quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Tozzi Total



O pintor Claudio Tozzi, além de artista plástico, foi arquiteto e até se aventurou como cineasta. Boa parte de sua obra namorou com a Pop Art, como você vai ver nesta postagem. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!


Acima, Astronauta. Cientistas alavancados à condição de celebridades – é o mundo cor de rosa da Pop Art, num caso de amor com a Cultura de Massa, um fenômeno típico do Século XX. Ao fundo, luzes, como em um camarim, nas luzes dos fotógrafos paparazzi, sempre em busca de grandes furos de reportagem, na natureza descartável dos veículos de massa, como revistas de fofocas, um mundinho à parte, um submundo, um subconjunto, à disposição para leitura em salões de beleza, por exemplo. As luzes são a máxima exposição, numa celebridade exaustivamente exposta na Mídia, num mundo em que todos querem aparecer; todos querem ser monstros midiáticos. A ida do Homem à Lua causa comoção global, e a Humanidade fica alarmada com sua própria tecnologia. O astronauta ergue a mão para saudar o Mundo, estando indo para a Lua ou voltando desta, num regresso triunfante, como num filho que desencarna e regressa ao Lar, sendo recebido com muito carinho, nas luzes do esclarecimento, a vocação científica que faz o Ser Humano partir em busca de incessante conhecimento, nas luzes em um grande show, com o artista sendo exposto ao máximo no palco, como um astro que brilha tanto que mal podemos encará-lo diretamente. A falta de gravidade faz metáfora com o bem estar da plenitude espiritual, como boiar nas confortáveis águas quentinhas do Útero Maior, o receptáculo ao qual todos pertencemos. Aqui, o astronauta sorri suavemente, enfrentando todas as dificuldades de sair da Terra e voltar para a mesma. Até onde o Ser Humano quer chegar? Realmente, o Universo é vasto, e o Ser Humano pouco significa em um organismo tão amplo. A Arte é esta tentativa de expressão, numa pessoa querendo conquistar o seu espaço no Mundo, na ânsia por expressão, por adquirir relevância, nos louros de glória em torno de uma pessoa completamente reconhecida e respeitada. É o reinado do sábio. Ciência e Arte andam juntas, apesar de parecerem ser tão diferentes, e ambas são intenções humanas de elevação e progresso – a Humanidade é ainda muito jovem. O capacete é a proteção, o resguardo, numa pessoa que ama a si mesma ao ponto de se proteger de eventuais danos e feridas, no modo como a pessoa tem que desenvolver uma certa armadura psíquica, mas tomar cuidado par anão se tornar uma pessoa amarga e empedernida. Como me disse uma psicoterapeuta, é necessário o desenvolvimento de uma certa agressividade, mas nunca em excesso, pois qualquer coisa em excesso é prejudicial. Neste quadro, temos o aspecto da Pop Art em trabalhar com cores primárias e, ainda assim, é um quadro cromaticamente rico. O astronauta é pálido como a neve, como na alva pele da lendária Elizabeth I, a Rainha Virgem, numa poderosa metáfora, prometendo um mundo melhor e mais elevado, onde todos somos virgens, ou seja, todos somos desprovidos de carne, de sexo e de sexualidade, numa inocência infantil. Por outro lado, a pessoa encarnada tem que aceitar a sua própria natureza carnal, pois reprimir a carne não é saudável, bem pelo contrário – curva-te e reinarás, ou seja, aceitar é mais fácil e mais sábio. É uma questão de equilíbrio. As cinco lâmpadas iluminadoras são os cinco sentidos, os canais pelos quais o Ser Humano percebe o Mundo à sua volta, na experiência sensorial do Sexo, na busca por prazer, todo tipo de prazer, combatendo o sentimento de culpa – nada errado em ter prazer. Aqui, a cor preta tem um papel decisivo, delineador, e os traços faciais do astronauta são revelados de forma simples e sucinta, no poder da Simplicidade, uma lição que todo Ser Humano tem que aprender. O céu azul ao fundo é a ironia de que, vista do espaço, a Terra é uma esfera azulada, num astronauta que, ao chegar na Lua e observar a Terra ao longe, disse: “Deus existe”. E não é o Cosmos um grande enigma? A Ciência é uma modesta tentativa cognitiva, muito modesta. Como Tao criou tudo? O capacete dourado é a glória, como num personagem do seriado The Big Bang Theory, personagem que ficava o tempo todo se gabando por ter ido ao espaço.


