Falo sobre vários artistas da Pop
Art. As análises semióticas a seguir são minhas e não do livro base de
Osterwold, minha referência bibliográfica.
Acima, Journal, um liquitex de polímero e acrílico sobre tela, de Howard
Kanovitz, de 1972-73. Enorme, com quase três metros de altura. O eterno namoro
da Pop Art com a mídia de massa. Uma jovem Mia Farrow dando uma de modelo. A
maquiagem da modelo é bem anos 70, com ênfase nos cílios (fartos). Sua franja
emoldura um belo rosto. Ela não sorri e está atônita, chocada, incomodada,
incerta. Ela não sabe direito quem ela própria é e nem para onde vai. Ela não
sabe o futuro da carreira de modelo, e age instintivamente, com inteligência
emocional, com sensibilidade. Será que ela vai deslanchar depois da capa desta
revista? Será que o mundo aclama-la-á? As pontas da franja são incertas,
irregulares, assim como as expectativas da modelo. Uma carreira de modelo pode
ser bem cruel e difícil, num mercado concorrido, no qual há muitos corpões e
rostinhos bonitos ambicionando as mesmas oportunidades, num mercado que exige
condicionamento sobre humano dos modelos, num sistema volúvel que, do mesmo
modo como adota e contrata um modelo, descarta-o logo depois. A modelo Shirley
Mallmann foi entrevistada certa vez sobre sua irmã mais nova, se esta seguiria
os passos da irmã no mundo da moda, e Shirley disse que não, pois, amando sua
irmã, não desejaria para esta uma vida de modelo. A mídia é um monstro faminto,
sempre em busca de frescor, de novidade, de juventude. A juventude feliz é uma
invenção de velhos, e ser muito jovem não é bom. Aqui, os olhos da modelo estão
atentos, tensos, observando o mundo. Seu rosto belo é arrebatador, e chama a atenção
em uma banca de revistas, significando vendas e movimento de capital. O mundo
bonifica quem promove vendas. A boca da modelo está levemente entreaberta,
revelando uma faixa mínima de dentes. Não há sorriso aqui, só dúvida, uma
dúvida muito humana, imperfeita, inevitável. Em questão de pouco tempo, virá
uma nova semana, um novo mês, e a modelo será substituída por outra, e assim a
mídia elege seus deuses do momento, numa festa com prazo de validade. Essa
cascata de fome interminável é inevitável, como no Facebook, onde informação é
soterrada por mais informação que, por sua vez, é soterrada por ainda mais
informação. O mundo não para. A mídia não para. A vida é luta. Um laço ao redor
do pescoço da modelo enforca-a, descarta-a, sacrifica-a, e os breves quinze
minutos de fama mostram-se finitos, limitados. É como aparecer em uma glamorosa
coluna social: hoje, você está em evidência e é um deus nas páginas de um
jornal; amanhã, você foi esquecido e deletado. A modelo parece saber disso, e
sua expressão atônita diz à moça que tudo tem seu prazo. Seus olhos têm uma cor
incerta, azul ou cinza – não se sabe. É um tom misterioso, nunca óbvio. Seus
cabelos escuros servem de base para os textos em branco, num contraste
chamativo, feito por quem entende de capas de revistas. A modelo parece ter ao
redor do pescoço uma cobra assassina sufocante, enforcando a modelo,
sacrificando-a e transformando-a em
presa. A modelo parece estar sentindo o sufocamento, e nada
pode fazer para aplacá-lo – ela, a modelo, está condenada. Suas feições suaves
sequer linhas de expressão têm, muito menos têm rugas, na busca incessante do
ser humano por boa aparência. A modelo é uma boneca, uma Barbie, competente em
sua fotogenia, eliminando candidatas com as quais concorreu por esta capa de
revista – é o canibalismo competitivo, inerente à vida. A coisificação toma
forma; o fetiche do objeto, também, e a revista é um objeto palpável, físico,
material, valendo como troca por uma certa quantia de dinheiro. A América
precisa viver, comer, vestir, e o trabalho não pode cessar.
