quarta-feira, 17 de abril de 2019

O Máximo de Ousadia



Max Ernst (1891 – 1976) foi um surrealista alemão de nascença que se radicou nos EUA e na França. Tendo Van Gogh como ídolo, estudou Psiquiatria e Filosofia. Em 1953, ganhou prêmio na Bienal de Veneza. Suas obras têm de duas a três dimensões. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!


Acima, A Virgem espancando o Menino Jesus ante Três Testemunhas – Andre Breton, Paul Eluard e o Pintor. Esta cena, que poderia escandalizar alguns, é muito cômica, pois mostra que a Sagrada Família é um clã como qualquer outro, com discussões e brigas, e este quadro certamente escandalizaria uma certa pessoa falecida de minha família, uma pessoa muito religiosa. Aqui, Nossa Senhora nada tem de doce, e mostra-se uma mãe enérgica e rigorosa, punindo o filho da forma tradicional de tapinhas na bunda. A aureola de Jesus está caída ao chão, e neste momento o Salvador é uma criancinha como qualquer outra, fazendo suas travessuras e aprendendo lições básicas como se comportar, ter bons modos e demonstrar respeito aos mais velhos. Aqui, Jesus está sofrendo as dores da Crucificação, e seu bumbum está vermelho de tantos tapas. Claro que podemos ouvir o choro da criança, num momento que vai marcar a vida deste infante, o qual jamais esquecer-se-á deste momento de punição, numa lição sendo aprendida do pior modo possível. É um remédio amargo que faz bem. Podemos ouvir o som de cristal sendo brindado, no momento em que a delicada aureola dourada cai. Este momento faz metáfora com a Morte na Cruz – estamos perto da Páscoa! –, num momento em que o Filho de Deus perde toda sua divindade e é punido e humilhado como um homem qualquer sem eira nem beira, punido como um bandido, um psicopata, um verme desprezível ante o Código Penal Romano. Jesus está nu como veio ao Mundo, e, aqui, Jesus não é perfeito como na Tradição Bíblica, mas é um menino sapeca e irritante, irritando sua mãezinha, fazendo com que esta também se mostre uma figura desidealizada, humana, repleta de vícios e fraquezas. É um quadro um tanto iconoclasta, irreverente, e precisa ser apreciado com bom humor, não com conservadorismo inflexível. A Madona está num pedestal, mas não está se mostrando uma figura idealizada, doce e clemente, mas uma mãe que sabe que ela própria é responsável pela construção moral do próprio filho. A Madona veste vermelho, uma cor vibrante, do sangue mostrando que sangue quente pulsa em seu corpo, caliente, cálida, sedutora, muito diferente de tons neutros ou esbranquiçados, tons estes que conotam pureza, virgindade e perfeição moral. É uma cor sexual, típica de bordéis, e isso me remete a uma intelectual que conheci, a qual, inesquecivelmente, disse-me: “Maria era uma puta, pois teve filho com alguém que não era seu marido!”. É a cor do sangue derramado na cruz, numa mãe que abraçou o cadáver ensanguentado do filho, numa cena que antevê a morte trágica e excruciante, sofrida, martirizante. É o fato de que Jesus era um homem de carne e osso, e o tom rubro é o vinho, Seu sangue, bebido na Última Ceia. A veste mais inferior de Maria é de um azul marinho, cor de Iemanjá, e Jesus parece estar perdido em meio às imensidões oceânicas do Universo, um Cosmos tão vasto, tão enigmático – será que um dia o Ser Humano compreenderá isso tudo? O vermelho é a cor da menstruação, num Jesus gerado numa bolsa vermelha, nas dores das cólicas menstruais, nas dores das palmadas, nas dores da Crucificação, no fato de que as dores existenciais são inevitáveis e naturais, e o que muda é o modo do indivíduo lidar com essa dor – se aceitar esta, esta deixa de ser tão incômoda; se não aceitar, a dor piora... Atrás na cena, três homens assistindo quietos à cena, talvez o Três Reis Magos visitando o Menino na manjedoura. É a sociedade machista, a qual pouco permite liberdades a uma mulher, estabelecendo que só há dois tipos de mulher – a pura e a puta, quando, na verdade, nenhuma das duas existe. Esta cena tem uma arquitetura moderna, minimalista, elegante e sedutora, num arquiteto modernista que parece ter respirado os ares do Movimento Modernista Brasileiro dos anos 1920. Os homens conversam entre si sem interferir na cena, deixando que a roupa suja se lave em casa.


