Max Ernst (1891 – 1976) foi
um surrealista alemão de nascença que se radicou nos EUA e na França. Tendo Van
Gogh como ídolo, estudou Psiquiatria e Filosofia. Em 1953, ganhou prêmio na
Bienal de Veneza. Suas obras têm de duas a três dimensões. Os textos e análises
semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!
Acima, A Virgem espancando o Menino Jesus ante Três Testemunhas – Andre
Breton, Paul Eluard e o Pintor. Esta cena, que poderia escandalizar alguns,
é muito cômica, pois mostra que a Sagrada Família é um clã como qualquer outro,
com discussões e brigas, e este quadro certamente escandalizaria uma certa pessoa
falecida de minha família, uma pessoa muito religiosa. Aqui, Nossa Senhora nada
tem de doce, e mostra-se uma mãe enérgica e rigorosa, punindo o filho da forma
tradicional de tapinhas na bunda. A aureola de Jesus está caída ao chão, e
neste momento o Salvador é uma criancinha como qualquer outra, fazendo suas
travessuras e aprendendo lições básicas como se comportar, ter bons modos e
demonstrar respeito aos mais velhos. Aqui, Jesus está sofrendo as dores da
Crucificação, e seu bumbum está vermelho de tantos tapas. Claro que podemos
ouvir o choro da criança, num momento que vai marcar a vida deste infante, o
qual jamais esquecer-se-á deste momento de punição, numa lição sendo aprendida
do pior modo possível. É um remédio amargo que faz bem. Podemos ouvir o som de
cristal sendo brindado, no momento em que a delicada aureola dourada cai. Este
momento faz metáfora com a Morte na Cruz – estamos perto da Páscoa! –, num
momento em que o Filho de Deus perde toda sua divindade e é punido e humilhado
como um homem qualquer sem eira nem beira, punido como um bandido, um
psicopata, um verme desprezível ante o Código Penal Romano. Jesus está nu como
veio ao Mundo, e, aqui, Jesus não é perfeito como na Tradição Bíblica, mas é um
menino sapeca e irritante, irritando sua mãezinha, fazendo com que esta também
se mostre uma figura desidealizada, humana, repleta de vícios e fraquezas. É um
quadro um tanto iconoclasta, irreverente, e precisa ser apreciado com bom
humor, não com conservadorismo inflexível. A Madona está num pedestal, mas não
está se mostrando uma figura idealizada, doce e clemente, mas uma mãe que sabe
que ela própria é responsável pela construção moral do próprio filho. A Madona
veste vermelho, uma cor vibrante, do sangue mostrando que sangue quente pulsa
em seu corpo, caliente, cálida, sedutora, muito diferente de tons neutros ou
esbranquiçados, tons estes que conotam pureza, virgindade e perfeição moral. É
uma cor sexual, típica de bordéis, e isso me remete a uma intelectual que
conheci, a qual, inesquecivelmente, disse-me: “Maria era uma puta, pois teve
filho com alguém que não era seu marido!”. É a cor do sangue derramado na cruz,
numa mãe que abraçou o cadáver ensanguentado do filho, numa cena que antevê a
morte trágica e excruciante, sofrida, martirizante. É o fato de que Jesus era
um homem de carne e osso, e o tom rubro é o vinho, Seu sangue, bebido na Última
Ceia. A veste mais inferior de Maria é de um azul marinho, cor de Iemanjá, e
Jesus parece estar perdido em meio às imensidões oceânicas do Universo, um
Cosmos tão vasto, tão enigmático – será que um dia o Ser Humano compreenderá
isso tudo? O vermelho é a cor da menstruação, num Jesus gerado numa bolsa
vermelha, nas dores das cólicas menstruais, nas dores das palmadas, nas dores
da Crucificação, no fato de que as dores existenciais são inevitáveis e
naturais, e o que muda é o modo do indivíduo lidar com essa dor – se aceitar
esta, esta deixa de ser tão incômoda; se não aceitar, a dor piora... Atrás na
cena, três homens assistindo quietos à cena, talvez o Três Reis Magos visitando
o Menino na manjedoura. É a sociedade machista, a qual pouco permite liberdades
a uma mulher, estabelecendo que só há dois tipos de mulher – a pura e a puta,
quando, na verdade, nenhuma das duas existe. Esta cena tem uma arquitetura
moderna, minimalista, elegante e sedutora, num arquiteto modernista que parece
ter respirado os ares do Movimento Modernista Brasileiro dos anos 1920. Os
homens conversam entre si sem interferir na cena, deixando que a roupa suja se
lave em casa.