Acima, Performing K.K. No. 2 (Sunday Edition), ou seja, Performance K.K. No. 2 (Edição de Domingo),
um óleo sobre tela de Öyvind Fahlström, de 1963-64. Estranhíssimo. Esplêndido.
Corajoso. Uma história em quadrinhos sem pé nem cabeça, numa cristalização do
inconsciente do artista. Há um camundongo que remete a Mickey Mouse, e o animal
dá gargalhadas frente a uma janela gradeada de uma prisão, no aprisionamento da
mente que reprime a si mesma. Ser artista é dar fluidez ao próprio pensamento,
nunca omitindo lampejos e insights. Uma banheira transborda de água, no excesso
dos egos transbordantes, tão comuns no meio artístico (e no restante do mundo
também). Aqui, o vermelho é abundante, servindo de base para um aquecimento
cromático, como molho de tomate. O amarelo também está presente, dando a cor
para paredes. No último e maior quadro, o preto predomina, na dúvida, no
obscurantismo, nunca revelando o que está por vir, em um mistério implacável.
Dois grandes ovos azuis são como dois testículos castrados, como Fahlström teve
que não se autorreprimir para fazer esta história em quadrinhos inquietante.
Uma árvore é engolida pela escuridão, escondendo em si o segredo da vida, da
fertilidade. As palavras faithful e foolish, ou seja, fiel e tolo, estão
associadas, num enigma de redação – aquele que é fiel acaba sendo passado para
trás. Pessimismo. Falta de ilusões em relação ao ser humano, como Tolkien não
tem ilusões em relação à Humanidade. Um homem com estrela de xerife está abaixo
da janela da cadeia, assustado, acovardado. Aqui, o xerife aparece diversas
vezes. O xerife é a luz da Lei; é o agente da ordem, buscando trazer paz e
estabilidade a este divertido mundo sem sentido de Fahlström. O xerife diz Um dia adorável, tão livre de mal, tão livre
de pecado, tão livre de camundongo, tão livre de (...). O xerife quer um
dia pleno, produtivo, belo, proveitoso. Mas o camundongo vem a desestabiliza tudo.
Parece que um trilho de trem passa por cima do xerife, e, atrás, um aparelho de
aspirador de pó, tentando limpar, tentando colocar a casa e o dia em ordem. Neste genial
trabalho de Fahlström, tudo é incerto. Só há sugestão, nunca certeza. É um
mundo próprio, com suas próprias leis misteriosas. É o confortável berço das
projeções psíquicas, fazendo do sonho durante a noite um enredo que precisa ser
desvendado e decodificado com a ajuda de alguém. Aqui, pouco pode ser
visualizado com clareza, e cada espectador vê o que quiser ver, numa liberdade
interminável de interpretação. No quadro maior, abaixo, uma esfera negra, como
uma ameaçadora bomba, prestes a destruir tudo. É o negror do mistério. Ao lado
do camundongo, um fogo começando a se espraiar, ameaçando o xerife, cuja cabeça
parece estar sendo esmagada por um tijolo. Aqui, vemos canos, estradas,
esculturas, caminhos, pontes e trajetos, e nunca sabemos de onde vêm ou para
onde vão. Esta obra de Fahlström tem suas próprias indecifráveis regras, e o
espectador é convidado a embarcar nesse passeio, sendo fiel ao autor e deixando
que este chame o mundo de “bobo”. Fica-se abobado aqui, pois os elementos visuais
e textuais poucas pistas dão, tornando-se um labirinto dinâmico, o qual está em
permanente mutação, sendo traiçoeiro para com quem quer chegar ao centro desta
charada. É como um momento onírico, cheio de projeções indagantes e inquietantes.
