O grego Doménikos
Theotokópoulos, conhecido como “El Greco”, recebeu este nome artístico latino
por ter construído grande parte de sua carreira na Espanha. Os textos e
análises semióticas a seguir são inteiramente meus.
Acima, São Martin e o Mendigo. O ato de Caridade revela uma hierarquia,
numa contradição, pois o que era para ser um ato de Fraternidade e Igualdade,
transforma-se numa diferenciação, na qual o ofertante é nobre e o mendigo é
pobre. O santo está com ares de pura aristocracia, e veste uma armadura,
repelindo flechas, sendo agressivo num campo de batalha, campo no qual o
mendigo, desprotegido, facilmente morreria. Martin tem uma gola elizabetana,
conotando autoridade de realeza, sendo o monarca um representante de Deus na
Terra, numa hierarquia rígida e dura, amedrontando os que não se curvam perante
esta, numa espécie de ditadura, a qual oprime o próprio cidadão. O cavalo
branco é nobre e altivo, digno de príncipe, e tem um olhar triste e
domesticado, domado, do modo como a Mente tem que domar os instintos animais do
Ser Humano. O cavalo está comportado e comedido, sob total controle, no modo
como o Ser Humano sempre quis ser a espécie dominante no planeta. Uma das patas
do cavalo está levantada, e vemos um movimento de cavalgar, no modo como o
cavalo se tornou símbolo de riqueza, poder e aristocracia, nos pulos olímpicos
dos cavalos, superando barreiras, fazendo metáfora com a elegância olímpica com
a qual o Ser Humano é convidado a vencer obstáculos e progredir no plano
existencial, almejando crescimento espiritual, evoluindo sempre, no sentido da
Existência: Crescimento e Depuração, no sentido de que nenhuma vida é em vão,
como me disse uma médium: Não podemos nos “atirar nas cordas” e fugir da luta,
como diz o Hino Nacional Brasileiro. É a exigência do Yang, que exige força do
indivíduo, numa eterna luta de superação, na luta que é a Vida. Aqui, o mendigo
está rendido, enfraquecido, dependente da esmola, num ciclo vicioso: Está na
Rua porque pede uns trocados; pede uns trocados porque está na Rua. O objetivo
da Caridade é dar uma ajuda temporária até que a pessoa adquira independência.
Aqui, este príncipe montado oferta um fino manto, talvez de veludo, num mendigo
que está como veio ao Mundo, no fato de que cerca de um bilhão de seres humanos
vivem, hoje, na Miséria. O príncipe tem um olhar caridoso e carinhoso, num ato
de amor de irmão para irmão, como me lembro de um homem, em um dia de gelado
inverno caxiense, este homem andando de bermuda e chinelos – se eu estivesse com
um casaco nas mãos, certamente eu o daria para o homem. O cavalo branco é a
pureza das intenções; é a Virtude, valor propagado pelo Taoismo, o qual é a
busca pelo Metafísico, pelo Pensamento, pelo Mental. O problema da esmola é
que, horas depois de comer um pão dado, o mendigo estará novamente com fome,
numa alta dependência. O manto do veludo flui como água, numa textura bela, no
líquido uterino primordial que gerou a todos nós, e todos somos crianças da
mesma Casa, o Lar Primordial onde reina a Igualdade e, ao mesmo tempo, a
necessidade de cada um ser do próprio jeito. O príncipe segura uma fina espada
agressiva, a qual é um aviso: Estou ajudando você, mas não chegue perto demais,
pois, se você me desrespeitar, vai levar chumbo, no sentido de que uma nação
pacífica vai à Guerra se a mesma nação for provocada por um vizinho. O príncipe
e o mendigo têm traços semelhantes, como se fossem irmãos separados em algum
momento anterior. Os céus ao fundo são a
promessa da Morada Eterna, e a Caridade é um símbolo do Divino na Terra, no
modo como o indivíduo tem que viver sem expectativas, pois quem tem
expectativa, frustra-se. Ao fundo, uma vila, talvez um reino, uma cópia
grotesca do Reino Metafísico. O reino de pedra é o organismo social no qual
cada pessoa tem que ter uma função clara, do modo como um artista tem que
encontrar sua própria missão. Aqui, temos um contraste entre nu e vestimenta,
expondo os abismos sociais do Mundo. O mendigo nu é a Simplicidade da Nudez, no
modo confortável em que viemos ao Mundo, sendo as vestimentas ilusões, pois
todos somos nus, sem exceção. Portanto, as classes sociais são ilusórias. E é
dessa Igualdade que nasce o desejo de fazer o Bem.
