quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Artistas Populares da Pop Art (Parte 8)




            Falo sobre vários artistas da Pop Art. As análises semióticas a seguir são minhas e não do livro base de Osterwold, minha referência bibliográfica.

            Acima, Double Isometric Self-Portrait (Serape), ou seja, Duplo Autorretrato Isométrico (Robe de Quarto), um óleo, madeira e metal sobre tela de Jim Dine, de 1964. Intensa alegria e diversidade cromática, como num arcoíris festivo. O robe é o conforto, o prazer de estar à vontade em casa, em um momento de recolhimento, degustando um vinho ou uma cerveja, assistindo a algo interessante na TV. É o conforto do Yin, o princípio feminino de passividade, de maciez, de sutileza. O robe é a privacidade, o momento de introspecção, e, aqui, Jim Dine nos traz o prazer do sono, do relaxamento, da ausência de tensão ou de agressividade. É um porto seguro, uma bandeira branca da paz. E por que dois? Seriam marido e mulher, em um momento de convívio no conforto do lar? O ser humano tem a necessidade ritualística de impor ordem ao caos, e os arquétipos Rei e Rainha tomam forma como uma maneira, uma forma de se colocar tudo em seu devido lugar. Aqui, temos uma dança das cores, numa candura quase infantil. O cinto do robe é uma sensual serpente que desliza por entre a selva, buscando comida e sexo. O sexo faz parte dos prazeres da vida privada, e o casal aqui está feliz e cômodo. O amarelo parece como o gostoso Sol da manhã, anunciando um novo dia, no qual, após o desjejum, o pai sai para ganhar a vida e a mãe fica para colocar ordem no lar. É uma sociedade. O vermelho brota vibrante, como uma bela pimenta vermelha, que traz graça aos pratos, aos partos e às refeições. O verde é o gramado impecável do jardim desta casa, como na charmosa cidade de Gramado. O vazio do branco traz respiros, na paz de um lar harmonioso e acolhedor. Tons mais escuros, como o marrom, são a terra, a base, a referência imóvel, garantida pelo direito à propriedade privada. De igual tamanho, os robes trazem o sonho de igualdade entre homem e mulher, um ponto sensível na sociedade patriarcal, na qual o homem envolve a mulher e sustenta-a. Aqui, temos um casal no qual cada cônjuge tem sua autonomia, sua independência, trazendo um relacionamento saudável e produtivo, como na divisão das tarefas do lar, pois, já ouvi dizer, casais que repartem as funções são mais felizes. A cor preta é usada para delinear limites, dando forma a figuras geométricas que nos insinuam que trata-se de um robe. E por que autorretrato? Será a forma do artista de retratar seus próprios lados feminino e masculino, harmonizando-se dentro de si mesmo? Em ambos os painéis, há uma corrente metálica sustentando um pedaço fálico de madeira, transmitindo fragilidade, com tudo por um fio, como é frágil a harmonia em um casal, quando qualquer discordância pode se transformar em um grande problema e uma épica discussão de briga. É como um pêndulo de relógio, marcando o tempo nos anos de casados, quando o dia a dia revela-se em toda a sua praticidade, testando o amor de um cônjuge para com o outro. O pedaço de madeira diz que todo mundo tem que ter uma certa agressividade, e não apenas os homens devem ter esta, pois, nos preconceitos sociais, é exigido de um homem o desenvolvimento da agressividade; da mulher, não é exigido, e esta só vai desenvolver se quiser. Mas, na verdade, todos têm que ter Yang, o princípio masculino da figura paterna, na luta sangrenta pela vida. O ser humano adora ritualizar os sexos, como Marte e Vênus. A frágil corrente é o vínculo com a saúde, com a harmonia, como uma serpente esguia, muito fina, capaz de meter-se nas fendas mais fechadas e inacessíveis, pois o fino sobressai-se sobre o grosso. O traço acinturado dos robes revela tensão, pressão, obrigação que deve ser feita com disciplina. As mangas estão posicionadas como se as mãos estivessem sobre a cintura, revelando independência e autonomia – neste casal, cada um tem suas atividades, seu brilho próprio, nunca tendo um colocando-se completamente nas mãos do outro. O decote revela a elegância de quem parte em busca de seus próprios sonhos, nunca colocando a faca e o queijo nas mãos de outra pessoa, ou seja, do cônjuge. Aqui, ambos os cônjuges têm um pau – será um casal gay? Esta obra está no Whitney Museum de Nova York, o qual infelizmente não visitei em minha viagem à Big Apple em 1998. Quem sabe em outra ocasião, esperando o dólar baixar, hehehehehe!!! Dine lembra a palavra dinner, ou seja, jantar, num artista delicioso, comestível. E Marte adormece com o encanto de Vênus, saindo esta do banho perfumada, envolta em um robe.

