quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Sem Morrer na Cruz



Com obras pertencentes a museus como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, o venezuelano Carlos Cruz-Diez está radicado em Paris. Chic! Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!


Acima, Fisicromía Doble Faz para Madrid, 1991. Uma cobra urbana, com clara inspiração em um viaduto, só que uma via que vai do nada a lugar nenhum, no enigma da mente artística, nas graças de um artista que é compreendido e valorizado. É como uma reação em cadeia de um jogo de dominó, e um simples empurrãozinho é capaz de causar comoção, numa pitada de agressividade, uma pitadinha de sal que faz toda a diferença, na relação entre causa e efeito, no termo “It’s all down hill”, ou seja “É tudo agora morro abaixo”, no termo “deixar rolar”, na sabedoria de quem dá este empurrãozinho mínimo, discreto, quase nulo, e acaba por causar um grande tsunami, como na obra de um artista que vi, e na obra raios de tempestade eram provocados por dispositivos metálicos, no termo “tremendão” da Jovem Guarda, sendo um artista, em todos os sentidos, uma força da Natureza. São como várias etapas em uma caminhada existencial, como num curso educacional, num aprendizado construído dia após dia, no modo como cada dia de Vida é uma batalha, uma luta, um esforço, na necessidade de se adquirir disciplina, como num balé, com bailarinas extremamente disciplinadas, com seus coques apertados, quase dolorosos, quiçá dolorosos, havendo no cabelo preso uma metáfora com a disciplina, como mulheres aristocráticas, ou aeromoças, arrumadas para um dia de luta. Esta obra de CCD é como uma obra abandonada de viaduto, talvez por falta de verba, talvez por um entrave jurídico, nas interrupções inevitáveis da Vida, num curso truncado, difícil, embargado. É a serpente da fertilidade, aquosa, como girinos n’água, no modo como a Vida luta para viver e sobreviver, como árvores competindo por um lugar ao Sol, na competitividade do Mundo dos Esportes, um plano desglamourizado, onde só há espaço para a fria Razão. Esta cobra vai se esgueirando em busca de alimento, e vai trocando sua pele, como um ator vai trocando de personagem, numa pessoa que vai virando as páginas e vai abraçando um novo dia. Esta cobra é formada por essa infinidade de cartuchos retangulares, na passagem do Tempo. Talvez tenhamos aqui um só cartucho, e a caminhada deste, como na construção de uma carreira, no cidadão que acorda e se depara com a necessidade de luta, rechaçando a preguicinha na hora de levantar, clamando o Superego. Esta obra é forte como concreto, firme como os fundamentos da Terra, com raízes que fincam fundo, dando estabilidade a esta “árvore”. São janelas que vislumbram o decorrer de uma vida, como Tao escreve certo por linhas tortas, no mistério da necessidade da pessoa passar por este ou aquele momento, na Divina Providência, sempre tecendo com perfeição o caminho de cada pessoa. É uma obra que, de certo modo, desafia a Gravidade, como o famoso e emblemático vão do MASP, no sonho de um arquiteto que sonha com prédios gigantescos e, ainda assim, leves, na arquitetura depuradíssima da Dimensão Metafísica, a Terra do Pensamento, a terra onde a Matéria e a Gravidade nada significam. Apesar de se sustentar por um pilar tão forte, esta obra é de uma aparência frágil, e parece que basta uma pequena borboleta pousando para que o caos destrutivo tome corpo. As coisas finas são assim: aparência fraca, efeito forte. Esta obra concorre com as demais estruturas numa cidade vibrante como Madrid, num CCD internacional, mostrando a universalidade da Arte. E esta salamandra vai se esgueirando, como se o ar fosse água; como se fosse uma cobra d’água, num surfista que se torna uma extensão d’água, fazendo o ar de Madrid parecer água. É como o chocalho no fim do rabo de uma cobra peçonhenta, e cada parte do chocalho corresponde a um momento de Vida, e quanto mais longo o chocalho, mais experiência de Vida, como na sabedoria de um homem de cabelos e barbas brancos. Esta obra é um político que já exerceu vários cargos públicos, sempre entendendo a necessidade de não parar de produzir.