Acima, O Chapéu faz o Homem. Aqui, temos um jogo intrincado de equilíbrio,
e os chapéus simbolizam a masculinidade, o estilo de um homem, e os chapéus
estão interligados como num clube exclusivo para cavalheiros, como na
Maçonaria. Estes chapéus estão expostos numa vitrine, em um tempo em que o
acessório era obrigatório a um homem, um hábito que, hoje em dia, perdeu muito
de sua força – é o galgar das modas. Estes cavalheiros estão calmamente
conversando, como num café, em uma ala exclusiva para os homens, na inevitável
cisão social entre homens e mulheres, numa sociedade patriarcal, que não perdoa
um Bolinha fora do Clube do Bolinha. O fundo do quadro é rústico, numa parede
crua, tosca e acolhedora, na simplicidade acolhedora de ambientes simples, de
ambientes sem sedentas pretensões aristocráticas, no modo como um regente tem
que se mostrar sempre muito simples para, assim, conquistar a confiança de seu
próprio povo, pois o povo confia em pessoas humildes e pés no chão, como o
carismático Papa Francisco. Os chapéus são a discrição, o resguardo, a
proteção, protegendo tanto do Sol quanto da chuva, como um telhado, numa parte
fundamental de um lar. O cavalheiro polidamente tira o chapéu ao entrar num
recinto, deixando o casaco e o chapéu na chapelaria (!). O gesto de tirar o
chapéu significa humildade e polidez, como um homem tirando o chapéu para
cumprimentar uma dama, no termo “de tirar o chapéu”, que significa respeitar
alguém. Todos os chapéus aqui são escuros e discretos, como se houvesse uma
regra implícita de conduta, numa frase hilária que ouvi certa vez: “Não deixe
um bando de italianos homossexuais lhe dizer como um homem deve se vestir”.
Apesar da sisudez masculina, temos aqui também muita cor e alegria, numa
animada conversa entre homens, como num café de Caxias do Sul no qual, todo
início de tarde, vários senhores se reúnem para colocar o papo em dia, num
clima animado e descontraído, como no programa televisivo “Papo de Segunda”,
com homens debatendo os assuntos do momento. Aqui, há um prisma de diversidade,
numa alegria feminina, como uma drag queen “quebrando o gelo” e impondo-se
implacavelmente. É a dança de sedução entre masculino e feminino. Esses chapéus
estão em busca de equilíbrio grupal, tentando estabelecer harmonia e rechaçar
ao máximo quaisquer violências, com cavalheiros cordatos, civilizados, que se sentam
para ter uma boa e construtiva conversa. Estes chapéus estão em uma dança, no
modo como existe, em várias culturas, o hábito dos homens se reunirem para
dançar juntos, como nas tradições islâmicas, em contextos culturais nos quais
mulher não entra – e é assim em qualquer lugar do Mundo... Há, aqui, muitos tons
de dourado, no modo como vale ouro um cavalheiro nobre e respeitoso, no
inestimável valor da virtude, de Tao, a elegância eterna, a majestade
irresistível, como num majestoso tapete persa, como a Cleópatra de Liz Taylor
sendo revelada no início do filme, como um tesouro inestimável, numa mulher que
soube se vender muito bem, no tino comercial de outra certa pessoa, cujo nome
não mencionarei. Aqui, há um sabor tutifruti, como num saco das extintas balas
Soft, como num monte de bolinhas de gude, na magia das cores que seduz a
criança e marca a infância de uma pessoa, numa época em que a Vida é simples,
muito simples. Quase ao centro do quadro, vemos uma tora de madeira, a qual é,
é claro, o falo, no termo “botar o pau na mesa”, que significa uma pessoa que se
impõe ao Mundo, como na majestosa Dame Judy Dench num recente filme em que a
estrela interpreta uma rainha Vitória idosa, à beira do desencarne, quando,
numa cena, a rainha dá um “para-te quieto” no próprio filho, o qual ameaçara
depô-la alegando que a monarca era mentalmente doente e incapaz. O falo é a
coragem, o ímpeto, numa pessoa buscando o seu lugar no Mundo, buscando uma
identidade, uma força, uma representatividade, num grande e gordo desafio, que
é o autoencontro. Apesar dos chapéus aqui serem tão similares, há muitos
chapéus que buscam ter identidade e particularidade, num processo existencial
que ocorre dentro da pessoa, e não fora desta.