Que viagem. Escadas variadas que levam a muitos destinos. Vemos algo que parece
uma lanterna, a qual tem a difícil função de compreender este caos todo, esta
falta de direção. Essa é a intenção de Fahlström – desnortear. Aqui, há muitas
perguntas para poucas respostas. E por que uma prisão? Será porque o autor
sente-se preso a um mundo tão óbvio, a um mundo no qual há tanta obviedade e
tão pouca sofisticação? Este é um manifesto de Fahlström, num artista querendo
ser sinônimo de estranheza, de mistério. Fahlström quer ser diferente, e
consegue. Impossível imaginar um artista parecido com este. Cada quadrinho aqui
é uma janela para o indecifrável, e livres interpretações abundam. Por que o
camundongo ri? Seria o camundongo um impulso do inconsciente? Por que um
animal? Seria alusão à Disney, sendo esta um símbolo da cultura de massa
norteamericana?
Acima, Eddie Diptych, ou seja, Díptico
Eddie, um óleo sobre tela de dois painéis de Roy Lichtenstein, de 1962, no
estilo inconfundível de RL. A moça loira teve uma grande decepção amorosa por
um homem chamado Eddie. Ela é consolada pela mãe, que a oferece algo para
comer, mas a moça quer ficar só em seu próprio quarto, abatida, magoada. Seus
cabelos loiros cacheados emolduram um rosto tenso, sério, com uma sensação de
amargor na boca. A moça olha para o nada, e demorará algum tempo para sorrir
novamente, mas sobreviverá. A mãe sabe que não pode fazer algo a respeito,
oferecendo um pequeno consolo de carinho, sabendo que a filha é jovem e que
esta encontrará outro rapaz, alguém respeitoso e cheio de amor para dar. A moça
quis casar, ter filhos, construir uma vida ao lado do rapaz em questão, mas ele
nunca a quis profundamente, e a moça passa a perceber que o rapaz não estava lá
de coração aberto, mas fechado, enclausurado, inacessível, escondido, distante,
frio. A blusa da moça é verde porque esta é ainda jovem e inexperiente, verde
como uma fruta prematura. O fundo vermelho entra em harmonia com os lábios das
duas, num momento de identidade feminina, numa conversa de mãe para filha. A
mãe provavelmente já passou por experiências semelhantes às da filha, e aquela
quer dar conselhos sábios, dizendo à filha que esta sobreviverá, apesar da
situação ser aparentemente tão esmagadora e inescapável. As sobrancelhas da
moça são tensas, e ela nunca imaginou que o rapaz em questão seria capaz de
magoá-la tanto. Ela está com um tanto de ódio no coração em relação a Eddie, o
qual fugiu para bem longe, fora do alcance, dono de um coração amedrontado,
imaturo. Eddie tem medo de intimidade, e a moça queria ser muito íntima dele. A
moça queria amor; Eddie, sexo. A moça está se dando conta de que Eddie jamais
esteve lá com o coração dele, com os sentimentos dele. Eddie tem medo de se
entregar. A moça está indignada porque ela tinha intenções nobres e carinhosas
para com Eddie. A sombra abaixo do queixo da moça joga um momento de negror no
quadro, num momento em que a moça acha que jamais recuperar-se-á de tamanho
choque. Apesar da mãe estar preocupada, esta, na sua sabedoria da idade, sabe
que esta fase passará, e que a filha encontrará o tão desejado amor de sua vida.
A cor púrpura da roupa da mãe tem tons de hematoma, como no dano emocional que
tanto está magoando a moça. Mas o hematoma vai sarar e um belo dia de céu de
brigadeiro virá, apesar da moça estar deprimida e achar que jamais dará a volta
por cima. Os cabelos negros da mãe compreendem o momento de incerteza emocional
da filha. A pele de ambas é alva, imaculada, do mesmo modo como a mãe passou
por vários choques e recuperou-se em triunfo, sarando o machucado. E a mãe quer
dizer isso à filha, a qual que ficar reclusa, amargando este momento duro,
purgando. Quando é para uma pessoa passar por um certo momento existencial,
nada pode demovê-la desse momento. O importante é ter a força para tocar a vida
para frente. Bem no fundo, a moça sabe que triunfará e que esquecerá Eddie.