Acima, O Chapéu faz o Homem. Aqui, temos um jogo intrincado de equilíbrio, e os chapéus simbolizam a masculinidade, o estilo de um homem, e os chapéus estão interligados como num clube exclusivo para cavalheiros, como na Maçonaria. Estes chapéus estão expostos numa vitrine, em um tempo em que o acessório era obrigatório a um homem, um hábito que, hoje em dia, perdeu muito de sua força – é o galgar das modas. Estes cavalheiros estão calmamente conversando, como num café, em uma ala exclusiva para os homens, na inevitável cisão social entre homens e mulheres, numa sociedade patriarcal, que não perdoa um Bolinha fora do Clube do Bolinha. O fundo do quadro é rústico, numa parede crua, tosca e acolhedora, na simplicidade acolhedora de ambientes simples, de ambientes sem sedentas pretensões aristocráticas, no modo como um regente tem que se mostrar sempre muito simples para, assim, conquistar a confiança de seu próprio povo, pois o povo confia em pessoas humildes e pés no chão, como o carismático Papa Francisco. Os chapéus são a discrição, o resguardo, a proteção, protegendo tanto do Sol quanto da chuva, como um telhado, numa parte fundamental de um lar. O cavalheiro polidamente tira o chapéu ao entrar num recinto, deixando o casaco e o chapéu na chapelaria (!). O gesto de tirar o chapéu significa humildade e polidez, como um homem tirando o chapéu para cumprimentar uma dama, no termo “de tirar o chapéu”, que significa respeitar alguém. Todos os chapéus aqui são escuros e discretos, como se houvesse uma regra implícita de conduta, numa frase hilária que ouvi certa vez: “Não deixe um bando de italianos homossexuais lhe dizer como um homem deve se vestir”. Apesar da sisudez masculina, temos aqui também muita cor e alegria, numa animada conversa entre homens, como num café de Caxias do Sul no qual, todo início de tarde, vários senhores se reúnem para colocar o papo em dia, num clima animado e descontraído, como no programa televisivo “Papo de Segunda”, com homens debatendo os assuntos do momento. Aqui, há um prisma de diversidade, numa alegria feminina, como uma drag queen “quebrando o gelo” e impondo-se implacavelmente. É a dança de sedução entre masculino e feminino. Esses chapéus estão em busca de equilíbrio grupal, tentando estabelecer harmonia e rechaçar ao máximo quaisquer violências, com cavalheiros cordatos, civilizados, que se sentam para ter uma boa e construtiva conversa. Estes chapéus estão em uma dança, no modo como existe, em várias culturas, o hábito dos homens se reunirem para dançar juntos, como nas tradições islâmicas, em contextos culturais nos quais mulher não entra – e é assim em qualquer lugar do Mundo... Há, aqui, muitos tons de dourado, no modo como vale ouro um cavalheiro nobre e respeitoso, no inestimável valor da virtude, de Tao, a elegância eterna, a majestade irresistível, como num majestoso tapete persa, como a Cleópatra de Liz Taylor sendo revelada no início do filme, como um tesouro inestimável, numa mulher que soube se vender muito bem, no tino comercial de outra certa pessoa, cujo nome não mencionarei. Aqui, há um sabor tutifruti, como num saco das extintas balas Soft, como num monte de bolinhas de gude, na magia das cores que seduz a criança e marca a infância de uma pessoa, numa época em que a Vida é simples, muito simples. Quase ao centro do quadro, vemos uma tora de madeira, a qual é, é claro, o falo, no termo “botar o pau na mesa”, que significa uma pessoa que se impõe ao Mundo, como na majestosa Dame Judy Dench num recente filme em que a estrela interpreta uma rainha Vitória idosa, à beira do desencarne, quando, numa cena, a rainha dá um “para-te quieto” no próprio filho, o qual ameaçara depô-la alegando que a monarca era mentalmente doente e incapaz. O falo é a coragem, o ímpeto, numa pessoa buscando o seu lugar no Mundo, buscando uma identidade, uma força, uma representatividade, num grande e gordo desafio, que é o autoencontro. Apesar dos chapéus aqui serem tão similares, há muitos chapéus que buscam ter identidade e particularidade, num processo existencial que ocorre dentro da pessoa, e não fora desta.


