missão de guiar marinheiros,
no modo como a Missão da Arte é inspirar tanto artistas quanto espectadores,
numa corrente retroalimentar, onde Arte alimenta mais Arte, numa reação em cadeia. Impondo-se
sobre a bandeira, um prisma, um triângulo transparente, trazendo contraste ao
contraste, ou seja, trazendo ainda mais destaque contrastante, convertendo
noite em dia e viceversa. É a Matéria Escura, o enigmático fluido invisível universal
que une o Cosmos, na infinidade de galáxias deste, numa vastidão que desafia a
pequenina Humanidade: Há mais estrelas no Universo do que grãos de areia em todas
as praias da Terra juntas – já nos demos conta de quantos grãos de areia existem
só na ilha de Florianópolis? E o artista tenta encontrar o seu lugar em um
lugar tão grande, fazendo da expressão um Norte numa bússola, no modo como as
estrelas guiam os astrônomos. A pontinha desta pirâmide de cristal é rubra,
como um rubi, coroando o topo de uma pirâmide social, na restrição de
privilégios, sendo estes reservados só aos níveis mais altos do corpo social,
numa sociedade excludente, que, assim como produz riqueza, produz miséria, no
modo como não há classe social na Dimensão Metafísica. Este cristal é como a
identidade visual do canal Globonews, identidade esta projetada atrás dos
âncoras apresentadores, dando um efeito de cristal mesmo, no fascínio de
objetos brilhantes, reproduzindo, de forma finita, a sofisticação infinita das
mansões metafísicas, cheias de escadarias majestosas, numa vida difícil de ser
imaginada aqui, na Terra. O pequeno mapa do Brasil é em azul anil, abençoando a
pátria de Norte a Sul, no sonho de ser, um dia, um país rico, com cidadãos
gozando de plena saúde e felicidade, na felicidade que recheia os que vivem em
uma dimensão superior. Um círculo branco envolve o mapa, como um ovo, no
mistério de trazer Vida ao Mundo, nos mistérios reprodutivos, no milagre da
Vida. É o ovo de galinha, sempre nutrindo com riqueza em proteínas, no sonho de
um mundo onde não haja fome nem desnutrição, no sofrimento de meninas
anoréxicas, que veem na comida um inimigo. Quatro estrelas douradas ladeiam o
mapa, como se fossem guardiãs da República, como quatro sentinelas,
representando os pontos cardeais, como as quatro estações do ano, envolvendo a
Terra em ciclos sensuais de aquecimento e resfriamento, na grande comédia que é
o fato de hemisférios terem o clima exatamente ao contrário um do outro. As
estrelas são as riquezas de uma São Paulo soberana, atraindo brasileiros de
outros cantos do país, brasileiros estes que têm o sonho de enriquecer em uma
terra próspera, encontrando na urbe um cenário duro, na dureza de qualquer
lugar sobre a face da Terra – o problema é o que o Ser Humano quer fugir da
Vida. Aqui, a bandeira está aquática, na deliciosa fluidez da sensação de
Liberdade e Paz que há na Experiência Extracorporal, quando o espírito, em um
corpo físico adormecido, sai temporariamente da carne e adquire experiências na
Dimensão Metafísica, muitas vezes se reencontrando com entes queridos já
desencarnados. Esta pirâmide retilínea, de linhas tensas e matemáticas, corta a
sensualidade destas listras aquosas, fazendo com que duro e mole sejam parte do
mesmo trabalho, ou seja, não existe só prazer no trabalho; há também
disciplina. É como a rotina disciplinada de um dia no quartel, havendo no
divertido personagem Recruta Zero um militar preguiçoso, sem muita disciplina,
na tendência humana à Preguiça, pois a Vida não é apenas sacrifício. A pontinha
vermelha deste triângulo é uma ponta de adaga, desbravando terrenos nunca antes
explorados, na busca por originalidade, num Freud desbravando a Psicanálise.
