O pintor Claudio Tozzi, além
de artista plástico, foi arquiteto e até se aventurou como cineasta. Boa parte
de sua obra namorou com a Pop Art, como você vai ver nesta postagem. Os textos
e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!
Acima, Astronauta. Cientistas alavancados à condição de celebridades – é o
mundo cor de rosa da Pop Art, num caso de amor com a Cultura de Massa, um
fenômeno típico do Século XX. Ao fundo, luzes, como em um camarim, nas luzes
dos fotógrafos paparazzi, sempre em busca de grandes furos de reportagem, na
natureza descartável dos veículos de massa, como revistas de fofocas, um
mundinho à parte, um submundo, um subconjunto, à disposição para leitura em
salões de beleza, por exemplo. As luzes são a máxima exposição, numa
celebridade exaustivamente exposta na Mídia, num mundo em que todos querem
aparecer; todos querem ser monstros midiáticos. A ida do Homem à Lua causa
comoção global, e a Humanidade fica alarmada com sua própria tecnologia. O
astronauta ergue a mão para saudar o Mundo, estando indo para a Lua ou voltando
desta, num regresso triunfante, como num filho que desencarna e regressa ao
Lar, sendo recebido com muito carinho, nas luzes do esclarecimento, a vocação
científica que faz o Ser Humano partir em busca de incessante conhecimento, nas
luzes em um grande show, com o artista sendo exposto ao máximo no palco, como
um astro que brilha tanto que mal podemos encará-lo diretamente. A falta de
gravidade faz metáfora com o bem estar da plenitude espiritual, como boiar nas
confortáveis águas quentinhas do Útero Maior, o receptáculo ao qual todos
pertencemos. Aqui, o astronauta sorri suavemente, enfrentando todas as
dificuldades de sair da Terra e voltar para a mesma. Até onde o Ser Humano quer
chegar? Realmente, o Universo é vasto, e o Ser Humano pouco significa em um
organismo tão amplo. A Arte é esta tentativa de expressão, numa pessoa querendo
conquistar o seu espaço no Mundo, na ânsia por expressão, por adquirir
relevância, nos louros de glória em torno de uma pessoa completamente
reconhecida e respeitada. É o reinado do sábio. Ciência e Arte andam juntas,
apesar de parecerem ser tão diferentes, e ambas são intenções humanas de
elevação e progresso – a Humanidade é ainda muito jovem. O capacete é a
proteção, o resguardo, numa pessoa que ama a si mesma ao ponto de se proteger
de eventuais danos e feridas, no modo como a pessoa tem que desenvolver uma
certa armadura psíquica, mas tomar cuidado par anão se tornar uma pessoa amarga
e empedernida. Como me disse uma psicoterapeuta, é necessário o desenvolvimento
de uma certa agressividade, mas nunca em excesso, pois qualquer coisa em
excesso é prejudicial. Neste quadro, temos o aspecto da Pop Art em trabalhar
com cores primárias e, ainda assim, é um quadro cromaticamente rico. O
astronauta é pálido como a neve, como na alva pele da lendária Elizabeth I, a
Rainha Virgem, numa poderosa metáfora, prometendo um mundo melhor e mais
elevado, onde todos somos virgens, ou seja, todos somos desprovidos de carne,
de sexo e de sexualidade, numa inocência infantil. Por outro lado, a pessoa
encarnada tem que aceitar a sua própria natureza carnal, pois reprimir a carne
não é saudável, bem pelo contrário – curva-te e reinarás, ou seja, aceitar é
mais fácil e mais sábio. É uma questão de equilíbrio. As cinco lâmpadas
iluminadoras são os cinco sentidos, os canais pelos quais o Ser Humano percebe
o Mundo à sua volta, na experiência sensorial do Sexo, na busca por prazer,
todo tipo de prazer, combatendo o sentimento de culpa – nada errado em ter
prazer. Aqui, a cor preta tem um papel decisivo, delineador, e os traços
faciais do astronauta são revelados de forma simples e sucinta, no poder da
Simplicidade, uma lição que todo Ser Humano tem que aprender. O céu azul ao
fundo é a ironia de que, vista do espaço, a Terra é uma esfera azulada, num
astronauta que, ao chegar na Lua e observar a Terra ao longe, disse: “Deus
existe”. E não é o Cosmos um grande enigma? A Ciência é uma modesta tentativa
cognitiva, muito modesta. Como Tao criou tudo? O capacete dourado é a glória,
como num personagem do seriado The Big
Bang Theory, personagem que ficava o tempo todo se gabando por ter ido ao
espaço.