Acima, Pássaros e também Peixe, Cobra e Espantalho. Aqui, há um pássaro de duas cabeças, como duas sentinelas, como nas sentinelas do clássico dos anos 80 História sem Fim, no qual qualquer um que passasse pelas sentinelas era alvejado por raios terríveis emanados dos dois lados. É como gêmeos siameses, condenados a viver grudados, numa má formação que, antigamente, deveria ser considerada uma aberração inaceitável. Os pássaros são brancos, da cor da Paz, da pureza, como na pele da virginal Elizabeth, num reinado pacífico e próspero, imitando ao máximo os eternos reinados metafísicos. As bocas dos pássaros emitem espadas delgadas, penetrantes, perigosas, no poder de atitudes finas e elegantes, minimalistas, limpas. De um lado vem um peixe, que é a liberdade de pensamento, viajando livre pelos mares da criação. De outro lado, há algo parecido com um balão de paraquedas, na leveza de um Max sempre disposto a trazer o inusitado, na criatividade avassaladora dos surrealistas, num movimento artístico realmente revolucionário, debruçado sobre os labirintos da mente humana, aliado à Psiquiatria, tentando desvendar os códigos oníricos, as projeções do self da pessoa, num sonho em que a pessoa projeta partes de si mesma, como se olhasse num espelho, e não é feliz aquele que conhece a si mesmo? Na porção inferior do quadro vemos uma serpente terrosa, de argila, na cor da terra, da Mãe da Biodiversidade. A cobra está ereta, atenta, talvez planejando um bote, no modo como o artista vai preparando os seus “botes”, fazendo com que as pessoas se perguntem qual será o próximo bote, num clima de fãclube e expectativa. Na cena, um barco verde conduz os pássaros, os quais estão trazendo várias peças de roupas. O barco é a curiosidade exploratória, aquilo que faz um cientista formular teorias e hipóteses, querendo desvendar o véu de Deus. Há uma roupa vermelha, em chamas, na sedução de uma lareira e um cálice de vinho. Há uma saia dobrada, a qual significa a organização, o ordenamento de ideias, no modo como a pessoa tem que organizar a própria vida, sob a pena de excruciante dor existencial, no modo como sofrem as pessoas que parecem ser tão desoladas e abandonadas, como se carecessem de um anjo da guarda, como um miserável mendigo na rua falando consigo mesmo em voz alta, com sua própria mente lhe dando alguém com quem possa conversar. Vemos um touro furioso e indomável, num ímpeto do tamanho do Mundo, num artista de obras contundentes, difíceis de ser ignoradas. Uma mão tenta conter o touro, talvez a mão do próprio Max, buscando dar um certo frio a tanto ímpeto avassalador. Do outro lado do quadro, um manequim com um delicado vestido feminino rosa, num manequim sem cabeça, que é a ausência de lógica nos códigos oníricos, só podendo ser desvendados numa sessão de psicoterapia, sob a luz fria da observação de um terapeuta competente. Sua cintura é fininha, delgada, simbolizando elegância e beleza, na ditadura dos padrões de beleza, numa sociedade que faz com que a pessoa fora desses padrões se sinta marginalizada, o que me remete a uma recente campanha publicitária de cosméticos, em que uma linda moça com vitiligo hidrata a própria pele, ou também uma moça obesa, longe da ditadura da magreza semianoréxica vigente no Mundo. Este barco é como um caixão sendo aberto, numa pessoa que morreu e ressuscitou, deixando para trás a Vida Material e abraçando a glória que é a Vida Metafísica, um momento em que a pessoa não só é feliz como também sabe que é feliz. Na porção mais superior do quadro vemos uma garrafa voando, e de dentro dela sai um gás branco, como um gás lacrimogêneo, reprimindo violentamente rebeliões violentas, nas lágrimas de Jesus na Cruz, na garrafa simbolizando o vício, numa pessoa agrilhoada à Boemia, num lugar de recreação de vícios. O fundo deste quadro é incerto, nebuloso, como um vidro opaco que nos impede de observar algo com clareza, pois, quando encarnada, a pessoa só consegue ver as coisas por um vidro opaco, muito opaco. É assim mesmo.