            Acima, Art, ou seja, Arte, um óleo sobre tela de Roy Lichtenstein, de 1962. Metalinguagem, pois é arte falando de arte. As letras garrafais, enormes, são o apelo publicitário, tentando, a todo custo, chamar a atenção do consumidor e interpelar este. São letras simples, sem serifa, pois, quanto mais simples e clara for a mensagem, maior será o poder de comunicação. Aqui, excesso é sujeira, e esta tem que ser varrida e descartada. Quanto mais “suja” for uma mensagem, pior. E o mercado publicitário está cheio de mensagens carregadas, complicadas, confusas. Menos é mais, diz Tao. O fundo em um belo amarelo irradia calor, num majestoso Sol que rege o Sistema Solar, do mesmo modo como Lichtenstein foi um rei, um regente da Pop Art, saindo-se vitorioso sobre todos aqueles que um dia duvidaram do trabalho e da excelência de Roy, cujo nome é rei em francês. O quadro em si tem proporções modestas como a da Monalisa, e não passa de um metro de altura, pertencendo a uma coleção particular. A popstar Madonna, por exemplo, é grande compradora de obras de Arte, sabendo que são um ótimo investimento. Aqui, o formato retangular é como de uma tarja preta em um vídeo de striptease, provocando a imaginação do telespectador, atiçando desejos e taras. Arte é provocação – Madonna o sabe. As letras são claramente delineadas por uma linha fina preta, sem muito espaço para curvas femininas sensuais. É uma mensagem simples, sem frescura, marca registrada dos grandes pensadores. O formato retangular é uma tela de cinema ou de televisão, seduzindo os olhos e a audição do espectador, trazendo este para um mundo fantástico, onde a imaginação artística reina. As letras têm uma sombra vermelha, como uma sirene de ambulância, polícia ou bombeiro, gritando estrondosamente, enchendo a cidade de coisas acontecendo, alertando para os perigos. Nas placas de trânsito têm a cor vermelha para chamar a atenção – há algo mais simples e claro do que uma placa de trânsito? As letras estão em branco, cor da neutralidade, da limpeza, do princípio limpo e virgem, na cor da noiva no altar, na cor de majestosas azaleias alvas no início da primavera. Aqui, o preto tem um papel sutil, na função de estabelecer limites e discernimentos, discreto em seu papel coadjuvante e, ainda assim, essencial – papéis coadjuvantes, ao serem subestimados, definem uma trama de filme. A letra A é o princípio, o começo, a origem, trazendo a renovação, voltando ao começo do alfabeto, zerando dores e trazendo novos tempos; a letra R é a inicial do artista, também significando road, ou seja, estrada, no caminho trilhado por um artista, caminho às vezes solitário e repleto de percalços, no sentido de que as portas fechadas, ou percalços, são positivos, pois acabam ajudando a pessoa e guiando esta em direção ao pensamento puro, essencial, limpo, perfumado, positivamente exemplar, pois, diz Tao, cada pessoa tem que aprender por si a viver com simplicidade – este é o sentido da vida; a letra T é de total, de tudo, de transmitir mensagens artísticas, no formato de um martelo, o qual é usado inúmeras vezes e nunca se deforma pelo tempo de uso, e assim são as grandes obras de arte, com prazo de validade ilimitado, em direção à vida eterna. Aqui, as palavras são como bondes de trem, passeando pelos trilhos da existência e chegando ao seu destino, que é a realização. Cada letra garrafal é uma porrada nos sentidos, trazendo toda a força de alguém que sabe que a simplicidade vence as questões da vida. A letra A tem o formato de flecha, de direção fálica, com sua forma pontiaguda agressiva, cortante como um topo de pirâmide. A letra A é um aviso – não chegue muito perto se você não quiser se ferir. Respeite.