Acima, Astronauta. Aqui, temos uma variedade cromática mais comedida, com
apenas três cores. O capacete faz metáfora com as grandes cabeças pensantes,
como os ufologistas afirmam ser grandes as cabeças de alienígenas, comportando
cérebros mais complexos e avançados do que os cérebros humanos, como no costume
do Antigo Egito em deformar a cabeça de crianças, fazendo com que estas
crescessem desenvolvendo crânios mais alongados. É o avantajamento de grandes
mentes, caixas cranianas que comportam sabedoria e sofisticação. É como uma
lâmpada sendo acesa, na incandescência de grandes ideias, de grandes conceitos,
no modo como a Evolução tratou de aumentar o cérebro do Ser Humano, numa
escalada evolutiva de aprimoramento, num grande enigma: Nós, aqui na Terra,
obtivemos, em algum ponto do passado, auxílio de inteligências extraterrenas?
Aqui, o cosmonauta está de perfil, como no perfil da rainha da Inglaterra em
moedas que circulam pelo reino, no modo como o dinheiro é uma forma tosca de se
representar a cornucópia metafísica, com suas mansões estonteantes e escadarias
majestosas – o que nos espera, afinal? É um mistério que o Espiritismo tenta
desvendar. É como a coroa de Nefertiti, no famoso busto dela, um adorno que faz
com que a cabeça da pessoa pareça ter proporções gigantescas, numa mente grande
o bastante para guiar e governar aqueles desprivilegiados que possuem mentes
menores e inferiores, numa forte noção hierárquica. E a Humanidade não está,
dia a dia, evoluindo e resolvendo enigmas que antes eram indesvendáveis ao Ser
Humano? O astronauta sorri suavemente, como o faz Nefertiti, numa alegria
contida, polida, moderada, amena, sem excessos de euforia vulgar, de euforia
“do povo”. É como o brando sorriso do Kouros de Nova York, no Met, na tentativa
eterna do Ser Humano em descobrir o que é a Felicidades dos justos, dos sábios.
É uma questão de suavidade e sutileza, rechaçando a vulgaridade do
desequilíbrio, trazendo noções civilizatórias. O capacete é como um cabelo
impecavelmente aprumado, com gel que não deixa escapar cada fiozinho, como numa
pessoa se preparando para ir a uma festa, evento social em que a pessoa tem que
se aprumar e aparecer no auge de sua aparência, como numa cerimônia do Oscar,
na qual vi uma (respeitada) atriz pouco aprumada, como se estivesse em uma mera
reunião de condomínio... A aprumação é uma questão de autoestima, de Amor. Aqui,
o nariz do astronauta é saliente, agressivo, proeminente, no modo como um
narigão pode ser charmoso. É o ímpeto desbravador do Ser Humano, numa sociedade
que ainda não desenvolveu tecnologia para ir além da Lua, relegando os sonhos
de exploração a mera especulação de Ficção Científica, no modo como o Cinema
faz com que o Ser Humano sonhe, no poder libertador da Arte. O semblante do
astronauta é plácido, satisfeito em poder pisar na Lua e entrar para a
História, como vi em um filme antigo, no qual o astronauta decolava em um
foguete e, cortando a cena, logo depois, uma mulher, sua esposa, está no
conforto de sua casa, pegando uma xícara para tomar o café da manhã. Um
contraste enorme entre glória e aconchego, e estes andam juntos, pois quem tem
simplicidade vai longe. Eu quero estar ali tomando meu café em paz, no
aconchego de meu lar! Mas as ambições humanas sempre tratam de aniquilar a
gostosura do aconchego, e só é feliz quem se encontrar dentro de si, e não fora
de si. Não estou falando mal da exploração cósmica; só estou dizendo que a
pessoa tem que ser, dentro de si, mais pacata e simples. A forma redonda do
capacete é como o Globo Terrestre inteiro acompanhou o Homem na Lua, numa
comoção semelhante aos atentados de 11 de Setembro, numa grande exposição
midiática, namorando com a vocação da Pop Art em explodir como uma supernova
midiática mundial, no modo como há artistas que simplesmente amam aparecer,
quando que um ator, por exemplo, já está inevitavelmente exposto, e exposições
excessivas não são interessantes.
