sexta-feira, 20 de julho de 2018

Belo de Matar



Em um (excelente) filme de comédia dos anos 80 com Bette Midler, Richard Dreyfuss e Nick Nolte, um cão de raça de uma mansão de Beverly Hills se chamava “Matisse”. Isto dá uma ideia do sinônimo de sofisticação que o francês Henri Matisse espalhou pelo Mundo. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus.


Acima, Dança II. O quadro esbanja movimento, numa ciranda intermitente. É como num ecossistema, no qual cada agente tem seu papel, num equilíbrio grupal de harmonia, no qual um sistema funciona perfeitamente. Os corpos nus remetem à simplicidade de uma colônia de Nudismo, sem qualquer pitada de malícia ou sexualidade, mas de naturalidade. Porém, como nada é perfeito – ou seja, Tao, o Uno, é perfeito, pois não é de matéria, mas de pensamento –, há uma pequena anomalia nesse sistema, no modo como na trilogia Matrix, em que a anomalia de um sistema opressor se manifesta quando um indivíduo questiona o sistema, produzindo pensamento, ideias. Aqui, quase todas as mãos estão entrelaçadas, mas há duas mãos que quase se tocam, mas não se tocam de fato, num momento de ruptura, num indivíduo que põe a própria cabeça para pensar e produz questionamento, como nos perseguidos políticos em ditaduras. Nessa “anomalia”, os dedos estão muito próximos de se tocar, mas não se tocam, assim como no quase toque entre Deus e Adão na obra de Michelangelo. É uma frustração, no sentido de que ninguém pode ter tudo na Vida, nem mesmo artistas célebres como Matisse. Já ouvi dizer de um pensador que as anormalidades, as falhas, são fundamentais para o funcionamento do Universo, e que são exatamente as anomalias o que faz um sistema respirar – Life is not ment to be perfect, ou seja, a Vida não é para ser perfeita, pois, se fosse perfeita, o que o indivíduo teria para aprender em meio a tanta monotonia repetitiva? É da anomalia, do defeito, que vem uma lição a ser aprendida. Por outro lado, o quadro é uma fotografia feliz, num momento em que os indivíduos vivem em harmonia social, tendo cada um o seu próprio papel nesse sistema, e os indivíduos transgressores são fundamentais em suas anomalias sociais, para o desenvolvimento social, como Neo em Matrix – sim , gosto muito do filme! –, ousando não ser apenas um indiferenciado tijolo numa parede, revoltando-se contra um sistema opressor, sistema este que faz do indivíduo um prisioneiro, uma pilha alcalina, num sistema que vai contra o fato divino de que todos somos únicos e especiais. Deus quer que haja anomalias, como na Comédia, na irreverência, na qual a azeda dureza do Mundo é transformada em doce limonada. Aqui, é um dia de céu limpo, num gramado paradisíaco, numa ilustração de sinergia, onde tudo ajuda tudo, num conjunto que convive tranquilamente com esta pequena anomalia benéfica. Todos os corpos aqui parecem femininos, mas há alguns que deixam dúvida, no modo como gênero não é algo definido aqui, e que as diferenças entre homens e mulheres são irrelevantes, no sentido de que o espírito não tem sexo, nem sexualidade, numa espécie de castração, na qual o sensual é absolutamente desprovido de sexual, ou seja, é o sexy sem ser vulgar, como nos ousados vestidos de Gisele Bündchen. Aqui não há diferença racial, e os corpos têm a mesma cor, num desejo por igualdade, no modo como, além da cor da pele, não há muitas diferenças, apesar de ser necessário ao indivíduo ter identidade própria. É bom ter bons exemplos no Mundo, como Jesus Cristo, mas isso não é o suficiente, pois cada um precisa aprender por si mesmo, desenvolvendo uma identidade inequiparável, diferenciada, própria, como Matisse. É uma contradição cósmica: ser único como um óvulo (Yin) e ser comum como um espermatozoide (Yang) – ser igual e, ao mesmo tempo, diferente. Neste quadro há a Grande Família Humana, o grande clã espiritual ao qual todos pertencemos, todos herdeiros do mesmo Genitor. Aqui, Matisse traz a dança das estações do ano, sempre renovando, como Tao, sempre trazendo renovação e frescor, na sensação gloriosa de recém sair de um banho. Os dedos que quase se tocam são a Imaculada Conceição, sem um pingo de materialidade. A ciranda gira em torno do vazio, de Tao.