Acima, sem título. Escamas
brilhantes de um peixe vivo, vibrante, gozando de plena saúde. É um jogo
binário digno de Escher: “Onde está o vazado e onde está o saliente?”, ou seja,
“Onde está o positivo e onde está o negativo?”. Estamos tendo vista para um mar
verde-água ou para uma aurora dourada? Existe um jogo de encaixe, pois
triângulos de ponta para cima encaixam-se em triângulos com a ponta para baixo,
numa junção dos opostos que regem o Cosmos. O triângulo de ponta para baixo se
parece muito com a logomarca da empresa Vale, na qual uma letra V se insinua na
forma de um vale, num design digno de um publicitário de mão cheia, numa
profissão sempre em busca de sacações inteligentes. Aqui, podemos ver também losangos,
e cada um destes é formado por dois triângulos opostos encaixados, no modo
dialético no qual tudo traz em si a própria contradição. Então, esses losangos
cortam o quadro com alinhamentos retos, precisos, cortando o quadro de forma
oblíqua, como num estacionamento oblíquo, buscando conter o maior número possível
de carros estacionados, no modo como a Cultura Popular vai na capciosa
diagonal, ao contrário da Cultura Erudita, que vai de forma vertical, e também
ao contrário da Cultura de Massa, que vai na horizontal. Aqui, é como um
tabuleiro de xadrez, só que colorido e na diagonal, numa estampa de tecido, num
quebracabeça sem mistérios, com peças encaixadas de forma lógica. Os
alinhamentos aqui geram linhas invisíveis, no modo como Tao é invisível, pois é
feito de matéria, no modo como o Reino dos Céus, aclamado por Jesus, também é
invisível, pois é feito de pensamento, e não feito de matéria, pois ao olharmos
para cima, só vemos o Céu azul e nuvens, no esforço espírita para fazer
entender o que é a Dimensão Metafísica, o plano das ideias, numa dimensão
desprovida das vicissitudes materiais, como a fadiga, as doenças em geral e as
outras necessidades materiais, como comer, hidratar-se e proteger-se dos raios
nocivos do Sol – na dimensão acima, o Sol brilha majestosamente, mas não fere
as vistas. Lindo, não? Aqui, temos ouro digno de uma tumba de faraó, na
sensação mundial causada pela descoberta da tumba intacta de Tutancâmon, na
eterna tentativa humana em entender o que acontece quando chega o inevitável
fim do corpo físico, como diz Tao: “Se o seu corpo morrer, você não tem com o
que se preocupar”. A dúvida do pós-morte é universal. E este peixe brilhante
nada cheio de Vida, suculento, sendo pescado e assado, como um Gollum ávido,
devorando peixes crus, ainda vivos, no instinto selvagem da fome insaciável.
Aqui, temos contradição, pois há setas que apontam para cima e há setas que
apontam para baixo, num momento de escolha: Para onde vou? Então a escolha é
feita, e a pessoa tem que colher os frutos de tal escolha, num Ser Humano
iludido, que quer “estar” ao contrário de “ser”, quando que, as mudanças de
vida, acontecem dentro, e nunca fora do indivíduo. Este quadro, se visto de
muito longe, terá uma só cor, que é um tom esverdeado, fruto da junção entre azul
e amarelo, como se pudéssemos olhar bem de pertinho um material impresso
colorido, no qual podemos ver que, a cor vermelha é, na verdade, a junção entre
magenta e amarelo, numa grande contradição: se olharmos esta tela de Ramón de
perto, veremos qualquer cor, menos o verde. Se menos é mais, a pessoa precisa
desaparecer para aparecer, ou seja, andar para trás para avançar, ou seja, curvar-se
para reinar. É como uma placa de barro suméria, nos primeiros registros humanos
de Escrita, sendo esta o que tirou o Ser Humano da Pré-História. É como uma
torcida brasileira verde e amarela, nos momentos de Copa do Mundo, em que o
Brasil se une em torno de um só ideal, num raro momento de união,
confraternização e irmandade, sendo todos filhos do mesmo grande Brasil.
Quisera que sempre fosse assim no Brasil.