Acima, Astronauta. Uma semelhança com o presidente eleito Jair Bolsonaro,
nos apelos que o eleitor faz na urna. As eleições são carnificinas, como
concursos de beleza, nos quais a maioria dos concorrentes sai frustrada. O
capacete é perfeitamente redondo, como uma bola de futebol, no modo como um
país pára para assistir a uma partida mundial, num Brasil que, de quatro em
quatro anos, esquece suas diferenças e une-se em torno de um só ideal – levar a
taça. São momentos raros de integração social, e todos esquecemos,
momentaneamente, do que nos faz diferentes uns dos outros, como na igualdade da
urna eleitoral. Neste quadro, voltamos a ver as luzes de flashes de fotógrafos,
como num Pelé, eternamente homenageado, num Brasil ainda tão racista, num ídolo
que faz com que o público se esqueça de tal racismo – é a virtude do líder,
estando este na capacidade de unir o corpo social. Um foguete incendiário se
eleva e decola, num puro formato fálico, numa nação poderosa, fálica, que expõe
ao Mundo a capacidade de levar o Homem ao Espaço, simbolizando dinheiro e
poder, sendo estes coisas inacessíveis a nações mais pobres. É como o falo do
Código de Hamurabi, numa caneta, no poder do avanço tecnológico, como uma faca,
pronta para agredir e abrir novos tempos, pronta para “furar” o Cosmos e
desbravar este. O foguete penetra no espaço, na escuridão fria do Cosmos, um
ambiente tão inóspito, tão hostil à Vida, num Ser Humano eternamente explorando
a possibilidade de Vida fora da Terra, numa Ciência que ainda engatinha. Neste
quadro, Claudio Tozzi sai um pouco das cores primárias e traz outras cores,
“desvirtuando” o costume cromático tradicional da Pop Art. O fogo que sai do
foguete é a luz do Conhecimento, queimando velhas barreiras e trazendo novas
noções civilizatórias, carbornizando superstições e esclarecendo dúvidas, no
poderoso paradigma científico, pois não diz em nossa bandeira que devemos viver
em Ordem e Progresso? A roupa azulada do astronauta é o Mar, os Oceanos, a Mãe
Aquática que gerou a Vida na Terra, no mito belo de uma Iemanjá, a Provedora
que enche redes de pesca com fartos peixes, na busca humana por uma cornucópia,
pois não disse Jesus que na Dimensão Metafísica há Vida, muita Vida? É a tentativa
humana em compreender o Imaterial. O astronauta sorri satisfeito com seus
próprios feitos, tendo a certeza de que jamais será esquecido, saudando a
Humanidade com o otimismo do avanço. Ao lado do foguete, um arranhacéu, símbolo
da riqueza e do desenvolvimento dos EUA, nação poderosa que se tornou o “xerife”
do Mundo, sempre buscando detectar a construção de armas nucleares por parte de
outras nações rivais, como uma Coreia do Norte. É uma questão de (forte)
hierarquia, no modo como os impérios humanos são volúveis e, do mesmo modo que
ascendem, caem, como, por exemplo, o Antigo Egito. O arranhacéu é a vitória do
desenho inteligente; a vitória de uma ordenada Vida em Sociedade,
proporcionando pesquisa, muita pesquisa, ao ponto de nos levar ao Espaço.
Vivemos num Mundo em que
Ciência e Poder andam juntos. Neste quadro, várias bolinhas
amarelas, que são moedas de ouro, num país com muito dinheiro, produzindo uma
cornucópia ao seu cidadão, num país que se torna muito atraente a pessoas de
países mais pobres e mais instáveis politicamente, num Trump arredio, desejoso
de barrar tais ondas imigratórias que buscam penetrar nos EUA. O Homem na Lua
foi um momento em que a Humanidade se propôs sonhar por meio de tal empreitada
ousada, num Mundo que pensou que, dali a poucas décadas depois, o Homem já
estaria gozando de incríveis espaçonaves. Desse modo, o Ser Humano, ao chegar
em Marte, adquirirá o status de alienígena. Portanto, não devemos rechaçar
completamente a possibilidade de existência de Vida Extraterrestre. O capacete
rubro simboliza uma inteligência brilhante, pulsante, em cientistas que, antes
de mais nada, são sonhadores, sempre querendo ver mais, como num salto
tecnológico que foi o supertelescópio Hubble, e quanto mais descobrimos, mais
ignorantes nos sentimos, ao ponto de estarmos cercados por uma infinidade de
galáxias.
