quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Artistas Populares da Pop Art (Parte 9)




            Falo sobre vários artistas da Pop Art. As análises semióticas a seguir são minhas e não do livro base de Osterwold, minha referência bibliográfica.

            Acima, I Was a Rich Man’s Plaything, ou seja, Fui o Brinquedo de um Homem Rico, uma colagem sobre papel de Eduardo Paolozzi, de 1947, um precursor da Pop Art, movimento que floresceu completamente só nos anos 60. O mundo ainda se recuperava da II Guerra Mundial, e a mulher aqui tem bem o visual dos anos 40. É uma Lolita, numa pose sedutora, revelando pernas parcialmente cobertas por uma meia-calça preta, sentada e tendo seu vestido arregaçado, insinuante. A alça do vestido é fininha e tentadoramente frágil, estando por um fio, e a mulher está a um passo de ficar nua e de revelar mais coisas. Seu cabelo negro cacheado é a moda da época, e suas sobrancelhas são extremamente fininhas, quase imperceptíveis, delicadas. Seus sapatos são elegantes, e o salto representa uma diferenciação, um nível acima, numa mulher que quer casar com um homem que a coloque num trono, amando-a e respeitando-a. Suas unhas vermelhas combinam com o vestido e o batom, e aqui a cor vermelha é o tom da sedução, como sangue pulsante, circulando por um organismo vivo, tentando um vampiro. A mulher está sentada sobre uma almofada negra, estando respaldada e amparada, como um marido que provém tudo a um lar. Ao lado da mulher, uma tentadora cereja rubra, na cor do pecado do pomo do Éden, numa cor que combina com o anúncio de Coca-Cola na colagem. Contra a mulher é dado um misógino tiro de revólver, humilhando a mulher e ceifando-lhe a vida, e a fálica arma é segurada por uma mão de homem, na agressividade da sociedade patriarcal. O avião é a liberdade, numa máquina que ajudou a vencer a guerra e a restabelecer a paz e a liberdade das nações que lutaram contra o nazifascismo. Keep ‘em flying!, ou seja, Mantenha-os voando!, diz o slogan. O avião é o pênis, livre e solto para alçar os voos que quiser alçar, fugindo da prisão uterina, representada pela mulher. O erotismo das confissões íntimas, na busca pela verdade. E o pop da arma é a pipoca estourando, na onda colossal que foi a Pop Art, como um tiro de canhão. O texto abaixo da arma fala de uma prostituta, uma amante, uma filha do pecado, um objeto sexual, uma mulher das ruas, como no envolvente filme Uma Linda Mulher. Há a etiqueta dizendo Real Gold, ou seja, Ouro Verdadeiro, do modo como a prostituta vivida por Julia Roberts revela-se uma mulher doce, honesta, bondosa e virtuosa, com a redenção no fim do filme, quando o rico personagem de Richard Gere lhe propõe casamento, num conto de fadas, onde há o “e viveram felizes parta sempre”. As estrelas no avião são a pujança da América, que venceu a guerra com seus conceitos de liberdade, como na fálica garrafa de Coca-Cola, negra em seu delicioso apelo publicitário, virando objeto de desejo, vendendo mais do que um refresco, mas uma vida perfeita e saudável. Abaixo do avião, há a pequena palavra bomber, ou seja, bombardeador, no modo como a bomba atômica assinalou os momentos finais de um conflito tão sangrento, cruel e amargo, como em cruéis campos de concentração. O mundo estava farto de tantas notícias horríveis, e a Pop Art surge para sepultar as sequelas bélicas. Na segunda metade dos anos 40, a América estava orgulhosa e próspera. Aqui, a mulher de vermelho sorri em meio à vitória, mas está jogada em um papel de objeto, de boneca inflável de sexo. A etiqueta da cereja traz uma suculenta e deliciosa fatia de torta de cereja, na delícia de prostituta em uma América que não permite o exercício da prostituição, numa transgressão corajosa de Paolozzi. E a etiqueta da cereja oculta algo, o qual não podemos saber o que é, num mistério, como os segredos íntimos de uma mulher. O homem rico representa o poder de sustentar uma mulher (ou amante), e o dinheiro é trocado por sexo, numa relação de comércio, de troca, num mercado. É o jogo de sedução entre masculino e feminino. É como o título Boy Toy, ou seja, Brinquedo de Menino, em um figurino de Madonna nos anos 80. O anúncio diz sirva-se de Coca-Cola em casa. A casa, o casamento, é o aconchego onde Yin e Yang vivem em harmonia um com o outro. Há uma desafiante e provocante contradição na prosti: seduzir sem submeter-se. Uma linha bem tênue, que só as grandes estrelas compreendem. E não é prostituta a profissão mais antiga do mundo?