Acima, Nu Azul – Memória de Briska. Os seios estão à vontade, um pendendo para cada lado, como olhos de camaleão, cada um olhando para um lado, dando uma visão total do campo, na função da Arte em revelar todos os ângulos do Ser Humano, debruçando-se sobre este. O bom artista é um camaleão, sempre se reinventando, como uma certa pessoa, cujo nome não mencionarei. A discrição do camaleão é poderosa, pois ele fica invisível, sempre subestimado, pronto para dar o bote e “dar nos dedos” de todos que o subestimava. É uma espécie de vingança, mas uma vingança do Bem, sem malícia nem rancores. A mulher está ajeitando o cabelo, aprumando-se para Matisse, e ela não olha diretamente ao espectador, mas olha para o vazio. Seu cabelo é bem negro, fechado, como numa noite de Lua Nova, com estrelas brilhando intensamente, provocando a imaginação humana: O que é uma estrela? O que faz de uma pessoa um ser coruscante? É a ambição humana – brilhar como um ser metafísico. O corpo da modelo é delineado por traços fortes, definidos, e os seios atiçam a imaginação, como duas pessoas que se amam, no vínculo entre artista e modelo, estando um exaltando o outro. É uma simbiose, e os seios vivem em harmonia um com o outro. O umbigo é definido, na cicatriz primordial do útero, uma cicatriz inevitável ao encarnado, sendo que o espírito, o ser metafísico, não possui essa cicatriz, pois o espírito é fruto de uma concepção de pensamento, e não de carne. A vegetação ao redor da modelo é exuberante, tropical, cheia de Vida, e é essa Vida que Matisse quer demonstrar aqui, num atelier vibrante, onde Arte é feita e onde Vida pulsa, na alegria de produzir coisas artísticas, as quais são provas definitivas da Inteligência Emocional, arma fundamental de qualquer pessoa que se diga artista. O sexo da modelo está oculto pela própria perna, numa espécie de recato, de envergonhamento, num Matisse que respeita a privacidade da modelo, apesar desta estar completamente nua. Suas mãos são delicadas, suaves, cariciosas, mãos de uma dama, de uma mulher bem cuidada. A modelo não sorri, mas tem semblante plácido, sereno, tendo muita paciência para ficar horas posando para Matisse – para puxar um aparte, vi na Disneyworld uma imagem divertida, na qual Monalisa posa para da Vinci, mas, nesse caso, Monalisa está aborrecida e irritada, batendo impacientemente o pé no chão! Os seios são como olhos de vagalume, olhando para o espectador, seduzindo este, querendo ser tocados, acariciados, desvirginados. A modelo se funde com a Natureza ao redor, e podemos ouvir o vento farfalhando nas folhas, num sedutor jardim tropical à noite, num ecossistema onde os agentes entram em harmonia sinérgica, como na sinergia que existe em Gramado, cidade onde tudo combina com tudo, seduzindo turistas. E esta é a sedução da modelo aqui, convidando-nos a estar com ela, deitar-se com ela, entrar nela, como numa luxuosa sala de estar, com lustres majestosos de cristal, entrando no corpo santo de uma Evita embalsamada. A modelo aqui é uma espécie de anfitriã, convidando-nos, como uma exímia socialite, mestre em receber com luxo. No quadro, das entranhas da terra vem a nutrição para as plantas, e estas são as entranhas da modelo, o útero primordial. O corpo cruza a tela de ponta a ponta, desdobrando-se em sua glória pálida, como se banhado de luar, na sedução da luz da Lua, o espelho feminino que reflete o agente masculino, que é o agressivo Sol. A modelo aqui remete à abertura da telenovela Tieta, da Rede Globo, na qual a sensual Isadora Ribeiro, com efeitos especiais de computador, mescla-se, nua, com as paisagens tropicais da Bahia, que é, já ouvi dizer, um país à parte. Desse modo, é inevitável não vir à cabeça a música tema da novela, cantada por Luiz Caldas: “Tieta é fogo ardente, queimando coração. Seu amor mata a gente mais que o solo do sertão”.