            Acima, Duckleswan, um acrílico sobre tela de Nicholas Krushenick, de 1966. Parece um DNA, codificando características em um ser vivo. Os círculos são diversos, como em um borbulhante espumante, divertido, delicioso. O registro em azul é como o céu sendo visto de uma janela gradeada, revelando a majestade de um dia de céu bem límpido. Aqui, temos cores vibrantes e quentes, em contraste com o frio azul. A Pop Art explora as cores, num apelo meio claustrofóbico, sufocante, tocando no interior da Psicologia humana. Há um ponto de sufocamento no meio deste DNA, como em um espartilho doloroso e opressor, condenando uma mulher aos padrões machistas de sensualidade. O acinturamento dá espaço ao fundo quente, revelando um carvão em brasa, aquecendo e acolhendo em uma aconchegante lareira, seduzindo combinada com um vinho em uma noite fria de inverno. As formas retilíneas e retangulares são as barras de uma prisão, pois o espírito é categórico quando é perguntado se o espírito gosta de 4star encarnado, sendo que, assim, a doutrina diz: pergunte a um prisioneiro se este gosta da prisão. Uau! Mas este cárcere de Nicholas é uma prisão boa, prazerosa, e os círculos escondem-se uns atrás dos outros, como várias fotos que mostram a trajetória da mesma bola. A cor preta surge aqui delineando as formas, num papel muito importante, mas a Pop Art em geral não dá muita ênfase ao preto, pois os anos 60 e 70 foram bem coloridos, e foi só a partir dos anos 90 que o preto tornou-se a cor da moda, sendo usado largamente até hoje. É claro que os movimentos artísticos são ondas e que os artistas surfam nela, mas cada um tem que ter uma identidade própria, sem mediocridades. Os círculos são como poros na pele, respirando, dando vida ao tecido epitelial. São como laranjas no pé de laranjeira, doces e ácidas, calóricas, com um sabor irresistível. São como hambúrgueres na chapa, no clássico da culinária norteamericana, com um pão circular em cada lado. A forma circular é extremamente sensual, no charme das esferas que formam estrelas, planetas e satélites. Aqui, temos uma reação química, com uma droga começando a fazer efeito em um organismo. Os retângulos são enormes arranhacéus, desafiando os limites da engenharia e erguendo-se arrogantes, eretos, machistas, impávidos, austeros, causando perplexidade e alavancando o desenvolvimento, o futuro, as cidades terrenas, sempre querendo imitar a engenharia das cidades da dimensão espiritual, para onde todos nós vamos quando desencarnamos – é claro que as pessoas sem apuro moral não vão para o Céu, bem pelo contrário; vão para uma dimensão de sofrimento, arrogantes em sua atitude de não aceitar ajuda. A humildade é um valor universal. Esta obra de Krushenick tem movimento, num vaivém sexual, numa som de água escorrendo. Temos vibração, e esta tela parece nova a cada momento. O que isso exatamente é, ninguém sabe, numa estranheza muito bem vinda, visto que Tao não condena pessoas estranhas, imprevisíveis, com inteligência emocional, instinto. Os retângulos são troncos de esguias palmeiras, elegante flora das sedutoras das ruas de Los Angeles, num lugar onde glamour e privação combinam-se no melhor e no pior da América. Na sucessão de retângulos, o que vemos? As grades laranjas dão vazão ao céu azul ou as grades azuis dão vazão ao céu laranja? Os grandes artistas são enigmas, inspirando constantes e infinitas interpretações.