Acima, Physichromie 1607, 2009. O retângulo alienígena de 2001- Uma Odisseia no Espaço, na prova de uma inteligência superior, no modo como um artista se sente um alienígena, um ser de outro mundo, tendo que encarar a encarnação na Terra e fazer-se compreender, no capital e grande desafio que é o autoencontro, na dor que assoberba o artista malcompreendido. Temos um CCD empenhado no enigma geométrico, num efeito que hipnotiza os olhos, as percepções do espectador. São como grades de uma prisão, no fato de que todo ser encarnado é um prisioneiro – pergunte a um prisioneiro se este gosta da prisão. Temos todo um tom cinzento metálico, como numa fábrica metalmecânica, num parque industrial arrojado, moderno, nas demandas econômicas de um país emergente como o Brasil. É uma esteira de fábrica, com os bens produzidos deslizando por esteiras, abastecendo mercados e gerando riquezas, no modo como o atelier do artista não deixa de ser uma fábrica, só que artesanal, como produzir Cinema no Brasil – o cineasta brasileiro é um artesão, sem o respaldo de uma estrutura industrial com as de Hollywood e Bollywood. Temos aqui um arcoíris discreto, de tons sisudos, como Elizabeth II, numa seriedade e numa sobriedade quase assustadora – o que faz esta monarca ser tão séria? O retângulo ao centro tem tons bordôs, de vinho, na sedução do açúcar da fruta se transformar em álcool, na universalidade da birita, como saquê, vodka, cachaça, rum etc. O artista quer embriagar o espectador, querendo causar comoção, rebuliço, uma desordem benéfica. Aqui, é como um prisma sutil, sóbrio, sem um carnaval de cores, numa proposta séria e, ao mesmo tempo, um tanto divertida, na tentativa de conciliar alegria infantil com seriedade adulta, no modo como a pessoa não pode perder para sempre o senso de humor, pois a Vida é repleta de ironias, de piadas tecidas por Tao, o Grande Piadista, o Rei dos Palhaços. O centro do retângulo tem um dourado discreto, fechado, como um tesouro que resiste em se expor, como na Coroa do Império Britânico, condenada a prisão perpétua, sem condições do adorno repleto de joias sair em público – a ladroagem não deve ser subestimada, e ser cuidadoso faz parte da autoestima da pessoa. Aqui não temos linhas orgânicas ou liquidiscentes; temos a dura construção técnica do espírito, num mundo obcecado em projetar espaços em linhas retas, seja por quadrados, seja por retângulos. Temos aqui uma simetria bem estável, clara, matemática, como um desenho simétrico de tapete, como os pontos cardeais, espraiando-se igualmente pelos quatro cantos da Terra, na eterna tentativa humana em impor Ordem ao Caos, no desafio da pessoa organizar a sua própria vida, ou colocar ordem numa casa com uma boa faxina, pois Tao é limpeza. Aqui, temos uma sensual persiana italiana, numa sedutora tarde de verão, de doces férias, na sedução da estação mais quente, longe da sisudez invernal, como na canção California Dreaming, na qual o inverno de folhas marrons e céus cinzentos é contrastado com o clima californiano, de temperaturas amenas e Céu de Brigadeiro. CCD se revela um mestre nos movimentos gráficos, dando um nó nos olhos do espectador. São como ramos de colheita sendo cuidadosamente acondicionados, organizados e catalogados, num escritório altamente organizado, na necessidade da pessoa ter que organizar a si mesma, encontrando um ponto centrado, um Norte, centrando a vida em um propósito sério e válido, pois pobre daquele que não se centra. É como um taquaral apolíneo, longe do caos natural da Fauna e da Flora, num Darwin empenhado em conhecer e catalogar espécies, buscando ver Ordem numa Natureza tão caótica, tão vasta e tão enigmática. O Ser Humano quer encontrar lógica na obra do Grande Arquiteto, fazendo da intervenção humana o fator decisivo para a Vida em Sociedade. Aqui, a alegria carnavalesca não está ceifada, mas colocada sob um certo e um mínimo controle, no modo como a Vida não é só festa, e pobre coitado do playboy, que nada produz e nada tem para ficar orgulhoso. Todos têm que produzir.