Acima, Astronauta. Aqui, temos uma variedade cromática mais comedida, com apenas três cores. O capacete faz metáfora com as grandes cabeças pensantes, como os ufologistas afirmam ser grandes as cabeças de alienígenas, comportando cérebros mais complexos e avançados do que os cérebros humanos, como no costume do Antigo Egito em deformar a cabeça de crianças, fazendo com que estas crescessem desenvolvendo crânios mais alongados. É o avantajamento de grandes mentes, caixas cranianas que comportam sabedoria e sofisticação. É como uma lâmpada sendo acesa, na incandescência de grandes ideias, de grandes conceitos, no modo como a Evolução tratou de aumentar o cérebro do Ser Humano, numa escalada evolutiva de aprimoramento, num grande enigma: Nós, aqui na Terra, obtivemos, em algum ponto do passado, auxílio de inteligências extraterrenas? Aqui, o cosmonauta está de perfil, como no perfil da rainha da Inglaterra em moedas que circulam pelo reino, no modo como o dinheiro é uma forma tosca de se representar a cornucópia metafísica, com suas mansões estonteantes e escadarias majestosas – o que nos espera, afinal? É um mistério que o Espiritismo tenta desvendar. É como a coroa de Nefertiti, no famoso busto dela, um adorno que faz com que a cabeça da pessoa pareça ter proporções gigantescas, numa mente grande o bastante para guiar e governar aqueles desprivilegiados que possuem mentes menores e inferiores, numa forte noção hierárquica. E a Humanidade não está, dia a dia, evoluindo e resolvendo enigmas que antes eram indesvendáveis ao Ser Humano? O astronauta sorri suavemente, como o faz Nefertiti, numa alegria contida, polida, moderada, amena, sem excessos de euforia vulgar, de euforia “do povo”. É como o brando sorriso do Kouros de Nova York, no Met, na tentativa eterna do Ser Humano em descobrir o que é a Felicidades dos justos, dos sábios. É uma questão de suavidade e sutileza, rechaçando a vulgaridade do desequilíbrio, trazendo noções civilizatórias. O capacete é como um cabelo impecavelmente aprumado, com gel que não deixa escapar cada fiozinho, como numa pessoa se preparando para ir a uma festa, evento social em que a pessoa tem que se aprumar e aparecer no auge de sua aparência, como numa cerimônia do Oscar, na qual vi uma (respeitada) atriz pouco aprumada, como se estivesse em uma mera reunião de condomínio... A aprumação é uma questão de autoestima, de Amor. Aqui, o nariz do astronauta é saliente, agressivo, proeminente, no modo como um narigão pode ser charmoso. É o ímpeto desbravador do Ser Humano, numa sociedade que ainda não desenvolveu tecnologia para ir além da Lua, relegando os sonhos de exploração a mera especulação de Ficção Científica, no modo como o Cinema faz com que o Ser Humano sonhe, no poder libertador da Arte. O semblante do astronauta é plácido, satisfeito em poder pisar na Lua e entrar para a História, como vi em um filme antigo, no qual o astronauta decolava em um foguete e, cortando a cena, logo depois, uma mulher, sua esposa, está no conforto de sua casa, pegando uma xícara para tomar o café da manhã. Um contraste enorme entre glória e aconchego, e estes andam juntos, pois quem tem simplicidade vai longe. Eu quero estar ali tomando meu café em paz, no aconchego de meu lar! Mas as ambições humanas sempre tratam de aniquilar a gostosura do aconchego, e só é feliz quem se encontrar dentro de si, e não fora de si. Não estou falando mal da exploração cósmica; só estou dizendo que a pessoa tem que ser, dentro de si, mais pacata e simples. A forma redonda do capacete é como o Globo Terrestre inteiro acompanhou o Homem na Lua, numa comoção semelhante aos atentados de 11 de Setembro, numa grande exposição midiática, namorando com a vocação da Pop Art em explodir como uma supernova midiática mundial, no modo como há artistas que simplesmente amam aparecer, quando que um ator, por exemplo, já está inevitavelmente exposto, e exposições excessivas não são interessantes.