            Acima, Yellow and Green Brushstrokes, ou seja, Pinceladas em Amarelo e Verde, um óleo e magna sobre tela de Roy Lichtenstein, de 1966. Ondas revoltas em um mar de ressaca, com instabilidades e incertezas. As pinceladas lutam umas contra as outras, cada uma querendo expressar algo. O verde não é chamativo, mas em um discreto tom de musgo. Não há retilinidade aqui, mas formas orgânicas, arredondadas, revoltadas contra um sistema opressor. São as amorais forças da natureza, sempre pegando o ser humano de surpresa, numa imprevisibilidade deliciosa, cômica. O amarelo traz o ouro a este pódio, iluminando a sisudez fria do verde escuro. É um casamento cromático, do modo como o verde e amarelo, cores nacionais brasileiras, casam muito bem, pois o verde, é claro, carrega em si o amarelo implícito, combinado com o azul, no tom azulado cinzento do fundo desta tela. Lichtenstein adorava formas claras, distintas, e estas pinceladas foram cuidadosamente desenhadas, premeditadas pela mente do autor. Em alguns pontos deste trabalho vemos gotas circulares que aprecem que caíram acidentalmente sobre a tela, como gotas de uma chuva imprevista, que apareceu sem ser convidada. Aqui, Roy transforma o espontâneo em premeditado. As pinceladas dão a impressão de que tudo foi feito casualmente, mas não; foi feito com intenções específicas. O amarelo sobrepõe-se ao verde, dominado este, como uma mulher domina o marido em um casamento. Aqui, temos um matrimônio, um engajamento, e as pinceladas afoitas estão repousando sobre um fundo liso, fundo este sem estampas, mas uma textura extremamente simples e discreta. O fundo não quer fazer parte deste duelo entre as pinceladas, mas ter um papel neutro. São como um tecido volátil, extremamente fino e esvoaçante, e qualquer movimento revela essa sensualidade esfumaçada, num tecido incrivelmente macio e leve, como tecido debaixo d’água, na quietude de um peixe nadando por águas tranquilas, plácidas, sem tensão ou vicissitude. As pinceladas parecem querer expressão palavras, e estas não podem ser reveladas pela insinuação geométrica das curvas pinceladas. Apesar de haver harmonia entre o verde e o amarelo, há contraste contraditório, e uma cor contrasta muito com a outra. O amarelo é berrante e sobressai-se, exibindo-se orgulhosamente; já, o verde é meio invisível, modesto em um plano secundário, porém, dando o tom da tela. As pinceladas são como assinaturas indecifráveis, como letras de médico, em uma escrita com muita pressa e inquietude, do modo como a assinatura de uma pessoa traz a identidade, e assinar um documento dá a certeza de que este é legal e confiável. E Roy assina suas obras com essa letra apressada, com muita atitude, personalidade e estilo. Cada artista tem sua própria assinatura, e nesta tela temos metalinguagem, pois é assinatura falando de assinatura. E o preto é essencial, delineando tanto as pinceladas verdes quanto as amarelas, num papel essencial de nitidez às pinceladas premeditadas de RL. Os dois formatos ovais das pinceladas verdes são como seios ou testículos, como um casal de mãos dadas, engajados em um relacionamento. É como o bustiê da Mulher Maravilha, revelando a águia, animal símbolo da liberdade da América e das expressões artísticas desta. É como um cálido beijo de namorados, um entrando na vida do outro, construindo uma relação de afeto e confiança. As extremidades das pinceladas são irregulares, pouco interessadas em trazer perfeição. Aqui, o artista não quer ser perfeito e premeditado, bem pelo contrário; quer ser um vulto selvagem de catarse, de atitude, de saudável ímpeto transgressor. Nenhum artista quer se ver preso, e a liberdade de expressão é essencial numa nação que pretende produzir e incentivar arte, fazendo-nos imaginar como foi ruim para os artistas brasileiros e repressão ideológica de estado. Nesta tela, apenas algumas gotículas são em branco, pedindo paz e harmonia e um mundo tão competitivo e aguerrido. Um artista não quer competir; quer ser ele mesmo; quer ser único e inconfundível, na busca do ser humano por identidade e individualidade. As gotas brancas são como manchas de alvejante, abrasivas, agressivas, desafinado o registro cromático, transgredindo, como uma falha em um sistema tido como infalível. As anomalias são saudáveis, pois o normal é ser anormal. Aqui, o verde quer trazer amizade entre o amarelo e o fundo azulado.