Acima, Dama em um Casaco
de Pele. É um olhar de Monalisa, talvez num El Greco querendo ser da Vinci.
Os olhos são negros como o fundo do quadro, talvez o retrato de uma
aristocrata, rica o bastante para encomendar um quadro. A pele de animal conota
riqueza, pois não são vestes de uma mulher do Povo, da classe social inferior.
Ela ainda ostenta dois anéis, no luxo das joias, entrando em choque com uma
inteligência de Coco Chanel, a revolucionária, que estabeleceu que bijuterias
cumprem bem a missão de adornar, pois, para CC, o que importa é o efeito, não
importando se a beleza vem da riqueza ou da pobreza, numa Chanel de uma atitude
de arrebatar o Mundo. Um delicado véu transparente cobre a dama, e o quadro nos
convida a apalpar, acariciar e sentir a suavidade da pele e do véu, numa
sensação reconfortante, no fascínio dos tecidos finos e requintados, que dão
prazer ao toque, no mesmo prazer de um El Greco produzindo. O véu deixa
transparecer discretamente um colar numa mulher que se arrumou toda para ser
retratada, na questão da autoestima, na necessidade da pessoa, antes de amar os
outros, ter que amar a si mesma. É uma mulher jovem, talvez nem com trinta anos
de idade, e suas sobrancelhas estão devidamente delineadas e depiladas, como as
de um Cristiano Ronaldo. Aqui, não vemos indícios gritantes de maquiagem,
talvez num contexto social em que maquiagem era coisa de mulheres vulgares, de ou
prostitutas. Seus cílios são discretos, a milênios luz de distância da moda dos
cílios postiços. A manga que envolve a mão é de um bordado requintado, e a dama
aqui está digna para um dia de festa, ou para um jantar muito fino, com pratos
requintados à mesa. Sua pele é extremamente alva, como os alvos pés de Maria
esmagando a Serpente da Malícia, numa imagem arrebatadora, cheia de metáfora.
Sua cútis é alva como o casaco de pele, e os pêlos da vestimenta remetem a uma
noite de Lua Cheia, numa loba uivando por uma floresta escura, na magia lunar,
cuja magia é aqui representada pela dama, como no estonteante quadro de Pedro
Américo, no qual a Noite é uma mulher com aspecto de deusa. Aqui, vemos uma
boca formosa, digna da mais fina escultura grega, e suas bochechas estão
coradas, pois não é uma palidez doente, mas uma palidez recatada, querendo ser
pura como leite. Seus dedos são bem delicados, ameaçando quebrar a qualquer
momento, na força que existe na fragilidade, na sedução de uma mulher que
inspira ser salva de um maligno vilão de Disney, no vínculo erótico entre
guardacostas e protegida. Seu cabelo é bem negro, assim como o fundo da cena.
Por que será que El Greco optou por um fundo tão negro, como numa noite encoberta
de Lua Nova? A escuridão faz parte da sedução aqui, como num aconchegante
quarto escuro com uma confortável cama, convidando-nos a deitar e a esquecer do
Mundo lá fora. Esta dama faz este convite, no modo como, dentro de si, o Yin
tem que reinar, deixando o Yang para o Mundo lá fora. Há sequer um fiozinho de
cabelo branco, simbolizando juventude, e já ouvi dizer: No Homem, cabelo branco
é sabedoria; na mulher, desleixo! Na Inglaterra, o cabelo é importante, pois
pintar o cabelo é coisa de mulheres do Povo, e mulheres da Aristocracia não
pintam o cabelo, tendo em Diana uma bela transgressora, amadíssima pelo Povo e
pelo Mundo. E os olhos negros da dama são profundos, num poço sem fundo, num
abismo que se abre para o Nada, como na toca de Laracna de Tolkien, num domínio
em que a dama é total e absoluta regente, desafiando homens a desbravá-la, a
iluminar a aranha e extinguir mistérios desta, iluminando o Yin com a luz do
Yang. Esta dama é um pedestal, uma forte coluna, e não sabemos direito para
onde ela olha – se é para o espectador ou se é para além deste. É a magia de
uma mulher arrumada.