Acima, Primer Proyecto para um muro exterior, Caracas, 1954. Um Mondrian relido. Uma prateleira sui generis, com linhas retas alvoroçadas, como em uma divertida festa com várias cores mas, ao mesmo tempo, um predomínio dos traços negros e da superfície cinzenta, num CCD disposto a fazer um muro ao ar livre, impondo cores a um mundo tão cinzento, tão borocoxô, tão desanimadinho. As cores são a diversidade, no modo como o respeito mútuo deve ser estimulado e difundido, ao contrário de ditaduras, as quais não respeitam as individualidades, fazendo do cidadão um reles marionete, sempre manipulado por sistemas que pouco querem que o próprio cidadão seja feliz, como na artificial comoção na recente morte de um ditador – ao cidadão reprimido, vítima de um estado dissimulado, só resta mostrar emoções dissimuladas. Estas prateleiras não querem sustentar algo, pois já sustentam a percepção do espectador. É como se o muro fosse horizontal, e as pessoas tenham caído aleatoriamente sobre ele. Temos linhas retas e linhas tortas, mas nunca tortuosas. É o Messias sendo crucificado, pregado dolorosamente em uma cruz, exposto em uma humilhação pública, renascendo, séculos depois, em uma Europa farta de ser pagã. É como se estas peças estivessem parcialmente submersas em um tanque de líquido cinzento, e só podemos ver, acima do nível d’água, uma parte das estruturas, como um iceberg, escondendo a maior parte de si abaixo d’água, resguardando-se, nunca se revelando por completo, como se soubesse o valor da Discrição, como uma pessoa que faz erros e acertos, colocando os erros ocultos, escondidos abaixo d’água. É como um Pinóquio abaixo d’água, fazendo com que seu nariz mentiroso apenas se mostre parcialmente, num gesto de recato e vergonha, no valor do resguardo, como Tao diz que o showman, aquele que quer só aparecer, nunca é secretamente respeitado pelas pessoas. Aqui, são alternativas em uma prova de Vestibular, num jogo intrincado, feito para confundir a cabeça do vestibulando, em várias armadilhas e arapucas, como no termo das questões chamadas “pegarratão”, em que o indivíduo, metido a esperto, é comicamente ludibriado por mentes superiores. Temos aqui um labirinto, cuja função é confundir, no labirinto que é a cabeça daquela pessoa que ainda não se centrou na Vida, como uma mosca varejeira, que vai de lá para cá, ao sabor do vento, sem construir algo pertinente ou válido, como um saco plástico voando pela rua, sempre ao sabor da Vida, como um barco mal ancorado, sujeito às intempéries existenciais, como um piso de uma tábua solta, móvel, traiçoeira, fazendo com que a pessoa caminhante tropece e se machuque. É a sensação de despertencimento, numa dúvida persistente. Então, CCD pega um insosso muro cinzento, um muro tão comum e monótono, e o enche de temperos deliciosos, no modo como comi hoje uma bela rabanada. E as cores invadem uma cidade, buscando o embelezamento, ao contrário de uma cidade de muros pichados e canteiros malcuidados, nas feiúras corriqueiras das grandes cidades físicas – a Encarnação é assim mesmo, uma nuvem cinzenta, e a cada um de nós cabe fazer algo desse muro impessoal, na ilusão do vândalo pichador, o qual se considera um artista, um grande homem, mas não passa de uma pessoa equivocada, tendo dentro de si um certo ódio contra a Vida em Sociedade. Estas cores são um prisma sedutor, e estas tábuas parecem sacadas de um prédio de rica arquitetura, com formas desafiando a Lei da Gravidade, no modo do artista conseguir fazer perceber, de alguma forma, como é o Mundo das Ideias, a dimensão onde temos casa, comida e roupa lavada, só restando ao desencarnado buscar um trabalho, pois, como eu já disse nesta mesma postagem, todos temos que produzir de alguma forma. Vemos aqui algumas formas que lembram cruzes, no modo como li hoje o depoimento de um religioso, o qual se opõe a obras de Arte que combinam nudez com símbolos religiosos, no poder provocador da Arte, a irmã da Liberdade. E na ironia de que, dentro da transgressão, existe a caretice, tendo tudo em si a própria contradição. Sem stress, gente!