Acima, Sem título. A intervenção humana em obras de Deus, como um implante
dentário, no fato de que, como Tao fez, o Homem não faz igual. É como um
sistema opressor, apunhalando a Liberdade de Pensamento, no sentido de que,
nesses sistemas, o bom cidadão é o cidadão que não pensa e não contesta, como
na despolitização da Jovem Guarda no Brasil, um movimento que, nem de longe,
ousava transgredir a Ordem Militar da época. O cérebro é um enigma para os
cientistas, numa ironia – cérebro querendo desvendar o cérebro. A mente é um
labirinto cheio de meandros, no modo como o cérebro de Albert Einstein foi
estudado para se saber o porquê de tanta inteligência. É como na comparação
entre um cérebro saudável e um cérebro com Alzheimer, sendo este com aspecto
enegrecido, necrosado por uma doença degenerativa. O poderoso parafuso corta
este órgão de ponta a ponta, impiedosamente, e o fundo escarlate é o sangue
sendo exaustivamente pesquisado empiricamente pela Ciência, na tentativa de
desvendar, por exemplo, as causas da Depressão, uma doença que faz com que a
pessoa se sinta assombrada por fantasmas em plena luz do dia. O vermelho é
intenso, como se o cérebro estivesse sangrando em meio a esta agressão. É a
imposição da Razão, do pensamento “clean”, direto, objetivo, numa fria equação
matemática desvendando mistérios e trazendo o esclarecimento, na luz que deve
ser jogada sobre a existência. É como nos cérebros de aliens marcianos no filme
cômico Marte Ataca, seres com
cérebros descomunais, como se fossem uma lâmpada incandescente, como um Sol
brilhando em meio a um sistema planetário, no modo como as grandes mentes
acabam por reger o resto da Humanidade, sendo esta não tão brilhante, numa hierarquia
espiritual – os mais depurados, que são minoria, regem os menos evoluídos. É o
termo “espetada” da Psicoterapia, quando o terapeuta enche o paciente de
alfinetadas, a fim de que o paciente se esclareça e conheça-se melhor. É como
um boneco de vodu, numa descarga de consciência, como num desabafo, numa pessoa
farta de ser importunada por alguém de difícil trato, como fiz certa vez um
boneco de vodu da pessoa que dirigia o colégio em que eu estudava, e peguei
agulhas de tricô para espetar o boneco! É uma sensação de alívio, e a pessoa se
sente como num descarrego, um cocô muito bem feito, limpando as tripas por
dentro. As linhas negras que delineiam este cérebro são como complexos córregos
pantanais, num ecossistema úmido, cheio de anfíbios e peixes, num labirinto
ecológico, como se fosse uma prisão, como no hotel enclausurado de O Iluminado. Este titânico parafuso é
uma abreviação, um atalho, nas ideias racionais que cortam extensões e
estabelecem-se objetivas, práticas, fáceis. É também uma cena de estupro, de
violação, no modo como a Arte tem que “estuprar” a mente do espectador. É uma
agressão, no modo como é inevitável a universalidade das sociedades
patriarcais, na mulher sempre sendo vista como o quase-bom, ou seja, Eva gerada
de Adão, sendo este a obraprima do Criador. É o avanço da Era Industrial, numa
Inglaterra rica e poderosa, sempre à frente do resto do Mundo, numa atitude
colonizadora, sempre querendo trazer a luz do progresso a sociedades
“selvagens”. Este cérebro é como uma noz, alimentando animais herbívoros, no
avanço das pessoas veganas, como num convento sobre o qual li, um lugar onde o
alimento das freiras era exclusivamente vegano, fruto da horta cultivada na
instituição, no modo como as freiras não estão nem aí para os padres, e
viceversa. É o modo humano de organizar o caos primordial do Cosmos, separando
Yin de Yang. Este parafuso fincou muito fundo, como a carne sendo espetada na
churrasqueira, como no filme Os Sete
Suspeitos, em que o prato principal do jantar era um prato chinês: cérebro
de macaco! O parafuso continua rodando como uma máquina industrial, constituindo
uma sociedade de consumo, uma realidade na qual a pessoa nunca está contente
com o que tem, pois, diz Tao, se você acha que não tem o suficiente, então você
NUNCA terá o suficiente.
Acima, Parafuso. Aqui, um claro namoro com a obra de Andy Warhol, a maior
estrela da Pop Art. Os parafusos são como as cidades espirituais, sustentadas
por colunas que sequer tocam o chão, ou seja, sequer tocam a Dimensão Material.