Acima, Nu Reclinado. As voluptuosas paisagens do Rio de Janeiro, com seus montes rochosos e florestas exuberantes, na celebração da Beleza e da Vida. A mulher flutua numa deliciosa piscina, em um dia de verão. Um Sol disforme aparece, como se estivesse derretendo no próprio calor, numa ironia, da obra de alguém voltando às mãos deste alguém, como me disse uma professora de Educação Artística no Ensino Médio: Por mais que possa ser vendida, a obra de Arte sempre pertencerá a seu artista conceptor. Abaixo do Sol disforme, uma fruta que entra em harmonia cromática com a cor da pele da mulher, a qual é suculenta e deliciosa como uma boa fruta madura, doce, irresistível, na riqueza de frutas tropicais de uma feira livre no Rio de Janeiro, como mangas maduras em pés de mangueiras em Salvador, no continuum de prazer entre sexo e gula, no modo como ter fome é tão natural como fazer sexo, e o Ser Humano não pode negar sua própria natureza. Acima do Sol disforme, um biscoito do tipo orelha de macaco, com símios furtivos pulando entre galhos em um jardim botânico tropical, com os pequenos símios alimentando-se de pequenos frutos. Essa “orelha” remete ao cabelo de Gary Oldman em Drácula de Bram Stoker, só que cabelos brancos, na avidez de um vampiro que está louco para vampirizar a saudável e deliciosa mulher aqui, no poder de sedução dos vampiros, ou seja, dos psicopatas, que seduzem vítimas e fazem com que as vidas dessas vítimas girem em torno da vida do vampiro: se eu estou bem, o vampiro fica mal; se eu estou mal, o vampiro fica bem, numa ausência total de compaixão ou empatia por parte do psicopata. Neste quadro, vemos estampas em xadrez, que, em sua retilinidade, opõem-se às curvas femininas. Esta mulher é tão gigantesca que sequer cabe inteira no quadro, como num Woody Allen, que se considera fragilmente menor do que as mulheres pelas quais se apaixona. Atrás do Sol disforme, uma viga rubra, que traz dureza e sustentação, como num falo ereto, o qual se curva perante às majestosas curvas de uma terra virgem, uma terra esperando para ser desbravada e ser cheia de nomes – nomes de rios, de montanhas, de florestas, de cascatas etc. É a tendência humana para tentar impor ordem ao caos, dando nomes às coisas, aos vegetais, aos animais, aos lugares, às galáxias. Os seios da mulher são o Pão de Açúcar, com seu bondinho viajando de um lado para o outro, trazendo turistas para o coração de uma mata exótica, cheia de Vida. Esta mulher parece ser feita de argila, como argila nas mãos de um artesão, no talento plástico de transformar elementos, produzindo algo novo. Os azulejos azuis desta piscina lutam para não se render às curvas do Feminino, como numa sensual rede de Internet, interligando seres na agradável piscina primordial uterina, a casa da qual viemos e para a qual voltaremos, no caixão que se torna útero, e viceversa: Quando Joãozinho nasceu, este chorou e o Mundo riu; quando Joãozinho morreu, este riu e o Mundo chorou. Podemos ouvir o delicioso ruído de água fluindo. A modelo repousa confortavelmente, sem tensão, deixando-se “fotografar” livremente. Os traços simples do seu rosto trazem beleza, pois simplicidade, limpeza e beleza andam juntas. A mulher parece estar nadando de costas, numa saudável atividade física, cruzando oceanos de ponta a ponta, remando nos mares primordiais, dos quais veio a Vida. Temos um Matisse que se rende completamente ao próprio trabalho, encontrando prazer, pois o que é feito com prazer, é apreciado com prazer. Matisse aqui “faz amor” com a modelo, num nu sem sexualidade, mas com limpeza, numa parede intocada que, cedo ou tarde, tornar-se-á vítima de um vândalo pichador, de um “estuprador”. A mulher aqui inspira ser vigiada e protegida, para chegar ao altar da igreja pura e casta, jogada das mãos deu homem para outro homem, sempre fraca e dependente.