Acima, Pietà. Temos um Max irreverente e inovador, com toneladas de senso de humor. Aqui, temos uma subversão da clássica imagem católica da Pietà. Não há uma mãe, mas um pai, elegantemente vestido, com chapéu, terno e gravata, da cor da terra, do chão, num Max confortável em seu próprio chão, no modo como são felizes aqueles que param de construir expectativas em relação à Vida, numa mortificação espiritual, no caminho da maturidade e da sabedoria. O cavalheiro terroso tem um garboso bigode, num rosto impecavelmente aprumado, como um noivo se preparando para o grande dia. Ele se parece com um certo deus hindu que usa bigode, num princípio masculino, como nos deuses homens gregos, no modo taoista de dividir o Cosmos entre Yin e Yang, cuja junção nos traz o Grande e Enigmático Arquiteto. Então, esta Nossa Senhora masculinizada segura o filho Jesus morto, vítima de cruéis ferimentos, numa imagem muito poderosa, que perdura até hoje (e provavelmente perdurará ainda por muito tempo, quiçá para sempre). Este Jesus pós-moderno veste uma camisa branca, sem qualquer manchinha de sangue, no modo como a carne fica para trás e o espírito sobrevive à Morte – somos todos sobreviventes. Sua calça é vermelha, claro, da cor do sangue, como na divertida obra de Dan Brown, em que há uma linhagem sanguínea de Jesus que dura até hoje, numa família discretíssima, secreta, cheia de virtude e humildade, sugerindo que apuro moral é geneticamente transmissível, o que não é verdade, pois apuro moral está na mente, não no corpo nem no DNA deste. As mãos desta Maria Macho são transparentes, discretas, retiradas, na virtude que existe numa pessoa que não quer chamar atenção sobre si mesma, como se temesse que o perigo está à espreita, como num líder cauteloso, que sabe que o perigo pode estar em qualquer esquina da Vida. A calça vermelha é o martírio. Será que Max gosta de brincar inocentemente com ícones católicos? Teria Max alma de palhaço, como Mr. Bean? A pele deste Jesus é azul, da cor do Reino dos Céus, a terra imaterial prometida, no modo como não há provas científicas da Vida Metafísica, e é uma grande provação à pessoa acreditar que algo melhor nos espera, como vi hoje mesmo, na rua, um menininho que precisava de um andador para caminhar, sendo auxiliado pela zelosa mãe, ou seja, a Vida é difícil para todos nós, meus amigos. O tom terroso acompanha o motif pascal de chocolate, no perfume das chocolaterias de Gramado, na cor da cruz em que o Salvador foi torturado até a morte. É a cor de sangue “enferrujado”, nas relíquias do Vaticano, como o Santo Sudário. Ao fundo na cena, vemos uma luminária, com um formato parecido com um ponto de interrogação, na inevitável dúvida cinzenta existencial, nos versos de um clássico da Broadway: “Nada é totalmente negro; nada é totalmente branco”. A luminária é a tentativa humana em trazer luz a tantos mistérios que nos cercam, como o que terá acontecido com o cadáver de Jesus. Também ao fundo na cena, grades de sacada, como um artista na sacada, observando e pintando o Mundo que o cerca, no fato de que é preciso que a pessoa tenha uma pitada de contemplação em sua vida, e não apenas trabalhar, trabalhar e trabalhar, no modo como eu, por experiência de Vida, cheguei à conclusão de que a Vida com 100% de labor é desinteressante, muito degradante, como um Jesus na Cruz. Também ao fundo vemos o desenho de outro homem, como um espírito translúcido, como a Matéria Escura invisível que une o espaço sideral entre inúmeras galáxias – será que, algum dia, o Ser Humano vai entender tudo o que o cerca? Essas grades de sacada lembram o famoso adereço judaico, com vários castiçais para velas, talvez num Max que, apesar de ser tão brincalhão com ícones sérios, tenha uma verdadeira paixão por espiritualidade, como no filme Dogma. O homem desenhado ao fundo tem um semblante triste, num Max catarseando um sentimento de frustração, de expectativas naufragadas, como um Titanic.