É a força da sutileza de Tao, o qual, na Terra, toca o chão o mínimo possível,
na impecabilidade da simplicidade, do não desejar, do não ambicionar,
adquirindo, assim, Paz, pois pobre do reino cujo rei não está feliz com os seus
domínios territoriais. Aqui, cada parafuso é para uma época do ano, com membros
de um mesmo grupo, como numa família, na qual, apesar de haver igualdade entre
os membros, cada membro tem sua particularidade. Colocando os parafusos juntos,
todos comungam de um princípio, tendo que, depois disso, partir em busca de si
mesmo, da sua própria identidade. É como uma esteira industrial, numa produção
em série, no modo como a produção de manufaturados barateou custos. Estes
parafusos são como águas vivas, com seus tentáculos ácidos, abrasivos,
queimando aqueles que ousem chegar perto demais, num aviso: mantenha distância,
como no termo “não dar murro em ponta de faca”. Aqui, essas peças têm uma ponta
bem agressiva, tendo a utilidade de perfurar e produzir móveis e outros
utensílios. São como obeliscos de cabeça para baixo, como viris galos
anunciando o novo dia, na ordem patriarcal das coisas, em olhos sempre atentos,
mentais, metafísicos, jogando a Luz do Conhecimento sobre os mistérios que
tanto afligem a Humanidade. É como a foto de uma pessoa em cada época de sua
vida, ou uma foto de cada encarnação da pessoa, como um ator vestindo vários
papéis, construindo uma rica e colorida galeria de personagens, como na
vastidão de deuses que cercavam o Coliseu, no modo pagão antigo de estabelecer
uma explicação para tudo o que cerca o Ser Humano, como projetar deuses em trovões,
no Sol, nas estrelas etc. É uma polarização, como uma bússola apontando o
Norte, havendo, em cada parafuso, a parte acima, que é passiva e feminina, e a parte
embaixo, que é a agulha fálica, como no formato do Empire State Building, num
símbolo de riqueza e poder, querendo “curar” o Mundo, no modo como os impérios
são crônicos na Humanidade. É como um broche, um símbolo que traz identidade,
fincado elegantemente em uma lapela, numa agressão mínima, como na filosofia
econômica de Keynnes, que afirmava que, apesar de uma economia ter que ser
livre e despolitizada, é preciso haver um Estado Mínimo, que interfira de modo
muito sutil da Economia. São os gigantescos parafusos de Matrix que perfuravam o solo para detectar e aniquilar o último
foco de vida humana na Terra, na feiura das guerras. Estes parafusos são
detentores de dignidade, pois possuem uma função, uma finalidade, na fossa
depressiva que acomete aos que simplesmente não produzem – todos temos que
produzir algo. Um dos parafusos está envolto em escuridão, no momento mais sombrio
e duro da vida dessa pessoa, como uma porta negra e pesada, tendo esta que ser
aberta, aberta com muita força. Os parafusos aqui são lustrosos, novinhos, em
um auge de vigor, na saúde producente, na dignidade dos que se colocam a
serviço do Mundo, exercendo trabalhos que coloquem a mente para funcionar. Cada
parafuso aqui tem um momento de vida, como um álbum de figurinhas sendo
preenchido pacientemente, no êxtase de um colecionador que conseguiu completar
o álbum, na divertida brincadeira infantil de trocar figurinhas com os amigos.
Aqui, é como uma pessoa com múltiplas personalidades, ou vários dons, várias
facetas, como um deus hindu. Cada quadro sustenta a diversidade, sendo
diversidade religiosa, econômica, política, sexual, étnica ou cultural. Aqui,
temos o valor democrático de respeito às diferenças – não quero que você
concorde comigo; quero que você me respeite. São espermatozoides catalogados e
identificados, como criminosos sendo fichados na delegacia e fotografados para
registro do dia. Ao colocarmos frente a frente, vemos que é uma família, mas
não há aqui a obviedade, ou seja, cada membro é ele mesmo. É como uma família
de vinhos, por exemplo, havendo tintos, brancos, espumantes etc... Mas tudo a
partir da uva.
Referências bibliográficas:
Claudio Tozzi.
Disponível em <www.apap.art.br>. Acesso 1 nov. 2018.
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Disponível em <www.blombo.com>. Acesso 1 nov. 2018.
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Disponível em <www.carbonouomo.com.br>. Acesso 1 nov. 2018.
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Disponível em <www.catalogodasartes.com.br>. Acesso 1 nov. 2018.
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Disponível em <www.select.art.br>. Acesso 1 nov. 2018.
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