            Acima, Just what is it that makes today’s homes so different, so appealing?, ou seja, O que será que torna os interiores das nossas casas de hoje tão diferentes, tão sedutores?, uma colagem de Richard Hamilton, de 1956. Uma colagem complexa e criativa, com muitos elementos numa combinação altamente inusitada. Um halterofilista no auge de sua forma física segura uma raquete ou um pirulito vermelho com a palavra pop, anunciando os ares de renovação da Pop Art, movimento que se embasou nos conceitos de popularidade de elementos culturais e de mercado. Numa poltrona rubra descansa um jornal recém lido ou prestes a ser lido, na necessidade de se obter as informações do dia e do mundo, na fantástica invenção que foi a produção em massa de exemplares jornalísticos. Um tocafitas, moderno para a época, reproduz algum som ou música, no que havia de tecnológico nos anos 50. Uma stripper está com os seios quase expostos, com apenas alguns adereços que lhe cobrem os mamilos, na mesma nudez do halterofilista. A stripper usa um chapéu com aspecto de abajur, trazendo luminosidade ao palco onde faz o striptease, na exposição da carne. Aqui, Hamilton joga fotos coloridas com pretas e brancas, numa época em que ainda reinava o registro fotográfico sem cores. No topo de uma escada, vemos uma mulher em um elegante vestido vermelho passando o aspirador de pó na vasta escadaria, estrutura com aspecto de pirâmide, e a mulher está presa em sua função do lar. Por que ela usa um vestido de festa para limpar a casa? Atrás da stripper, um aparelho de TV com outra mulher, só que mais recatada, usando um comportado colar de pérolas, uma dama respeitada. Na mesinha ao lado do sofá, um cafezinho servido a visitas pela dona de casa, um aviãozinho de papel que significa liberdade, e uma embalagem de presunto, carnudo como os corpos da stripper e do halterofilista, no pecado da luxúria. Num pôster há os dizeres Young Romance, ou seja, Romance Jovem, e uma frágil mulher baixinha é amparada por um homem alto e forte, no machismo básico. Haveria um romance entre a stripper e o halterofilista? Ele bate nela com o pirulito pop? Onde está o marido desta casa? No meio da escadaria, uma placa que diz que aparelhos ruins só aspiram a metade das escadas, numa mensagem publicitária que busca assinalar os diferenciais de um produto, e este é o objetivo da Propaganda – estabelecer diferenciação, vendendo, assim, produtos e serviços. O chão e o teto são opressores, e causam claustrofobia, oprimindo quem está na sala de estar aqui retratada. Um tapete tem uma estampa de picos negros nevados, como um sorvete de flocos, e tudo nesta colagem de Hamilton tem apelo mercadológico, apelo de consumo, buscando encantar e deliciar o consumidor. Tudo aqui está à venda. Através da janela, uma foto sem cores de uma fachada de cinema, anunciando filmes, no apelo hollywoodiano de vender ingressos, e Hollywood entra nesta dança em busca de mercado, de dinheiro. Num abajur quase ao centro do quadro, um escudo com o dizer Ford, remetendo ao carro, objeto máximo de desejo de quem gosta de carros. O escudo é a força implacável, forte como o halterofilista, e você não vai se meter com ele, vai? O mundo revela-se duro em suas necessidades de consumo, e esta sala busca colocar a mostra tudo o que puder colocar, numa gôndola de supermercado. O aspirador de pó tem um formato de docinho de festa, feito de chocolate com uma cobertura de morango. E os objetos de desejo revelam-se em todas as suas tentações, buscando despertar o impulso que já reside dentro do consumidor interpelado. Ao lado do pôster, um sisudo quadro de um sério homem, talvez o marido da casa, duro e clássico em sua seriedade, talvez o único ponto aqui que não visa ser vendido nos apelos de mercado. É uma exceção, pois toda regra tem uma. Hamilton traz de forma radical a função do artista plástico, que é combinar elementos e produzir algo novo.