Acima, Astronauta. Uma semelhança com o presidente eleito Jair Bolsonaro, nos apelos que o eleitor faz na urna. As eleições são carnificinas, como concursos de beleza, nos quais a maioria dos concorrentes sai frustrada. O capacete é perfeitamente redondo, como uma bola de futebol, no modo como um país pára para assistir a uma partida mundial, num Brasil que, de quatro em quatro anos, esquece suas diferenças e une-se em torno de um só ideal – levar a taça. São momentos raros de integração social, e todos esquecemos, momentaneamente, do que nos faz diferentes uns dos outros, como na igualdade da urna eleitoral. Neste quadro, voltamos a ver as luzes de flashes de fotógrafos, como num Pelé, eternamente homenageado, num Brasil ainda tão racista, num ídolo que faz com que o público se esqueça de tal racismo – é a virtude do líder, estando este na capacidade de unir o corpo social. Um foguete incendiário se eleva e decola, num puro formato fálico, numa nação poderosa, fálica, que expõe ao Mundo a capacidade de levar o Homem ao Espaço, simbolizando dinheiro e poder, sendo estes coisas inacessíveis a nações mais pobres. É como o falo do Código de Hamurabi, numa caneta, no poder do avanço tecnológico, como uma faca, pronta para agredir e abrir novos tempos, pronta para “furar” o Cosmos e desbravar este. O foguete penetra no espaço, na escuridão fria do Cosmos, um ambiente tão inóspito, tão hostil à Vida, num Ser Humano eternamente explorando a possibilidade de Vida fora da Terra, numa Ciência que ainda engatinha. Neste quadro, Claudio Tozzi sai um pouco das cores primárias e traz outras cores, “desvirtuando” o costume cromático tradicional da Pop Art. O fogo que sai do foguete é a luz do Conhecimento, queimando velhas barreiras e trazendo novas noções civilizatórias, carbornizando superstições e esclarecendo dúvidas, no poderoso paradigma científico, pois não diz em nossa bandeira que devemos viver em Ordem e Progresso? A roupa azulada do astronauta é o Mar, os Oceanos, a Mãe Aquática que gerou a Vida na Terra, no mito belo de uma Iemanjá, a Provedora que enche redes de pesca com fartos peixes, na busca humana por uma cornucópia, pois não disse Jesus que na Dimensão Metafísica há Vida, muita Vida? É a tentativa humana em compreender o Imaterial. O astronauta sorri satisfeito com seus próprios feitos, tendo a certeza de que jamais será esquecido, saudando a Humanidade com o otimismo do avanço. Ao lado do foguete, um arranhacéu, símbolo da riqueza e do desenvolvimento dos EUA, nação poderosa que se tornou o “xerife” do Mundo, sempre buscando detectar a construção de armas nucleares por parte de outras nações rivais, como uma Coreia do Norte. É uma questão de (forte) hierarquia, no modo como os impérios humanos são volúveis e, do mesmo modo que ascendem, caem, como, por exemplo, o Antigo Egito. O arranhacéu é a vitória do desenho inteligente; a vitória de uma ordenada Vida em Sociedade, proporcionando pesquisa, muita pesquisa, ao ponto de nos levar ao Espaço. Vivemos num Mundo em que Ciência e Poder andam juntos. Neste quadro, várias bolinhas amarelas, que são moedas de ouro, num país com muito dinheiro, produzindo uma cornucópia ao seu cidadão, num país que se torna muito atraente a pessoas de países mais pobres e mais instáveis politicamente, num Trump arredio, desejoso de barrar tais ondas imigratórias que buscam penetrar nos EUA. O Homem na Lua foi um momento em que a Humanidade se propôs sonhar por meio de tal empreitada ousada, num Mundo que pensou que, dali a poucas décadas depois, o Homem já estaria gozando de incríveis espaçonaves. Desse modo, o Ser Humano, ao chegar em Marte, adquirirá o status de alienígena. Portanto, não devemos rechaçar completamente a possibilidade de existência de Vida Extraterrestre. O capacete rubro simboliza uma inteligência brilhante, pulsante, em cientistas que, antes de mais nada, são sonhadores, sempre querendo ver mais, como num salto tecnológico que foi o supertelescópio Hubble, e quanto mais descobrimos, mais ignorantes nos sentimos, ao ponto de estarmos cercados por uma infinidade de galáxias.