Acima, Cristo Curando o Cego. Ironicamente, pouco antes de escrever aqui,
li uma passagem do Evangelho na qual Jesus curou um leproso, numa divindade
atribuída, capaz de curar qualquer doente, no modo como a Arte tem a capacidade
de curar mentes. Neste quadro, temos uma perspectiva renascentista, arquitetônica,
no resgate da Cultura Pagã Ocidental, mesclando o Clássico com o Cristão.
Parecemos estar numa cidade italiana, talvez Florença, num lugar onde era atroz
a concorrência entre artistas, querendo um ser mais célebre do que o outro,
como algum rival tentou enquadrar da Vinci como homossexual, numa época em que
ser gay era crime, mas nada fora provado. A inevitável concorrência está no Ser
Humano e na Natureza. Vemos vestes vaporosas, finas e coloridas, num grego que,
ironicamente, traz aqui a Arquitetura Grega, em arcos sensuais, vazios, que
permitem a passagem da brisa e do ar, ventilando e nutrindo os seres com oxigênio,
na obsessão de MC Escher por arcos. O chão é quadriculado, como num tabuleiro
de Xadrez, num jogo em que um tenta devorar a inteligência do outro, num El
Greco competindo consigo mesmo, e, aqui, as pessoas são peças num mesmo jogo,
na cena social, na Vida Social, na qual cada integrante tem seu papel, sua
particularidade e sua importância, havendo muita hierarquia: o que realmente
importa é o Rei; o que menos importa é o Peão, na hierarquia da Vida Social
piramidal, do modo como o Espiritismo afirma: há uma hierarquia forte entre os
espíritos, mas uma hierarquia baseada em Amor, e não em Força, sendo a hierarquia
espírita irresistível, pois não visa Poder; visa o Bem. O céu revela formas de
mármore, na eterna fluidez da Natureza, num riacho sempre correndo, sempre
nutrindo. É uma cena social, em que cada um faz o que quer e tem o seu papel.
Aqui, Jesus não está exatamente no centro da cena. É uma cena assimétrica, com
um objetivo nebuloso, e não podemos saber em torno do que a cena gira. Jesus
cura o cego em um ato de Amor, de Irmandade. As pessoas em volto assistem a
cena e fazem comentários, talvez contestando da divindade do Mestre, num Jesus
que começara a ficar famoso e a atrair multidões, no poder carismático que só
os grande megastars podem ter, numa época em que o stablishment das
celebridades ainda não havia se estabelecido. O Ser Humano chega a um ponto em
que é necessário acreditar em uma Inteligência Suprema,
na vastidão do Universo, nos mistérios do Tempo: O que nos antecedeu e o que
nos sucederá? Como é possível Deus sempre ter existido e como é possível que
sempre existirá? É o enigma da Eternidade, a qual é grande demais para ser
compreendida pela tosca Mente Mundana, a qual gira em torno da Matéria e nunca
em torno do Pensamento. É um desafio científico enorme: O que faz um homem
curar outro homem, usando na cura um simples toque e uma simples palavra? Aqui,
Jesus tem um olhar atencioso, debruçando-se completamente sobre o problema do
irmão, assim como dizem que o célebre médium Chico Xavier tinha uma energia
arrebatadora, capaz de emocionar quem se aproximasse deste médium, como na
atriz Glória Menezes, que se emocionou com a simples presença do mestre
espírita, pois o Ser Humano é universal, e Jesus é universal. Temos aqui um
Jesus humilde e discreto, desatento a teorias conspiratórias que acabariam por
crucificá-lo. Aqui, as pessoas observam a cena de cura, e muitos veem Jesus
como um feiticeiro mal intencionado, um Jesus representante do Diabo, inspirando
assim a execução na Cruz. É um dia claro de Sol, e claras são as intenções de
Jesus, colocando-se a serviço do Mundo, curando e libertando este, pois tudo o
que importa é Saúde. Jesus se revela saudável, e sua mão cura quem tem agonia,
como um bom psicoterapeuta, que expõe com clareza os fatos ao paciente. E Jesus
foi uma espécie de médico, mas num Jesus que nunca ambicionou glórias e
riquezas mundanas, no caminho da Humildade, a qual é necessária para o aprendizado
existencial, pois o arrogante nada aprende, nada cresce.