            Acima, On the Balcony, ou seja, Na Varanda, um óleo sobre tela de Peter Blake, de 1955-57. As figuras humanas de Blake têm olhos esbugalhados, parados no tempo. O fundo é esverdeado como no mar em um dia puxando para o verde, como uma esmeralda. Nesta varanda, temos muitos elementos, como fotos e figuras de revistas. Há dois meninos e uma menina de cabelo Chanel, e ambos os meninos estão engravatados, como se estivessem em uma ocasião especial, como uma formatura ou um casamento. Na parte superior do quadro, alguém em cima de uma mesa, e só podemos ver suas pernas cobertas por uma saia. Há a capa da revista Life, ou seja, vida, e uma mulher de vestido branco, com luvas brancas, exibe-se estonteantemente, como uma noiva prestes a ser desposada por um príncipe, como uma Grace Kelly. As figuras aqui estão em portarretratos, assinalando momentos importantes na vida de alguém ou de uma família. É um quadro complexo, com vários registros gráficos, deixando o espectador tonto com tanta informação. Um dos meninos usa óculos, representando a intelectualidade, o pensamento racional. UM terceiro menino está com a face oculta pela revista Life, e sua camisa azul como o céu dos sonhadores abriga uma gravata colorida, talvez com a foto de uma mulher fazendo striptease. O verde predominante do fundo é o oceano-mãe, a fonte da vida na Terra, com seu cheiro de vida à beiramar, seduzindo a imaginação dos homens para o princípio erótico da origem da vida. A menina veste um vestido rubro como a cor do vinho tinto, e suas pernas são sensualmente expostas, revelando beleza e graciosidade. A menina e o menino bem ao lado têm vários bótons sobre sãs roupas, algo que Blake adora retratar. Os bótons revelam identidade aristocrática; revelam distinção; revelam proveniência, origem, virtude, algo muito comum na tradição aristocrática inglesa. Há uma figura humana sobre uma mesa, e esta mesa revela distinção, dignidade, elevação espiritual e moral, e nela repousa uma garrafa de bebida alcoólica, no apelo sedutor de um drink depois de um dia cheio de trabalho, stress e ocupações. Há muitos elementos neste quadro de Blake, e tamanha riqueza fica difícil de ser apreendida em sua totalidade. Há fotos de pessoas ilustres e de momentos solenes, na pompa britânica. E por que o menino de azul tem que estar com a face oculta? Abaixo da menina, uma mesinha comporta vários elementos, como uma garrafa de água mineral, na pureza da intenção artística em querer transmitir mensagens. Um pequeno tabuleiro em xadrez revela o jogo da vida, e uma bandeirola triangular traz um aspecto esportivo ao quadro. Fotos de ilustres figuras aristocráticas, em toda sua dignidade representativa. Há um exemplar da revista Ilustrated, trazendo as intenções da mídia de massas em retratar momentos de popularidade midiática, nos apelos midiáticos da cultura pop americana e mundial, como Os Beatles e Elvis Presley. A Pop Art namorou com os fenômenos de popularidade midiática, tornando-se por si só um fenômeno. Alguns quadros aqui são opacos e não revelam coisa alguma, como portas abertas para o nada. As crianças aqui estão comportadas, paralisadas em um momento em que recebem ordens para comportar-se, sob pena de punição. A sobrecarga de informações revela-se, e Blake emerge como um artista que muito tema dizer. O conjunto traz uma estranheza generalizada, e o artista emerge como um enigma. O menino em cima da mesinha está diferenciado, elevado em um papel superior, enquanto os meninos restantes estão em uma posição menos privilegiada. Mas por que não podemos ver a face do menino privilegiado? Será este o preço do privilégio? A aniquilação da identidade? Blake faz um assemblage, uma reunião de imagens e informações, como um fondue de queijo, com vários tipos de queijo fundidos.