Mas, por hora, a moça quer ficar um tanto isolada do mundo, e a mãe respeita
esse momento. Os cabelos ondulados da moça são um labirinto, no qual esta está
perdida, sem noção, sem norte. Essa experiência vai ensinar a moça e ter mais
força e a evitar a construção de expectativas. A moça está aprendendo que, para
um relacionamento ser bem sucedido, este tem que começar pela razão, e não pelo
coração. O coração só pode ser aberto quando o pensamento racional dá o sinal
verde, na cor da blusa da moça. Abatida e sem fome, a moça não vê que a mãe
está totalmente debruçada sobre a dor da filha.
A seguir, dois trabalhos que se
complementam, com fibra de vidro pintada, couro e cabelos, tamanho natural de
Allen Jones, de 1969. Em Chair e Table, ou seja, Cadeira e Mesa, uma
divertida catarse, expulsando a misoginia de dentro de Jones. As bonecas são
submissas, escravas, totalmente à disposição do mundo machista que as cerca. A
mulher está com os seios expostos, dando de mamar a uma ninhada faminta. A
mulher desempenha um mero papel de provedora, escravizada, reduzida a uma
posição subserviente. As botas de salto alto são sexy, como em uma Mulher Gato,
só que esta não é submissa; é autônoma, rainha de seu próprio castelo, de seu
próprio território, de sua própria vida. Uma feminista odiaria estes trabalhos
de Jones, mas não se trata de maldade no artista, bem pelo contrário – Jones
aqui faz exorcismo de preconceitos tão comuns na sociedade patriarcal. Em ambas
as posições nesses móveis sui generis,
a mulher está numa posição sexual passiva, sendo reduzida a objeto sexual,
dominada, controlada. Na verdade, são obras muito feministas, pois carregam
todo um teor crítico dentro de si. Sente-se uma certa culpa ao sentar-se na
cadeira ou a repousar algum objeto sobre a mesa. Aqui, existe uma culpa em
relação a esse sadomasoquismo. A pele da mulher é alva e intocada, de aspecto
virginal, excitando o espectador a deflorá-la e explorá-la, havendo prazer ao
usar-se tanto a mesa quanto a cadeira. Não podemos passar insensíveis por estes
trabalhos de Jones e, realmente, não são móveis comuns nem medíocres, mas peças
de arte detentoras de muito poder incitador. Jones convida-nos a apreciar e
criticar o mundo que nos cerca e que cerca as mulheres em geral. Jones quer
saber como uma mulher se sente em um mundo tão machista. O cabelo curto da
mulher é masculinizante, trazendo um certo sabor andrógino. Não é uma donzela
com longos cabelos de comercial de xampu. Jones traz uma sensualidade
transgressora e, no frigir dos ovos, estes dois móveis tornam-se amigos das
mulheres, pois há uma interessante linha tênue aqui entre ser sexy e ser uma
escrava. A mulher está humilhada, submissa, nunca tendo o controle de sua
própria vida. E a mulher está um tanto feliz nessa situação – ela mesma é
machista, e faz questão de ser mantida e sustentada por um homem. É claro que
não são móveis convencionais nem comuns. São obras de arte e não de decoração.