Acima, Hobby Roxo e Anêmonas. O hobby é o conforto do Lar, numa pessoa que, em casa, não precisa se preocupar, ao sair para a Rua, com o que veste, o como está o cabelo. Certa vez vi uma mulher que, ao morar na quadra da padaria da esquina, ia no fim de tarde, de pantufa e hobby, comprar pão e leite, parando no trajeto para conversar com as comadres da vizinhança, no sentido que nenhum bom líder deve interferir no desejo de um cidadão que está confortável na própria vizinhança. As flores são os galanteios que o Professor Girafalez faz para a Dona Florinda, no sentido de que as flores são as genitálias de um vegetal, na intenção oculta que cada um dos pombinhos tem: fazer coito juntos. As flores aqui são diversas e coloridas, numa mulher devidamente presenteada por um pretendente. Este hobby roxo é fluidio, como num plácido córrego silencioso, que alimenta vales e plantações. É o Lar líquido, delicioso, numa pessoa que, ao chegar em casa, deixa para trás o Mundo lá fora, no sentido de que cada pessoa tem que ser mais Yin dentro de si mesma, mais feminina, mais no prazer do aconchego, de um par de pantufas. Quase tudo neste quadro flui tortuosamente, como no vaso, que parece girar, hidratando as flores, que representam a diversidade, a riqueza de um Mundo no qual as diferenças têm que ser respeitadas, pois, do contrário, não há Vida em Sociedade. Aos pés do vaso vemos três frutos ou pães, no alimento existencial que é direcionado àquele que encontra a si mesmo, decidindo levar a Vida de modo pacato, reservado, confortável, no modo como o célebre espírito Patrícia, ao desencarnar, acordou em uma cama com lençóis levemente perfumados. Aqui, tudo se rende ao perfume das flores, ao Feminino, e a mulher é adorada, mimada, presenteada. Estes frutos são a fartura, como esferas num sistema solar, integrando-se ao colar de pérolas negras da mulher, talvez também um presente de um pretendente. Esta mulher é reverenciada, como sonha qualquer socialite. A mesa sob o vaso tem traços aristocráticos, sofisticados, integrando-se ao grande ritmo liquidiscente do quadro. Um dos poucos elementos não fuidios é a parede listrada, a qual luta para não se render completamente ao Yin, no fato de que nunca é possível baixar a guarda completamente, numa existência que pode guardar uma surpresa em cada esquina. A face da mulher tem traços incertos, com se levemente desfigurados por um cristal tortuoso, como na teoria da Matéria Escura, que seria o cimento invisível que une o Universo. Os cabelos da mulher também fluem, e são crespos, tortuosos como uma sedutora serpente, no modo como em algumas culturas a serpente é símbolo de sensualidade, e não de horror. E o hobby flui majestoso, como um Rio Nilo, um Amazonas, sempre nutrindo, sempre em processo de fluidez, num interrompendo-se, do modo como Tao está sempre criando. É a Grande Via da Vida, o único caminho que une irmãos em torno do mesmo Rei. A mulher está à vontade, repousando a cabeça sobre uma das mãos, mostrando ser inteligente, interessante, irônica, divertida. Uma musa de Matisse.