            Acima, The Fine Art Bit, ou seja, Obra Prima, uma pintura esmaltada e diversos materiais sobre madeira de Peter Blake, de 1959. Na parte superior, vemos a reprodução de várias obras de arte de outros artistas, numa metalinguagem – artista falando de artista. Vemos pinturas medievais, renascentistas, árabes, orientais, europeias e uma escultura de alguma divindade de uma religião. Este quadro de Blake não é muito grande – tem menos de um metro de altura, pertencendo a uma galeria londrina. Esta reunião de obras de outros artistas revela-se complexa, e é necessário algum tempo para que todos os elementos sejam apreendidos, absorvidos e assimilados. Na ordem a partir da esquerda, vemos algo que parece a coroação da Virgem Maria; depois, senhoras em nobres vestes rezando perante a Bíblia; depois, senhores com turbantes, talvez islâmicos, em diversas atividades; depois, uma mulher banha-se num rio; depois, vacas e um fazendeiro descansam sob uma árvore; e, por último, este estranho deus. As vacas são o poder provedor, de onde veio o leite, o alimento, do modo como Maria amamentou Jesus. A árvore é a proteção, o lar, o refúgio da Virgem Mãe que nos espera em um mundo melhor, sem dor, sem amargura. As capas negras das senhoras rezando combinam com a tarja preta no extremo inferior do quadro de Blake, como na tarja preta dos remédios de uso controlado, só podendo ser adquiridos mediante uma receita azul, a qual entra em harmonia com a tarja azul, na cor de um céu perfeito, limpo, sem a feiura de dias encobertos, chuvosos e frios. O verde é um paradisíaco gramado muito suave ao toque, como uma coberta confortável que reveste luxuosamente os campos bonitos e calmos da vida pós-morte. A tarja vermelha traz o sangue essencial que percorre um corpo de ser vivo, como a preciosa seiva que mantém viva uma flor ou uma árvore, alimentando vastas florestas de muitos, muitos hectares. Mais abaixo, temos uma tarja de um vermelho mais profundo, como na fragrância Deep Red, ou seja, Vermelho Profundo. É como uma cor de vinho, reluzindo em uma taça à luz do Sol, revelando uma tonalidade sedutora e sofisticada. A tarja amarela é uma fresta de janela pela qual entra um filete de luz solar, anunciando um novo dia, trazendo a esperança, como um caixão sendo aberto e recebendo em seu interior a luz da vida, ressuscitando mortos e trazendo uma nova vida, uma nova perspectiva. É a crença da ressurreição de Jesus Cristo, do modo como todos ressuscitam após a morte, que parece ser um irremediável encerramento, mas não é. Embasando e sustentando tudo, a tarja preta da cor do luto, e um caixão sendo colocado em uma cova parece ser a ruína total, sem perspectiva de reconstrução, do modo como as drogas podem destruir e ceifar vidas. Blake traz aqui um arco-íris, como cores que se diversificam quando o Sol atinge um cristal. Aqui, o registro cromático é muito importante, o que me faz lembrar de um colega de Inglês que tive, um senhor com um daltonismo que simplesmente o impedia de ver qualquer cor. Cada um com suas vicissitudes. Aqui, há um contraste, pois as tarjas são extremamente simples e sem grandes detalhes; já, as reproduções na parte superior são bem complexas e cheias de detalhes. Seria este contraste a proposta do autor? As tarjas são bem retilíneas, e não há espaço para curvas femininas e insinuantes aqui. Logo abaixo das reproduções, uma fina tarja marrom, discreta, da cor da terra, as entranhas férteis da Mãe Terra, o princípio de fertilidade, abundância e satisfação, evitando a fome e privações. E por que a tarja marrom é mais finas do que as demais? Estaria o marrom oprimido pelo restante do grupo, como da ninhada um filhote que nasceu fraco e doente? E o verde floresce a partir da tarja da terra. Cada tarja é uma pista no asfalto de uma cidade, do modo como cada pessoa trafega por onde desejar, na liberdade existencial espírita. Cada tarja é um passo na escala evolutiva, com vários degraus em um caminho de aprimoramento moral, como no judô, sendo que cada faixa tem uma cor na hierarquia marcial. Como no boom das TV a cores.

