Certa vez ouvi que entende o
mínimo de Arte quem sabe diferenciar Monet de Manet. Este morreu jovem – antes dos
sessenta. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus.
Acima, Almoço no Estúdio. Um belo e jovem rapaz está em primeiro plano.
Ele olha para o lado, e não para o espectador. Ele está elegante, com ares
aristocráticos, polido como um príncipe. Seu blusão é de um negro profundo,
como uma noite encoberta de Lua Nova. É o mistério da Arte – o que é o talento?
O rapaz está encostado na mesa, que traz comidas e bebidas no presente almoço.
Seria isso no estúdio do próprio Manet? A luz entra pela janela, mas só ilumina
com intensidade o rapaz e a mesa. À direita, um homem de elegante cartola fuma
um cigarro após a refeição, no “vício” que um artista tem em fazer Arte. É uma cena
de saciez, e o alimento já está sendo assimilado organicamente pelo estômago.
Esta é a saciez que a produtividade dá a um artista, num sentimento de grande
satisfação. Esta não é uma cena muito iluminada, como se fosse ao ar livre num
dia de muito Sol. Na mesa, uma xícara de café, no sofisticado costume
parisiense das cafeterias, ligando a Europa às fazendas brasileiras de produção
de Café, um produto proveniente da “magia” exótica das terras do Brasil. Mais à
esquerda, uma mulher, a empregada do local, segura um grande bule prateado,
talvez cheio de café, e podemos sentir no ar o aroma irresistível de um bom
café recém passado. A cor prateada é a reflexão existencial, na cor prateada da
alma, no indivíduo frente a um espelho psicológico que lhe pergunta: “Quem és?
Qual tua identidade? O que queres da Vida? O que vieste fazer no Mundo? Para o
que tens aptidão? Qual teu dom? Como esperas de encontrar na Vida? Como será
isso? Quais percalços enfrentarás? Quando verás que a Vida é luta?”. Mais atrás
na cena, um grande vaso com exuberantes folhagens. As folhagens são a
genealogia, a proveniência, num rapaz que, ao ser herdeiro de algum trono, tem
que abraçar o destino, e fazê-lo com coragem e garbo, a fim de merecer o
respeito do Mundo. Quem diabos sou? A folhagem é a Árvore da Vida, que teve o
DNA e molda espécies inúmeras, dentre elas o Homo Sapiens. O que nos diferencia
dos macacos? O que é ser humano? Qual o papel da Arte nessa genealogia
histórica? Por que a Humanidade tem invenções como a Realeza e a sucessão
monárquica? O que o direito divino de um trono tem a dizer? O que é o Reino dos
Céus, esta dimensão acima da nossa? O que é o desencarne: uma maldição ou uma
bênção? A senhora com o bule está discreta, em segundo plano, como se soubesse
de sua própria função subalterna, secundária e, ainda assim, essencial. Seu
corpo é opulento, e suas mangas arregaçadas mostram o labor do dia a dia, a
labuta diária pela Vida. Na extrema esquerda inferior, objetos que remetem a
itens bélicos, como elmo, espada e pistola. É o lado bélico de Manet, na luta
diária por afirmação, em um mundo tão cético em relação a novos artistas, às
novas gerações, às novas levas que reivindicam seu próprio espaço no Mundo.
Seria o Mundo tão perfeito ao ponto de não mais precisar de novos artistas, de
novos nomes? O elmo metálico é a “blindagem” psíquica, na necessidade da pessoa
saber dizer “não”, na necessidade da pessoa não ser absolutamente passiva e ter
uma necessária porção de agressividade, para se afirmar no Mundo, tendo ímpeto.
Ao fundo de toda a cena, uma cor escura, imprevisível, nas incertezas
existenciais de quem está em crise, de quem está desnorteado, catarseando aqui um
sentimento de perda de Norte, como numa tempestade cinzenta em alto mar, virando
navios e afogando marinheiros, como na tragédia ao fim de Moby Dick, com a “Fera do Mar” dizimando quase uma tripulação
inteira. A baleia é a vida indomável, num trabalho de paciência que precisa ser
feito: Como posso domesticar a Vida? Neste quadro, ouvimos um silêncio
reconfortante, na comida sendo quietamente digerida.