Acima, Sem título. A intervenção humana em obras de Deus, como um implante dentário, no fato de que, como Tao fez, o Homem não faz igual. É como um sistema opressor, apunhalando a Liberdade de Pensamento, no sentido de que, nesses sistemas, o bom cidadão é o cidadão que não pensa e não contesta, como na despolitização da Jovem Guarda no Brasil, um movimento que, nem de longe, ousava transgredir a Ordem Militar da época. O cérebro é um enigma para os cientistas, numa ironia – cérebro querendo desvendar o cérebro. A mente é um labirinto cheio de meandros, no modo como o cérebro de Albert Einstein foi estudado para se saber o porquê de tanta inteligência. É como na comparação entre um cérebro saudável e um cérebro com Alzheimer, sendo este com aspecto enegrecido, necrosado por uma doença degenerativa. O poderoso parafuso corta este órgão de ponta a ponta, impiedosamente, e o fundo escarlate é o sangue sendo exaustivamente pesquisado empiricamente pela Ciência, na tentativa de desvendar, por exemplo, as causas da Depressão, uma doença que faz com que a pessoa se sinta assombrada por fantasmas em plena luz do dia. O vermelho é intenso, como se o cérebro estivesse sangrando em meio a esta agressão. É a imposição da Razão, do pensamento “clean”, direto, objetivo, numa fria equação matemática desvendando mistérios e trazendo o esclarecimento, na luz que deve ser jogada sobre a existência. É como nos cérebros de aliens marcianos no filme cômico Marte Ataca, seres com cérebros descomunais, como se fossem uma lâmpada incandescente, como um Sol brilhando em meio a um sistema planetário, no modo como as grandes mentes acabam por reger o resto da Humanidade, sendo esta não tão brilhante, numa hierarquia espiritual – os mais depurados, que são minoria, regem os menos evoluídos. É o termo “espetada” da Psicoterapia, quando o terapeuta enche o paciente de alfinetadas, a fim de que o paciente se esclareça e conheça-se melhor. É como um boneco de vodu, numa descarga de consciência, como num desabafo, numa pessoa farta de ser importunada por alguém de difícil trato, como fiz certa vez um boneco de vodu da pessoa que dirigia o colégio em que eu estudava, e peguei agulhas de tricô para espetar o boneco! É uma sensação de alívio, e a pessoa se sente como num descarrego, um cocô muito bem feito, limpando as tripas por dentro. As linhas negras que delineiam este cérebro são como complexos córregos pantanais, num ecossistema úmido, cheio de anfíbios e peixes, num labirinto ecológico, como se fosse uma prisão, como no hotel enclausurado de O Iluminado. Este titânico parafuso é uma abreviação, um atalho, nas ideias racionais que cortam extensões e estabelecem-se objetivas, práticas, fáceis. É também uma cena de estupro, de violação, no modo como a Arte tem que “estuprar” a mente do espectador. É uma agressão, no modo como é inevitável a universalidade das sociedades patriarcais, na mulher sempre sendo vista como o quase-bom, ou seja, Eva gerada de Adão, sendo este a obraprima do Criador. É o avanço da Era Industrial, numa Inglaterra rica e poderosa, sempre à frente do resto do Mundo, numa atitude colonizadora, sempre querendo trazer a luz do progresso a sociedades “selvagens”. Este cérebro é como uma noz, alimentando animais herbívoros, no avanço das pessoas veganas, como num convento sobre o qual li, um lugar onde o alimento das freiras era exclusivamente vegano, fruto da horta cultivada na instituição, no modo como as freiras não estão nem aí para os padres, e viceversa. É o modo humano de organizar o caos primordial do Cosmos, separando Yin de Yang. Este parafuso fincou muito fundo, como a carne sendo espetada na churrasqueira, como no filme Os Sete Suspeitos, em que o prato principal do jantar era um prato chinês: cérebro de macaco! O parafuso continua rodando como uma máquina industrial, constituindo uma sociedade de consumo, uma realidade na qual a pessoa nunca está contente com o que tem, pois, diz Tao, se você acha que não tem o suficiente, então você NUNCA terá o suficiente.