Acima, Pássaros e também Peixe, Cobra e Espantalho. Aqui, há um pássaro de
duas cabeças, como duas sentinelas, como nas sentinelas do clássico dos anos 80
História sem Fim, no qual qualquer um
que passasse pelas sentinelas era alvejado por raios terríveis emanados dos
dois lados. É como gêmeos siameses, condenados a viver grudados, numa má
formação que, antigamente, deveria ser considerada uma aberração inaceitável.
Os pássaros são brancos, da cor da Paz, da pureza, como na pele da virginal
Elizabeth, num reinado pacífico e próspero, imitando ao máximo os eternos
reinados metafísicos. As bocas dos pássaros emitem espadas delgadas,
penetrantes, perigosas, no poder de atitudes finas e elegantes, minimalistas,
limpas. De um lado vem um peixe, que é a liberdade de pensamento, viajando
livre pelos mares da criação. De outro lado, há algo parecido com um balão de
paraquedas, na leveza de um Max sempre disposto a trazer o inusitado, na
criatividade avassaladora dos surrealistas, num movimento artístico realmente
revolucionário, debruçado sobre os labirintos da mente humana, aliado à
Psiquiatria, tentando desvendar os códigos oníricos, as projeções do self da pessoa, num sonho em que a pessoa
projeta partes de si mesma, como se olhasse num espelho, e não é feliz aquele
que conhece a si mesmo? Na porção inferior do quadro vemos uma serpente terrosa,
de argila, na cor da terra, da Mãe da Biodiversidade. A cobra está ereta,
atenta, talvez planejando um bote, no modo como o artista vai preparando os
seus “botes”, fazendo com que as pessoas se perguntem qual será o próximo bote,
num clima de fãclube e expectativa. Na cena, um barco verde conduz os pássaros,
os quais estão trazendo várias peças de roupas. O barco é a curiosidade
exploratória, aquilo que faz um cientista formular teorias e hipóteses,
querendo desvendar o véu de Deus. Há uma roupa vermelha, em chamas, na sedução
de uma lareira e um cálice de vinho. Há uma saia dobrada, a qual significa a
organização, o ordenamento de ideias, no modo como a pessoa tem que organizar a
própria vida, sob a pena de excruciante dor existencial, no modo como sofrem as
pessoas que parecem ser tão desoladas e abandonadas, como se carecessem de um
anjo da guarda, como um miserável mendigo na rua falando consigo mesmo em voz
alta, com sua própria mente lhe dando alguém com quem possa conversar. Vemos um
touro furioso e indomável, num ímpeto do tamanho do Mundo, num artista de obras
contundentes, difíceis de ser ignoradas. Uma mão tenta conter o touro, talvez a
mão do próprio Max, buscando dar um certo frio a tanto ímpeto avassalador. Do
outro lado do quadro, um manequim com um delicado vestido feminino rosa, num
manequim sem cabeça, que é a ausência de lógica nos códigos oníricos, só
podendo ser desvendados numa sessão de psicoterapia, sob a luz fria da
observação de um terapeuta competente. Sua cintura é fininha, delgada,
simbolizando elegância e beleza, na ditadura dos padrões de beleza, numa
sociedade que faz com que a pessoa fora desses padrões se sinta marginalizada,
o que me remete a uma recente campanha publicitária de cosméticos, em que uma
linda moça com vitiligo hidrata a própria pele, ou também uma moça obesa, longe
da ditadura da magreza semianoréxica vigente no Mundo. Este barco é como um
caixão sendo aberto, numa pessoa que morreu e ressuscitou, deixando para trás a
Vida Material e abraçando a glória que é a Vida Metafísica, um momento em que a
pessoa não só é feliz como também sabe que é feliz. Na porção mais superior do
quadro vemos uma garrafa voando, e de dentro dela sai um gás branco, como um
gás lacrimogêneo, reprimindo violentamente rebeliões violentas, nas lágrimas de
Jesus na Cruz, na garrafa simbolizando o vício, numa pessoa agrilhoada à
Boemia, num lugar de recreação de vícios. O fundo deste quadro é incerto,
nebuloso, como um vidro opaco que nos impede de observar algo com clareza,
pois, quando encarnada, a pessoa só consegue ver as coisas por um vidro opaco,
muito opaco. É assim mesmo.