Acima, Projet pour Couleur Additive, 1959. Um painel de elevador indicando a depuração de uma dimensão acima, na trajetória de um artista que vai crescendo na carreira e vai crescendo como pessoa, como espírito, pois tudo é processo, e crescer é este processo. Temos em CCD um mestre em hipnotizar a percepção ótica de quem se depara com a obra, no modo como um Escher brinca também com o espectador, dando um nó na mesmice e na mediocridade, como no célebre professor Tatata Pimentel, pois este ignorava os alunos medíocres, chamando de “elite” somente alguns alunos que se destacavam na aula. Esta obra mostra o jogo de cores entremeadas, fornecendo novas cores, no fato de que, se observado de perto, podemos ver as linhas em separado, e temos o efeito de estampa, de listras; se observado de longe, não vemos listras, mas estampas lisas, no modo como, de longe, no frigir dos ovos, um tecido com listras pretas e brancas vira uma cor cinzenta. É algo matemático. As listras são símbolos de organização, de retidão, de elegância aristocrática, e rejeitam qualquer ideia de caos liquidiscente. As formas piramidais são um tanto universais, num Egito ou numa América Pré-colombiana erguendo estas formas tão simples, tão futuristas, num design tão depurado para uma época em que o Ser Humano mal tinha noções civilizatórias morais, em sociedades que praticavam os hoje inaceitáveis sacrifícios humanos. Quanto mais nos desapegamos, mais para o alto vamos, no desprendimento taoista, uma filosofia que prega a máxima da Elegância: Menos é mais, como na atitude revolucionária de uma Coco Chanel, que mudou para sempre os conceitos de feminilidade, como abolir o uso de joias em nome de bijuterias, pois, para Chanel, o que importa é o efeito. Uma persiana fazendo um jogo sexy entre mostrar e esconder, no termo que striptease que dizer “provocar com uma tira”, sendo sexy quando esconde e desinteressante quando revela, num eterno jogo de provocação, como um artista que sabe causar esse “it”, este charme na cabeça do espectador. Classe é sexy. Ao redor deste triângulo temos uma base negra, no modo como, a partir dos anos 90, a cor preta veio para ficar, tornando-se moda avassaladora, em looks um tanto monótonos, de uma pessoa que se veste só de preto, numa obviedade tediosa, do tipo “1 é igual a 1”. Mas aqui, com CCD, o preto cede em alguns lugares, compartilhando com tiras de outras cores, rechaçando a obviedade e estabelecendo um jogo interessante de harmonia cromática, numa festa que, apesar de adulta, é divertida, no modo como a pessoa não pode se permitir se tornar sisuda demais. Este triângulo sai do sexual e entra no sensual, no erotismo desprovido de sexualidade, no modo como sexy ser aquilo que não pode ser definido, como no primeiro momento do livro de Tao: “O Tao sobre o qual podemos falar não é o verdadeiro Tao”. Ou seja, é um jogo que provoca e nunca entrega. Este triângulo está sensualmente oculto e, ao mesmo tempo, revelado, como dentro de uma sauna a vapor, ou como numa penumbra, onde as formas estão um tanto despistadas, como acordar em um quarto envolto em penumbra, tendo muito sono, no momento do dia em que não é dia nem noite, mas uma luz do luar, a qual é nítida e, ao mesmo tempo, escondida. Este quadro parece girar, e as listras verdes são a Natureza, os majestosos trajes que árvores vestem em uma floresta, no fato de que, geralmente, o Ser Humano se deslumbra com palácios, mas ignora os campos. Como na tradição gauchesca, os campos têm que ser amados como parte verdadeira de um reino, no prazer de respirar ar puro e observar, ao longe, as formas geológicas de um lugar. Liberdade. Este quadro é uma noite em que amantes se encontram, fazendo amor sob o luar, na beira de praias de ondas doces requebrando. Este triângulo tem pontas um tanto agressivas, cortantes, ao contrário de mesas de vidro com as extremidades polidas. É o poder desbravador de mentes que buscam gentilmente transgredir velhos paradigmas, na coragem das mentes inventivas. Aqui, em perspectiva, temos um caminho dourado cercado por bosques, no acolhimento de uma sala de visitas com uma iluminação branda.