Acima, Laocoonte. As serpentes são agressivas, más, traiçoeiras. Elas
atacam impiedosamente os homens, numa visão do Umbral, a dimensão de sofrimento
aludida pelo Espiritismo. Os corpos aqui são monumentais, esculturais, e a
nudez faz metáfora com a exposição do Ser Humano aos apelos umbralinos da
Malícia e da Ganância – o Homem é escravo do próprio Homem, e cada um coloca-se
por si no Umbral, no conceito do Livre Arbítrio, pois o espírito vai para onde
desejar ir. As rochas aqui são duras, áridas, escuras e cortantes, numa cena
sem consolo ou reconforto, mas num lugar onde há só sofrimento: são nossos
irmãos, que sofrem; não são monstros ou demônios, pois demônios não existem. O
céu está um tanto encoberto, sem a beleza de um Céu de Brigadeiro, sem raios de
Sol capazes de acalentar e nutrir com energia. Aqui, a Serpente do Éden reina
absoluta, açoitando almas de pouco apuro moral, pois este é o objetivo da
Existência – os toscos, que têm pouco apuro, ficam no Umbral. Quase ao centro
do quadro, um cavalo marrom, que é a Liberdade, a Independência, e este cavalo,
com sua elegância olímpica, está livre do açoitamento infernal, cavalgando
livre em escolhas felizes, sem o sofrimento do Umbral. O cavalo é um espírito
avançado que está no Umbral para tentar salvar seus irmãos, estendo a mão a
estes, só que, quem não quer ser ajudado, ajudado não é, na prostração
depressiva, na qual o indivíduo não dá sinais de luta, de esforço ou superação,
nem ao mesmo mostra o mínimo desejo de estar bem, como espíritos miseráveis que
têm pena de si mesmos. Ao fundo no quadro, uma cidade, que é o Reino dos Céus,
mas um reino inacessível aos imorais, aos ladrões, aos mentirosos, aos
sociopatas ardilosos. Este reino é uma promessa distante, muito distante,
destoando completamente da dor do Umbral: há um fundo infinito abismo separando
o Céu do Inferno, e o indivíduo tem que escolher para qual lado vai. Os três
homens mais à esquerda estão em agonia, machucados e doloridos, lutando contra
si mesmos, rangendo os dentes de raiva, sem muito espaço para o Amor em seus
corações, pois quem não se ama, não ama o Mundo. Esta cidade no quadro tem rica
e graciosa arquitetura, sendo esta concebida por espíritos depurados, finos,
boa gente – é a dimensão da Felicidade, do Labor e do Prazer. Por outro lado,
as serpentes malévolas em um terreno tão pobre e árido, tomam conta da
dramaticidade da cena. Estes animais são famintos, e nunca estão satisfeitos,
como uma pessoa ambiciosa, que nunca está completamente saciada – se o que você
tem, você acha que não é o suficiente, então você nunca terá o suficiente e,
consequentemente, não terá Paz, pois a Ambição é a mãe da Guerra, e esta não é
obra de Deus, mas obra do Homem. Na extrema direita da cena, vemos três formas
humanas em pé, discretas, retiradas na cena, numa elegância comedida. São os
espíritos livres, apaziguados, tranquilos, e não estão sofrendo; estão ali para
tentar resgatar seus irmãos do Umbral, como certa vez tive um sonho:
Eu estava machucado,
esfolado e sangrando, e eu estava jogado numa poça de lama. Então apareceu para
mim uma moça muito bonita e simpática, chamada Júlia, e ela tinha cabelos lisos
e negros, na altura dos ombros. Ela me estendeu e mão e me retirou da poça, e
então me levou para um círculo de pessoas que conversavam sentadas. Uma dessas
pessoas pegou um equipamento que parecia ser um celular, e deste saiu um fluído
quentinho e reconfortante, com cheiro de remédio, e este fluído lavou a lama que
estava impregnada em mim. Eu
fui ajudado por uma irmã benévola.