            Acima, Package, ou seja, Embalagem, um óleo sobre tela de Richard Smith, de 1962. As embalagens são um braço importante do Marketing, e a Pop Art sabe disso. Há alegria de cores nesta tela de Smith, e há também espaço para discretos tons pastéis, misturando-se com branco e dando leveza ao conjunto. O azul turquesa é estonteante, nobre, elegante, com um chique brilho cetinoso. O azul é abraçado por um tom de vermelho profundo, e este abraço traz curvas, mas também retilinidade. Quatro esferas alaranjadas são como vistosas frutas em uma quitanda, expostas na calçada, convidando o consumidor a consumir, seduzindo em torno deste produto irresistível. São como quatro sóis em um sistema solar complexo e belo, onde não falta luz nem calor. São como quatro potes de mel vistos de cima, revelando a força da natureza que rege uma colmeia. As esferas revelam o corte de um fio elétrico de cobre, alimentando as cidades com a indispensável energia, motor da vida contemporânea. Os espaços esbranquiçados aqui trazem uma lacuna de indagação, de folga, de reflexão, na cor da bandeira da paz. A Arte quer uma trégua da guerra, e o artista não suporta a feiúra e a violência dos conflitos. Os artistas querem vida e paz para produzir. O azul e o vermelho formam um colorido pacote de presente de Natal, envolvendo algum tesouro que presenteará alguém, escondendo um mistério e uma surpresa. Há um prazer sexual, de estupro, de violação quando abre-se um pacote de presente, e o papel é rasgado, violado, violentado, revelando-se sensualmente frágil frente à curiosidade da pessoa presenteada. O pacote é uma frágil virgem indefesa, vulnerável frente ao lobo mau, que é o princípio agressivo e selvagem, nas leis brutas da natureza, da sobrevivência. Aqui, o pacote em questão lembra um pouco o museu Guggenheim de Nova York, com suas curvas futuristas e suaves, um prédio futurista. Aqui, um círculo menor é amparado e cercado por um maior, numa hierarquia da família, onde os mais velhos precisam ser respeitados pelos mais jovens. As esferas douradas são como moedas de ouro, brilhando como um implacável sol poente de verão, revelando-se inclemente, forte, onipresente, essencial à vida. São como um vitrô dourado que enche de cor uma casa ao amanhecer, trazendo cor a um mundo invernal tão descolorido, insosso e depressivo. Aqui, Smith evita o preto, o luto, a sisudez; bem pelo contrário: celebra as cores. Os tons pastéis vibram em sua suavidade quase anônima, dando base e suporte aos elementos restantes, que têm cores marcantes e muito presentes aos olhos do espectador. As esferas são como consistentes gemas de ovos, saudáveis, vindos de galinha caipira, rendendo inúmeras deliciosas receitas. O mistério da vida revela-se, e o pintinho nasce do ovo. A embalagem precisa revelar tudo o que o consumidor quer ouvir, e tem que seduzir, competindo com produtos similares nas gôndolas de supermercados. As esferas são os inúmeros ovos que a tartaruga deposita em um buraco na areia da praia, e várias tartaruguinhas nascem e vão de encontro ao mar, e muitas delas sequer chegam à água, pois são capturadas por predadores. Na lei da sobrevivência, força é necessária, e os marqueteiros sabem disso, planejando embalagens vendedoras e vencedoras, pois o mundo é competitivo. As esferas são fundos de garrafas de refrigerante sabor laranja, ou de suco da fruta, refrigerados e tentadores, enchendo de cor um café da manhã. São como quadrigêmeos convivendo desde a própria gestação, ou uma ninhada de gatos ou cachorros. São como uma mitose, e os organismos reproduzem-se repartindo-se ao meio. É como uma proliferação de bactérias, na força vibrante da vida. São como planetas girando em torno da mesma estrela-mãe, na força gravitacional de uma estrela de Cinema. A Pop Art quer fazer parte de tudo isso, amando a cultura em geral, querendo engajar-se nesses grandes fenômenos de popularidade. A Pop Art ama a Calçada da Fama, como as estrelas do avião da colagem de Eduardo Paolozzi.

Referência bibliográfica:
OSTERWOLD, Tilman. Pop Art. Köln: Taschen, 2007

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