Acima, Os Marroquinos. É um quadro que beira o abstrato, sem formas extremamente claras e definidas, ou classificáveis. Há estruturas que se parecem com prédios ou vilas, no retrato de uma aconchegante vizinhança. Teria Matisse já viajado ao Marrocos? O fundo é preto, imprevisível, numa noite fechada e misteriosa, onde pouco podemos ver. É a imprevisibilidade natural da existência, num ser humano que não pode (nem deve) prever tudo, nas surpresas que a Vida nos prepara, como me disse certa vez uma amiga: “A Vida nos prepara cada uma...”. É exatamente neste imprevisível que reside a graça de tudo, pois que sentido teria uma Vida na qual podemos ver tudo antes do tempo das coisas acontecerem? Na porção inferior esquerda, formas que parecem ser uma mata de palmeiras, com frutos dourados nos pés. Os frutos são a vitória, o reconhecimento, a riqueza de uma existência rica em preenchimento psíquico. As palmeiras balançam ao vento, nessa dança sensual noturna. Os frutos são a recompensa, o merecimento, no desafio ao artista que é ser digno de valorização, num gigantesco desafio. Atrás da mata, vemos uma rede de linhas tensas, retilíneas, na sensualidade da Internet, que conecta e todos em uma só piscina primordial, na qual há prazer e leveza, numa sensação de Paz enorme, indescritível. Essas linhas brancas fazem contraste com o fundo negro, como num quadro negro escolar, em contraste com as informações em branco, no desafio didático de educar: O que faz de alguém um bom professor? Qual é o segredo para a Educação? É a simplicidade, a clareza. Só assim há aprendizado. E Matisse aprende aqui, em sua própria obra, numa combinação entre talento e persistência; entre sonho e trabalho. Mais acima das palmeiras, uma parte desta vila, com um parapeito na sacada. O parapeito é o resguardo, o cuidado, para evitar que alguém caia e morra. E amar a si próprio é isso – resguardar a si mesmo; poupar-se. O parapeito é o limite entre Razão e Loucura, duas faces da mesma moeda, no sentido de que tudo traz em si a própria contradição. Nessa sacada, outra planta, só que com folhas azuis, cruzadas por listras brancas. Um vegetal estranho, que não existe de fato, mas existe só aqui. É o modo humano de aprender com Tao, buscando compreender este, pois, já me disse uma grande amiga psicóloga: “O Amor é o segredo da Vida”. E como poderia existir um artista que não ama o que ele mesmo faz? Impossível. É do autoamor que vem o sucesso, numa pessoa que respeita a si mesma. Esta cena parece ser banhada por um sensual luar, numa brisa marroquina, sedutora, exótica, deliciosamente estranha e enigmática. Na porção direita do quadro, um prédio róseo, como num delicioso interior de um filé passado ao ponto médio, nas delícias que existem na Vida, delícias misturadas, é claro, com desafios ásperos, pois, como diz Tao, o fácil e o difícil são faces do mesmo trabalho. Vemos aqui uma grande esfera branca, que pode ser a Lua, o grande espelho feminino que rege os ciclos menstruais, na dança gravitacional, onde estrelas giram em torno do mesmo centro galáctico, que é Tao, o vazio. Esta esfera pode ser também uma cabeça humana, sustentada por um corpo azul, retangular, num Matisse buscando abstrair ao máximo a forma humana. É um marroquino, vivendo em sua vila, um lugar onde há Paz. Parece sair deste homem um grande braço, enorme, no poderoso braço de Matisse segurando um pincel. A vila é como um formigueiro, uma sociedade, um subconjunto com suas próprias regras e limites, os quais devem ser respeitados por qualquer um que more nesta vila marroquina. No prédio róseo, um grande buraco negro, que é a vagina, um túnel que leva ao primórdio uterino, o berço, a origem: há uma luz no fim do túnel. É o Lar, a casa, o aconchego, do modo como a atelier se torna a casa do artista, num lugar extremamente adaptado a estes marroquinos do quadro.

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