Acima, Transchromie, 1972. Um código de barras colorido, na tentativa de trazer alguma cor e alegria a um Mundo tão triste, miserável e embebido em ódio. São como degraus divertidos, que tocam música enquanto são pisados. É como o joguinho de palitos coloridos, no modo como o jogador tem que ter sutileza e cuidado para, ao retirar um palito, nunca fazer os outros palitos se mexer. É como uma bandeja de banheiro cheia de frascos coloridos, perfumados, num prisma explodindo, como uma bomba atômica benéfica, artística, na ambição de os artistas serem essas bombas de comoção, mexendo profundamente com a cabeça do espectador. Esta obra foi concebida em uma época em que as cores estavam muito em voga, vibrantes, como grafites coloridos em uma São Paulo tão cinzenta, tão de negócios, tão down. São como um saco de canudos multicoloridos, no ambiente mágico das lanchonetes, as quais se parecem com os lugares de encontro social da Dimensão Metafísica, cheios de gente bonita e agradável, cheios de luz e beleza, elegância de espíritos de alta depuração moral, de fé em algo maior, de fé em algo que rege todas as dimensões do Universo. É como se cada filete representasse um dia, sendo que a pessoa, conforme o dia, sente-se assim ou assado, como no se vestir de uma mulher que, em certos dias, sente-se feminina e veste-se com Chanel; em outros dias, sente-se masculina e veste-se como um menino, com um boné de baseball. É uma explosão de diversidade, com as cores respeitando o espaço umas das outras, como numa empresa harmônica e funcional, num ambiente de respeito às inevitáveis diferenças. É um buffet de opções, como nos atores estelares, que podem se dar ao luxo de escolher quais papéis desempenharão, numa bolha de privilégios, exclusiva, quando que o ator comum tem que dar graças a Deus quando um papel cai nas mãos daquele. Do mesmo modo como em um célebre artista plástico, o qual recebe inúmeras propostas, podendo se dar ao luxo da escolha excludente. Aqui, é uma cortina colorida, e a luz exterior atravessa o pano e dá o efeito de vitral de igreja, no brinquedo tradicional de caleidoscópio, como na roseta de Elizabeth I, a Mãe de todo o seu povo, numa noiva de vestido deslumbrante. Estas barras parecem se entrecruzar, brincando de ocupar o espaço umas das outras, como num grande baile. É uma gaita produzindo Música, no fato de que as Artes estão umas dentro das outras, podendo haver em um cineasta um artista plástico. Aqui é uma boca sorrindo, mostrando todos os seus dentes multicoloridos, num sorriso irresistível, aberto e simpático, no dom que as pessoas simpáticas têm em abrir seus próprios corações para o Mundo, havendo na pessoa antipática uma dificuldade de interação social. Aqui, CCD manifesta sua alegria em meio à dura realidade da Vida, num artista nunca se permitindo ser empedernido ou brutalizado. São vários tubos de ensaio em um laboratório químico. São várias colunas em um templo, sustentando com força, fazendo da alegria do dia a dia um combustível para que a jornada se mostre leve e agradável, pois o Mal é desagradável, ou seja, estressar-se em demasia é mau. É um baralho de cartas, como num jogo de tarô, num painel mágico de magia em que a Vida é desnudada e decodificada. São asas de uma grande águia majestosa, numa borboleta bela e colorida, como na lembrança que tenho de coloridas flores de lantana sendo polinizadas por muitas borboletas primaveris. É a festa da Vida, como planetas coloridos girando em torno do mesmo astropai. É um DNA decodificado, revelando segredos, numa Humanidade que tenta conciliar avanço científico com avanço ético e moral. Temos aqui a Diversidade, num mundo de tantas etnias e nacionalidades, no grande desafio de se estabelecer paz e entendimento em um Mundo tão aguerrido, tão instável, quando tudo de que precisamos é ver o outro como um igual. As pessoas são diferentes umas das outras – é a questão da Individualidade, pois Tao não faz dois espíritos iguais, como num ator genial, que constrói uma heterogênea galeria de personagens.

Referências bibliográficas:
Carlos Cruz-Diez. Disponível em <www.raquelarnaud.com.br>. Acesso 21 nov. 2018.
Work. Disponível em <www.cruz-diez.com>. Acesso 21 nov. 2018.

Nenhum comentário:

Postar um comentário