Acima, Vestido de Noiva. Toda a beleza da nudez feminina, mas um nu não muito agressivo ou vulgar. Num plano mais à frente, uma mulher veste um grande manto cor de carne, como na famosa Casa da Luz Vermelha, o bordel de Jorge Amado. Não podemos ver todo o corpo desta modelo, e ela está perfurada por uma flecha, na tentativa humana de agressividade científica, perfurando os dragões e descobrindo segredos científicos. É como o santo martirizado, perfurado por várias flechas, no termo “espetada” nos consultório de Psiquiatria/Psicologia, onde o terapeuta faz com que o paciente confronte fatos dolorosos da existência, como dores e frustrações. Ao lado da mulher cor de carne, vemos um demônio verde, na cor da inveja, ameaçando furar a mulher com mais uma lança, no modo como a sociedade patriarcal impede que a mulher viva livremente, como nas meninas que sofrem mutilações genitais em várias partes do Mundo, numa esfera em que a mulher não pode ser livre para ter escolhas – como é duro ser mulher ainda! Ao fundo na cena, um quadro na parede que traz a mesma mulher cor de carne, numa metalinguagem – pintura falando de pintura, como num espelho, em que a mulher olha para si mesma, no símbolo do sexo feminino, que é um espelho. No quadro ao fundo, vemos um alegre dia de Céu de Brigadeiro, numa paisagem feliz, ensolarada, aberta, em que a pessoa deixa para traz os grilhões físicos e abraça a gloriosa vida metafísica, num ambiente californiano, no qual nunca chove nem há nuvens de incerteza nos céus. O chão da cena é em xadrez, no modo como a Humanidade inventa a Inteligência Artificial, quando um programa de computador venceu, no Xadrez, o homem que era o campeão mundial na categoria, como nos prognósticos caóticos e pessimistas de Harari, que afirma que podemos estar nos encaminhando em direção a uma Ditadura Digital, como no contexto de ficção científica da trilogia Matrix. A mulher à frente toca o corpo de outra mulher nua, sendo esta da cor roxa, com um pescoço descomunal e um rosto quase inobservável, usando na cabeça uma saia com pregas, como na coroa imperial do famoso busto de Nefertiti, fazendo metáfora com cérebros avantajados, inteligentíssimos, talvez iguais a criaturas avançadas que não necessariamente são da Terra, no eterno mistério que cerca a Ufologia. Estas duas mulheres têm seios avantajados, talvez lactantes, prontas para amamentar sua prole. Mais abaixo na cena vemos uma pequena mulher verde, da cor do demônio da cena, com quatro seios no peito, talvez como os de uma cadela, a qual sofre por uma desnutrição para poder amamentar os filhotes, no modo mamífero de uma mãe ser absolutamente zelosa enquanto os filhos não crescem, com a diferença que, na raça Humana, a maternidade dura para sempre, sobrevivendo ao Desencarne, assim como todos os outros vínculos de família também sobrevivem. A parede ao fundo traz tijolos cinzentos, como paralelepípedos cinzentos em um dia frio de inverno, como se houvesse uma batalha épica entre Luz e Escuridão, no arquétipo universal do Bem versus Mal. Podemos ouvir alguns lamúrios destas mulheres, gemendo talvez de dor, agrilhoadas a um corpo sujeito às cólicas menstruais, na vida difícil da mulher, enfrentando mensalmente essa vicissitude orgânica. Este manto rubro é majestoso, e é o interior uterino, no ventre sacro de Nossa Senhora, a Grande Mãe para cujos braços voltamos ao término de uma missão na Terra, na desnecessidade de algumas pessoas que pregam o fim do culto à Nossa Senhora, havendo nessas pessoas uma dificuldade de compreensão metafórica. A mulherzinha verde está grávida, e podemos já antever o choro do nenê recém-nascido. Ela parece chorar, como se soubesse que enfrentará horas e horas de um complicado trabalho de parto, no modo como o corpo físico está sujeito a dores e desconfortos – a Vida dói em todos nós. Aqui, são mulheres jovens, que não sabem ainda o que é envelhecer, na juventude eterna dos clubes elegantes metafísicos.

Referências bibliográficas:

Max Ernst. Disponível em <www.suapesquisa.com>. Acesso 10 abr. 2019.

Max Ernst Obras. Disponível em <www.google.com>. Acesso 10 abr. 2019.

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