São peças muito fortes e contundentes, impossíveis de entrar em harmonia com
uma sala “normal”. Aqui, a mulher suporta o peso do mundo, numa mensagem
feminista que despreza a sociedade patriarcal. Aqui, a mulher sustenta o mundo,
sendo forte, dura, pétrea. Jones é muito divertido, e essas peças são piadas;
não são para receber seríssimas interpretações nem condenações. Ironicamente, o
artista não está sendo preconceituoso aqui, bem pelo contrário: ele quer causar
reflexão. Jones está sendo muito modesto quando nos fala que são apenas uma
mesa e uma cadeira. Aqui, a alma do artista é libertada pela crítica à
misoginia, convidando o espectador e embarcar nesse manifesto. Não devemos
condenar Jones, pois nunca pode-se usar a obra contra o artista. Aqui, não
devemos confundir alhos com bugalhos. É tudo muito puro e inocente aqui. É
positivo. Jones tem um pulso criativo, tornando-se inconfundível e
deliciosamente inusitado. Desculpe-me por minha indiscrição, mas as duas peças
remetem a sexo anal.
Acima, Chair. A mulher mostra uma elasticidade incrível, praticamente
beijando os próprios joelhos. Os saltos da bota ficam voltados para cima,
agressivos, cortantes, emitindo um aviso, aconselhando a manter distância, como
pontas cortantes de pirâmides. A mulher está de olhos fechados, como se
estivesse dormindo, sem ter consciência de sua própria posição de objeto de
decoração. A mulher está sedada, anestesiada, controlada. Aqui, tem-se medo das
mulheres, e o misógino acaba revelando-se um covarde, sendo um arremedo de
homem. A mulher tem o aspecto de boneca inflável de sexo, sendo usada por
alguém que tem medo de se relacionar com seres humanos de verdade. A mulher é
uma simulação; não é real. É uma piada, e Jones mostra-nos aqui um espírito de
palhaço, de entretenimento. Aqui, temos sátira e irreverência, indo contra à
reverência da mulher coisificada. Jones explora o corpo feminino, expondo este
com orgulho. A peça fica em formato de L, como de uma lady, ou seja, dama. A
mulher tem aqui dignidade – serve para algo. É um trabalho que a mulher
desempenha com ampla dedicação, tornado-se útil. Na verdade, a mulher está
feliz e satisfeita em servir ao mundo. A mulher está colocando o ego de lado e
está produzindo, contribuindo para com o mundo. A mulher está em paz.
Acima, Table. A mulher debruça-se sobre si mesma olhando em um espelho no
chão, como um Narciso pós moderno, prestes a afogar-se em sua própria vaidade,
centrando tudo e todos em torno do próprio umbigo. Seus seios pendem
sensualmente, macios, flácidos, maravilhosos. É como se fosse que a mulher
estivesse brincando de ser um cachorro ou um gato, bebendo seu leite em uma
tigela no chão. A mulher está alheia, focada em si mesma, do modo como muitos
homens adoram vídeos pornográficos de uma mulher sozinha se tocando ou de duas
mulheres na mesma cama. A mulher não nota que está sendo usada como objeto,
como uma coisa sem vida, como um móvel exposto em uma loja, em uma vitrine terrivelmente
clara e explícita. A mulher é ignorante, pois esquece de tudo ao redor. A
mulher está anestesiada em relação ao mundo ao seu redor, refletindo sobre quem
ela mesma realmente é. Ela não está muito satisfeita em ser um objeto sexual, e
começa a dar sinais de reação. O vidro em cima exerce peso e pressão,
torturando-a, testando sua força. A transparência do vidro é a forma clara de
como a mulher está agrilhoada, num calabouço sadomasoquista, entregue às
fantasias de um homem perverso e tarado. A mulher está disposta a aguentar o
tranco, e quer ter uma vida melhor. Os parafusos que prendem o vidro à mulher
são como pregos pregando Jesus Cristo. A mulher está crucificada, sendo punida
por ser mulher. Os romanos crucificam o Filho de Deus, o qual dará a volta por
cima e ressuscitará. A mulher renascerá e libertar-se-á.
Referência
bibliográfica:
OSTERWOLD,
Tilman. Pop Art. Köln: Taschen, 2007
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