Acima, Pietà. Temos um Max irreverente e inovador, com toneladas de senso
de humor. Aqui, temos uma subversão da clássica imagem católica da Pietà. Não há uma mãe, mas um pai,
elegantemente vestido, com chapéu, terno e gravata, da cor da terra, do chão,
num Max confortável em seu próprio chão, no modo como são felizes aqueles que
param de construir expectativas em relação à Vida, numa mortificação
espiritual, no caminho da maturidade e da sabedoria. O cavalheiro terroso tem
um garboso bigode, num rosto impecavelmente aprumado, como um noivo se preparando
para o grande dia. Ele se parece com um certo deus hindu que usa bigode, num
princípio masculino, como nos deuses homens gregos, no modo taoista de dividir o
Cosmos entre Yin e Yang, cuja junção nos traz o Grande e Enigmático Arquiteto.
Então, esta Nossa Senhora masculinizada segura o filho Jesus morto, vítima de
cruéis ferimentos, numa imagem muito poderosa, que perdura até hoje (e
provavelmente perdurará ainda por muito tempo, quiçá para sempre). Este Jesus
pós-moderno veste uma camisa branca, sem qualquer manchinha de sangue, no modo
como a carne fica para trás e o espírito sobrevive à Morte – somos todos
sobreviventes. Sua calça é vermelha, claro, da cor do sangue, como na divertida
obra de Dan Brown, em que há uma linhagem sanguínea de Jesus que dura até hoje,
numa família discretíssima, secreta, cheia de virtude e humildade, sugerindo
que apuro moral é geneticamente transmissível, o que não é verdade, pois apuro
moral está na mente, não no corpo nem no DNA deste. As mãos desta Maria Macho
são transparentes, discretas, retiradas, na virtude que existe numa pessoa que
não quer chamar atenção sobre si mesma, como se temesse que o perigo está à espreita,
como num líder cauteloso, que sabe que o perigo pode estar em qualquer esquina
da Vida. A calça vermelha é o martírio. Será que Max gosta de brincar
inocentemente com ícones católicos? Teria Max alma de palhaço, como Mr. Bean? A
pele deste Jesus é azul, da cor do Reino dos Céus, a terra imaterial prometida,
no modo como não há provas científicas da Vida Metafísica, e é uma grande
provação à pessoa acreditar que algo melhor nos espera, como vi hoje mesmo, na
rua, um menininho que precisava de um andador para caminhar, sendo auxiliado
pela zelosa mãe, ou seja, a Vida é difícil para todos nós, meus amigos. O tom
terroso acompanha o motif pascal de chocolate, no perfume das chocolaterias de
Gramado, na cor da cruz em que o Salvador foi torturado até a morte. É a cor de
sangue “enferrujado”, nas relíquias do Vaticano, como o Santo Sudário. Ao fundo
na cena, vemos uma luminária, com um formato parecido com um ponto de
interrogação, na inevitável dúvida cinzenta existencial, nos versos de um
clássico da Broadway: “Nada é totalmente negro; nada é totalmente branco”. A
luminária é a tentativa humana em trazer luz a tantos mistérios que nos cercam,
como o que terá acontecido com o cadáver de Jesus. Também ao fundo na cena, grades
de sacada, como um artista na sacada, observando e pintando o Mundo que o
cerca, no fato de que é preciso que a pessoa tenha uma pitada de contemplação
em sua vida, e não apenas trabalhar, trabalhar e trabalhar, no modo como eu,
por experiência de Vida, cheguei à conclusão de que a Vida com 100% de labor é
desinteressante, muito degradante, como um Jesus na Cruz. Também ao fundo vemos
o desenho de outro homem, como um espírito translúcido, como a Matéria Escura invisível
que une o espaço sideral entre inúmeras galáxias – será que, algum dia, o Ser
Humano vai entender tudo o que o cerca? Essas grades de sacada lembram o famoso
adereço judaico, com vários castiçais para velas, talvez num Max que, apesar de
ser tão brincalhão com ícones sérios, tenha uma verdadeira paixão por
espiritualidade, como no filme Dogma.
O homem desenhado ao fundo tem um semblante triste, num Max catarseando um
sentimento de frustração, de expectativas naufragadas, como um Titanic.