Acima, Parafuso. Aqui, um claro namoro com a obra de Andy Warhol, a maior estrela da Pop Art. Os parafusos são como as cidades espirituais, sustentadas por colunas que sequer tocam o chão, ou seja, sequer tocam a Dimensão Material. É a força da sutileza de Tao, o qual, na Terra, toca o chão o mínimo possível, na impecabilidade da simplicidade, do não desejar, do não ambicionar, adquirindo, assim, Paz, pois pobre do reino cujo rei não está feliz com os seus domínios territoriais. Aqui, cada parafuso é para uma época do ano, com membros de um mesmo grupo, como numa família, na qual, apesar de haver igualdade entre os membros, cada membro tem sua particularidade. Colocando os parafusos juntos, todos comungam de um princípio, tendo que, depois disso, partir em busca de si mesmo, da sua própria identidade. É como uma esteira industrial, numa produção em série, no modo como a produção de manufaturados barateou custos. Estes parafusos são como águas vivas, com seus tentáculos ácidos, abrasivos, queimando aqueles que ousem chegar perto demais, num aviso: mantenha distância, como no termo “não dar murro em ponta de faca”. Aqui, essas peças têm uma ponta bem agressiva, tendo a utilidade de perfurar e produzir móveis e outros utensílios. São como obeliscos de cabeça para baixo, como viris galos anunciando o novo dia, na ordem patriarcal das coisas, em olhos sempre atentos, mentais, metafísicos, jogando a Luz do Conhecimento sobre os mistérios que tanto afligem a Humanidade. É como a foto de uma pessoa em cada época de sua vida, ou uma foto de cada encarnação da pessoa, como um ator vestindo vários papéis, construindo uma rica e colorida galeria de personagens, como na vastidão de deuses que cercavam o Coliseu, no modo pagão antigo de estabelecer uma explicação para tudo o que cerca o Ser Humano, como projetar deuses em trovões, no Sol, nas estrelas etc. É uma polarização, como uma bússola apontando o Norte, havendo, em cada parafuso, a parte acima, que é passiva e feminina, e a parte embaixo, que é a agulha fálica, como no formato do Empire State Building, num símbolo de riqueza e poder, querendo “curar” o Mundo, no modo como os impérios são crônicos na Humanidade. É como um broche, um símbolo que traz identidade, fincado elegantemente em uma lapela, numa agressão mínima, como na filosofia econômica de Keynnes, que afirmava que, apesar de uma economia ter que ser livre e despolitizada, é preciso haver um Estado Mínimo, que interfira de modo muito sutil da Economia. São os gigantescos parafusos de Matrix que perfuravam o solo para detectar e aniquilar o último foco de vida humana na Terra, na feiura das guerras. Estes parafusos são detentores de dignidade, pois possuem uma função, uma finalidade, na fossa depressiva que acomete aos que simplesmente não produzem – todos temos que produzir algo. Um dos parafusos está envolto em escuridão, no momento mais sombrio e duro da vida dessa pessoa, como uma porta negra e pesada, tendo esta que ser aberta, aberta com muita força. Os parafusos aqui são lustrosos, novinhos, em um auge de vigor, na saúde producente, na dignidade dos que se colocam a serviço do Mundo, exercendo trabalhos que coloquem a mente para funcionar. Cada parafuso aqui tem um momento de vida, como um álbum de figurinhas sendo preenchido pacientemente, no êxtase de um colecionador que conseguiu completar o álbum, na divertida brincadeira infantil de trocar figurinhas com os amigos. Aqui, é como uma pessoa com múltiplas personalidades, ou vários dons, várias facetas, como um deus hindu. Cada quadro sustenta a diversidade, sendo diversidade religiosa, econômica, política, sexual, étnica ou cultural. Aqui, temos o valor democrático de respeito às diferenças – não quero que você concorde comigo; quero que você me respeite. São espermatozoides catalogados e identificados, como criminosos sendo fichados na delegacia e fotografados para registro do dia. Ao colocarmos frente a frente, vemos que é uma família, mas não há aqui a obviedade, ou seja, cada membro é ele mesmo. É como uma família de vinhos, por exemplo, havendo tintos, brancos, espumantes etc... Mas tudo a partir da uva.

Referências bibliográficas:
Claudio Tozzi. Disponível em <www.apap.art.br>. Acesso 1 nov. 2018.
Claudio Tozzi. Disponível em <www.blombo.com>. Acesso 1 nov. 2018.
Claudio Tozzi. Disponível em <www.carbonouomo.com.br>. Acesso 1 nov. 2018.
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Claudio Tozzi. Disponível em <www.select.art.br>. Acesso 1 nov. 2018.

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