            Acima, Sculpture in a Lanscape, ou seja, Escultura em uma Paisagem, um óleo sobre cartão de Patrick Caulfield, de 1966. Duas vaginas sobrepostas, sendo que cada uma leva a um destino. São como irmãos gêmeos, e um sustenta o outro, numa hierarquia. Os tons azulados remetem ao oceano, à mãe da vida na Terra, pulsando em abundante vida, desde peixes para anfíbios, aves e mamíferos. A vida luta para viver aqui, numa paisagem inóspita, pedregosa, como nos ermos de Marte, sem água líquida, um planeta morto. As superfícies de pedra enrugam-se, trazendo marcas de erosão que marcam a passagem do tempo, contando uma história, uma trajetória. Os dois blocos perfurados são brancos e limpos, intocados pela poeira deste ambiente árido. Sustentando os blocos, uma plataforma retangular, forte, com a missão de aturar peso, sob tortura. Os blocos não estão perfeitamente alinhados, e o de cima ameaça cair, deslocando-se um pouco à direita. Trata-se de uma estrutura frágil, e qualquer ventania aqui pode trazer instabilidade, dano e destruição. É uma construção em estágio inicial, e não sabemos como um bloco parou em cima do outro, nem sabemos a finalidade da construção. Caulfield traz delgados traços pretos para delinear as formas, num trabalho muito fino e sofisticado. Não sabemos o que virá depois, se esta estrutura desenvolver-se-á e tornar-se-á mais complexa; nem sabemos o porquê dos blocos terem sido perfurados. O furo é útil, como em uma janela, pois é o vazio desta que tem utilidade, permitindo-nos que olhemos a paisagem além da janela. É o vazio de Tao, sempre produtivo, sempre útil, sempre permitindo-nos que olhemos através do vazio da janela. Podemos pegar uma corda e atar os dois blocos um ao outro, formando um conjunto, como um colar. Parecem duas caixas de som, trabalhando juntas, em harmonia. Não sabemos porque elas foram desalinhadas, nem como. Talvez esse seja o charme deste cartão, numa imperfeição charmosa, humana, irreverente. Praticamente do mesmo tom da paisagem rochosa, a base retangular aguenta o peso sozinha, sem reclamar por ter que exercer tanto esforço. A base aqui está coadjuvante, discreta, e as estrelas são as pedras perfuradas. São como dois anéis quadrados, ou um par de brincos simples, elegantes e modernos. São vizinhos que vivem em harmonia na vizinhança. Vemos nos blocos uma relação de similaridade, e fica difícil estabelecer uma diferenciação, já que eles se parecem tanto. Os blocos lutam aqui para que adquiram, cada um, sua identidade, e lutam pela diferenciação, pois nada mais insuportável para um artista do que ser considerado muito similar a outro artista. Existe um artista, cujo nome não mencionarei, que plagia amplamente outro artista mais famoso. É medíocre como uma pessoa que sobre num palco para fazer playback da voz de outrem – não é arte; é uma piada. Os blocos formam um aspecto de prédio com um design arquitetônico muito moderno e desconcertante, numa proposta original que gravita acima da mediocridade. E o ar e os pássaros passam livremente pelos buracos, que são úteis portais, portas que levam a outros destinos. É como uma faixa estendida com buracos nela, pois isso impede que o vento derrube a faixa. Tao é isso: é do vazio que vem a força. Os blocos estão humildes em sua função, e vivem alegremente sabendo que estão sendo úteis, permitindo a passagem do vento e garantindo que a estrutura não tombará. São dois seios vistosos e atraentes, seduzindo em sua passividade, visto que o termo passiva, em espanhol, quer dizer porta, passagem. E são as portas e janelas que fazem um cômodo ser útil. São dois olhos de camaleão, olhando para direções diferentes, do modo como a base adquiriu o aspecto do terreno ao fundo, disfarçando-se para despistar predadores – é o valor da discrição. Este trabalho de Caulfield é muito sexy em sua amplitude desértica, e os blocos têm formas simples, portanto, belas.

Referência bibliográfica:
OSTERWOLD, Tilman. Pop Art. Köln: Taschen, 2007

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