Neste quadro de El Greco, os
espíritos livres encaram a cena com serenidade, nunca se desesperando, pois o
desespero traz sofrimento. Estes espíritos estão esperando pacientemente por uma
oportunidade para ajudar os irmãos que sofrem. E temos um pintor que faz
maravilhas ao retratar corpos atléticos usando basicamente claro e escuro, na
eterna beleza da Nudez na Arte.
Acima, Madona e a Criança com Santa Martina e Santa Agnes. É um quadro
insinuando uma certa simetria, mas não uma simetria óbvia, num meio termo.
Nossa Senhora joga um olhar zeloso sobre o bebê, numa metáfora que serve para o
Ser Humano entender o que é o Divino, o que é a Divina Providência. Ladeada por
dois anjos, a Madona deixa estes admirar o menino, no sentido de que as asas
são a Liberdade, o Livre Arbítrio, algo radicalmente oposto aos sistemas
ditatoriais, os quais oprimem o cidadão, retirando deste sua Liberdade, pois já
ouvi numa canção: Sem Amor, não há Liberdade; sem Liberdade, não há Amor. E não
ama aquele que liberta? Não seria a Opressão o oposto do Amor? A Madona veste
roupas majestosas e vaporosas, muito finas, dignas de Realeza, sendo coroada
Rainha, sem nunca ter de fato reinado na Terra, refutando o Mundano e abraçando
o Psíquico. Aos pés da Madona vemos três querubins, os quais são a Fertilidade,
a Imaginação. Os querubins são as crianças divinas, as quais somos todos nós,
concebidos de forma imaculada, no esforço do Ser Humano em entender o
Metafísico. Dos dois lados da cabeça da Madona, vemos nuvens, as quais insinuam
formas de cabeças de querubins, na infinita fertilidade da mente produtiva, do
modo como Tao está sempre elaborando, no prazer em trabalhar, em produzir, em
contribuir para o Mundo. O menino brinca com a sua mãozinha abraçando a mão da
Mãe, numa criança que está recém interagindo com o Mundo ao redor, num
indivíduo que precisaria de mais de três décadas para crescer, amadurecer e
espraiar pelo mundo poderosos pensamentos, poderosos o suficiente para dividir
a História em duas. É um quadro que esbanja imaginação e fertilidade. Aos pés
da Madona, reverenciando a Mãe Divina, as duas santas, num quadro de identidade
mais feminina do que masculina, num bebê que ainda não é homem. É o útero
divino da Imaculada Conceição, limpo, perfumado, seguro, confortável,
irresistível. A santa da esquerda segura um ramo que parece ser de trigo, na
abundância da cornucópia espiritual, sempre alimentando mentes, trazendo
fartura ao Mundo, como no milagre da multiplicação dos pães. Esta santa está ao
lado de uma cabeça de leão, que é a liderança divina de Jesus, o qual, de forma
humilde, tornou-se um verdadeiro rei entre os Homens, com o título de “Rei dos
Reis”. É o Rei Leão regendo a floresta, irradiando majestade como o Sol,
nutrindo Mundo com sua luz que guia, no modo como Jesus soube guiar as pessoas
(e segue guiando até hoje). Esta santa veste uma cor dourada, no ouro das obras
faraônicas, numa tumba de Tutancâmon sendo descoberta, com seus tesouros
desenterrados e expostos em museu, no modo como o Ser Humano precisa entender
que, no desencarne, nada de material segue o espírito, pois nunca ouvimos falar
que “vão-se os anéis e ficam os dedos”? A santa da direita veste vermelho, no
sangue divino que corre nas veias de todos nós, como em O
Código da Vinci,
romance que fala sobre uma linhagem do sangue de Jesus sobre a Terra. Só que
pouco importa o sangue material – é o imaterial o verdadeiro sangue. A santa
segura um pequeno, manso e frágil cordeiro, o qual é a dedicação ao Divino, num
ser “domado”, domesticado e dócil, como um cavaleiro domando seu cavalo,
trazendo Paz, placidez. Podemos ouvir os anjos cantando em louvor, e a cena exala
um perfume fino e delicioso, numa temperatura agradável, fresquinha.
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