Acima, sem título. Um raio
de luz dourada aparece, como na Esperança da Luz, um espírito iluminado do
desenho animado She-Ra, na forma de
uma luz multicolorida, trazendo a esperança de um plano melhor, como no episódio
de Tom & Jerry, em que o gato vai ao Céu em uma escada rolante, subindo ao
encontro de aristocráticos céus iluminados e doces nuvens. É o modo como as
pirâmides são escadarias que levam ao alto, numa caminhada de depuração na qual
o indivíduo sofre uma provação de Fé, sendo forçado a nunca perder esta, pois o
Reino dos Céus só é acessível aos que creem em tal reino – é um teste para a
alma. Esta luz se deita sobre morros sensuais, como nas formas de uma mulher
bonita de corpo, como os exuberantes morros da cidade do Rio de Janeiro, numa
Natureza exuberante, exalando Vida, numa cidade muito sensual, num carioca
conectado às paisagens da Cidade Maravilhosa. É como um raio de esperança
depois de uma horrível e impiedosa tempestade, no modo como as coisas passam, e
os momentos de crise, finalmente, vão embora, graças à força de vontade do
indivíduo – querer estar bem é o primeiro passo para estar bem. É uma luz retilínea,
da retidão dos espíritos éticos e honestos, dignos de respeito, ao contrário da
Serpente da Malícia, que é esmagada pelos alvos pés de Nossa Senhora – o Mal
está fadado à destruição, pois se há algo descartável, este algo é uma maldade,
na preciosidade do gesto honesto, cheio de Amor e Respeito, pois amar o próximo
é nunca querer enganar este. Esta retidão é o pensamento racional, imune a
malícias, como num antivírus de computador. Aqui, há um contraste cromático
entre amarelo e azul, no calor se encontrando com o frio, trazendo equilíbrio,
numa temperatura amena, na sensação gloriosa de entrar em um shopping refrigerado
em um tórrido dia de Verão, ou como tomar um copo d’água depois de comer algo
muito salgado. Esta luz são os raios de Maria abençoando seus filhos na Terra,
no modo como os vínculos de família não se dissolvem com o Desencarne, e, lá no
Céu, há pessoas que nos amam muito e cuidam de nós de lá, na perfeição das
tramas da Divina Providência, no modo como cada um de nós tem um Anjo da
Guarda, até mesmo as almas mais problemáticas, como mendigos que se arrastam
pelas ruas, no modo como ninguém está sozinho, pois Tao nunca abandona seus
filhos; se abandonasse, não seria Tao em sua majestade – há um Mundo melhor
para todos, numa luz que nos envolve, nunca nos ferindo; sempre acariciando.
Vemos a forma de um til, nas particularidades da Língua Portuguesa, num Ramón que
nasceu e cresceu falando em Espanhol, tendo que se adaptar ao idioma do país
que o artista escolher como novo lar, num processo de adaptação, como conversei
hoje, em Português, com um malasiano que mora há anos no Brasil. Aqui, o azul é
o termo em Inglês “blue”, ou seja, triste, mas não uma tristeza depressiva, mas
um clima introspectivo, em que a pessoa recolhe a si mesma e desfruta de um
momento (necessário e saudável) de solitude. Então, essa tristeza recebe a cor
dourada da alegria, na alegria de conversar com velhos amigos, de reencontrar
entes queridos, na alegria de reencontrar pessoas há muito desencarnadas. Aqui
é uma janela para uma aurora, nas memórias que tenho de quando eu morava com
minha família em uma casa em Caxias do Sul, e um dos quartos era frente Leste, e
eu podia apreciar os raios de alvorada, tomando o Mundo de dourado. É renascer
em outra dimensão, acordando em uma cama com lençóis suavemente perfumados,
numa cena digna de revista de Decoração, na beleza de uma região serrana,
elevada. Esta luz é um socorro, um alento, uma promessa, um contentamento, no
modo como ser feliz é contentar-se, sendo o descontentamento a raiz para o
inferno astral. Então, os morros da Serra Gaúcha, com suas araucárias cheias de
pinhão, amanhecem para uma Festa da Uva, na beleza da soberana, a Grande Rainha
que nos aguarda nas terras abençoadas da Terra do Pensamento, um lugar onde
reina a Simplicidade, a Alegria e, acima de tudo, o Contentamento. Abrace!
Referência bibliográfica:
Ramón Cáceres. Disponível
em <www.inngallery.com.br>. Acesso 14 nov. 2018.
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