Acima, Vestido de Noiva. Toda a beleza da nudez feminina, mas um nu não
muito agressivo ou vulgar. Num plano mais à frente, uma mulher veste um grande
manto cor de carne, como na famosa Casa da Luz Vermelha, o bordel de Jorge
Amado. Não podemos ver todo o corpo desta modelo, e ela está perfurada por uma
flecha, na tentativa humana de agressividade científica, perfurando os dragões
e descobrindo segredos científicos. É como o santo martirizado, perfurado por
várias flechas, no termo “espetada” nos consultório de Psiquiatria/Psicologia,
onde o terapeuta faz com que o paciente confronte fatos dolorosos da
existência, como dores e frustrações. Ao lado da mulher cor de carne, vemos um
demônio verde, na cor da inveja, ameaçando furar a mulher com mais uma lança,
no modo como a sociedade patriarcal impede que a mulher viva livremente, como
nas meninas que sofrem mutilações genitais em várias partes do Mundo, numa
esfera em que a mulher não pode ser livre para ter escolhas – como é duro ser
mulher ainda! Ao fundo na cena, um quadro na parede que traz a mesma mulher cor
de carne, numa metalinguagem – pintura falando de pintura, como num espelho, em
que a mulher olha para si mesma, no símbolo do sexo feminino, que é um espelho.
No quadro ao fundo, vemos um alegre dia de Céu de Brigadeiro, numa paisagem
feliz, ensolarada, aberta, em que a pessoa deixa para traz os grilhões físicos
e abraça a gloriosa vida metafísica, num ambiente californiano, no qual nunca
chove nem há nuvens de incerteza nos céus. O chão da cena é em xadrez, no modo
como a Humanidade inventa a Inteligência Artificial, quando um programa de
computador venceu, no Xadrez, o homem que era o campeão mundial na categoria,
como nos prognósticos caóticos e pessimistas de Harari, que afirma que podemos
estar nos encaminhando em direção a uma Ditadura Digital, como no contexto de
ficção científica da trilogia Matrix.
A mulher à frente toca o corpo de outra mulher nua, sendo esta da cor roxa, com
um pescoço descomunal e um rosto quase inobservável, usando na cabeça uma saia
com pregas, como na coroa imperial do famoso busto de Nefertiti, fazendo metáfora
com cérebros avantajados, inteligentíssimos, talvez iguais a criaturas
avançadas que não necessariamente são da Terra, no eterno mistério que cerca a
Ufologia. Estas duas mulheres têm seios avantajados, talvez lactantes, prontas
para amamentar sua prole. Mais abaixo na cena vemos uma pequena mulher verde,
da cor do demônio da cena, com quatro seios no peito, talvez como os de uma
cadela, a qual sofre por uma desnutrição para poder amamentar os filhotes, no
modo mamífero de uma mãe ser absolutamente zelosa enquanto os filhos não
crescem, com a diferença que, na raça Humana, a maternidade dura para sempre,
sobrevivendo ao Desencarne, assim como todos os outros vínculos de família também
sobrevivem. A parede ao fundo traz tijolos cinzentos, como paralelepípedos
cinzentos em um dia frio de inverno, como se houvesse uma batalha épica entre
Luz e Escuridão, no arquétipo universal do Bem versus Mal. Podemos ouvir alguns
lamúrios destas mulheres, gemendo talvez de dor, agrilhoadas a um corpo sujeito
às cólicas menstruais, na vida difícil da mulher, enfrentando mensalmente essa
vicissitude orgânica. Este manto rubro é majestoso, e é o interior uterino, no
ventre sacro de Nossa Senhora, a Grande Mãe para cujos braços voltamos ao término
de uma missão na Terra, na desnecessidade de algumas pessoas que pregam o fim
do culto à Nossa Senhora, havendo nessas pessoas uma dificuldade de compreensão
metafórica. A mulherzinha verde está grávida, e podemos já antever o choro do
nenê recém-nascido. Ela parece chorar, como se soubesse que enfrentará horas e
horas de um complicado trabalho de parto, no modo como o corpo físico está
sujeito a dores e desconfortos – a Vida dói em todos nós. Aqui, são mulheres
jovens, que não sabem ainda o que é envelhecer, na juventude eterna dos clubes
elegantes metafísicos.
Referências bibliográficas:
Max Ernst. Disponível em <www.suapesquisa.com>.
Acesso 10 abr. 2019.
Max Ernst Obras. Disponível em <www.google.com>.
Acesso 10 abr. 2019.
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