Acima, Olympia. A imagem nos remete a uma cena de Titanic, em que
Rose posa nua para o artista. Na cena, Rose, em tom
humorístico, simula estar rodando uma bolsinha, símbolo da profissão mais
antiga do Mundo – a Prostituição. Olympia repousa tal qual uma rainha, só que
prostituta, como no clipe Material Girl,
de Madonna, a qual reverenciou Marilyn Monroe, a eterna loira burra, num
carisma que emplacou a imagem de gostosona e fã de diamantes e demais regalos
de seus clientes, assim como no filme Moulin
Rouge, em que a cortesã Satine tem a missão de seduzir um homem rico. Aqui,
não temos um nu muito agressivo, e o sexo da prostituta está oculto, misterioso,
sempre deixando um gostinho de “quero mais”, numa mulher que sabe provocar sem
se entregar completamente. Seus seios são perfeitos, no auge de sua forma, e
são ideais – nem grandes, nem pequenos. Ela usa um par de sapatos, os quais
erotizam a cena ainda mais, pois é um nu que nunca se entrega completamente, e
adereços como pulseira, brincos, colar e flor no cabelo surgem para vestir e,
ao mesmo tempo, cobrir, como uma tarja preta, que estimula a curiosidade em um
striptease. A cama é confortável e majestosa, e é o local de trabalho de
Olympia. A cortesã não sorri, e está bem séria, levando a sério sua profissão,
sabendo que nunca poderá deixar um homem enganá-la, explorá-la e ludibriá-la –
ela é uma profissional. Ela se deita em uma coberta de estampa florida, trazendo
ferramentas de sedução como beleza, delicadeza e perfume, seduzindo inúmeros
clientes, tornando-se a grande estrela do prostíbulo. Pouco sabemos da vida
real de Olympia. Talvez ela tenha vindo de uma família pobre, num contexto
social carente e vulnerável, tendo decidido se prostituir para ter uma vida
menos pobre e menos sofrida. Olympia, apesar do porte de mulher madura, é muito
jovem, talvez adolescente, mas ela é ardilosa e já aprendeu os trâmites da
profissão – nunca deixar um homem achá-la fácil demais, estando Olympia em
pleno jogo de sedução. Nesta cena, Olympia – será que é um nome artístico, tão
monumental? – recebe um regalo de um cliente: pomposas flores. A oferenda é
trazida pela empregada negra, o que denota elevação social – ser servido por
servidores. Olympia quer subir na vida e ser uma atriz de verdade, tendo muito
sonhos de carreira. A empregada é negra retinta, tornando-se, assim,
coadjuvante no quadro, nunca interferindo no momento de brilho da patroa
Olympia. De forma ainda mais implícita, vemos um gatinho negro – símbolo
supersticioso de azar – na extrema direita da cena, na sensualidade felina que
traz candura misturada com agressividade, pois Olympia sabe que vive num mundo
competitivo, em que muitas moças bonitas competem pela atenção do Mundo, num
mundo em que todo mundo quer virar estrela – Olympia sabe, por instinto, como
brilhar. Podemos ouvir o miar do gato, e temos em Olympia uma Mulhergato, sexy
em seu chicote, domando e domesticando homens, num mundo machista, em que a
sexualidade da mulher é reprimida. Temos em Olympia um desejo de libertação, um
desejo de brilhar intensamente. É quase óbvio que Olympia é a grande estrela
deste quadro. Ela o cruza de ponta a ponta, tomando tudo para si, numa força
gravitacional implacável. Olympia e as flores formam um só corpo, fundindo a
prostituta com os ritmos líquidos da Natureza, elegendo a prostituta à
categoria de deusa. Como no rosto da ex-prostituta Bruna Surfistinha, Olympia
tem cara de santa, cara de cordeiro inocente, como no rosto cândido de Evita
Perón, do modo como um jornalista, certa vez, definiu magistralmente Britney
Spears em poucas palavras: “Cara de santa, roupa de periguete”.
Acima, Argenteuil. O dia é ensolarado e majestoso. Estamos na beiramar, e
o ar puro se espalha generosamente, inesgotavelmente. Um jovem casal é o centro
da cena. Ela está vestida de modo recatado, com a maior parte do corpo coberto,
e usa um elegante chapéu, que cobre cabelos presos, contidos em um fino
penteado. Ela também carrega flores coloridas, provavelmente presente do homem
ao Aldo, que está apaixonado, só tendo olhos para a moça, a qual não retribui o
encanto e a paixão, e olha para o espectador. Ela está reservada, contida como
o penteado espartano. Já, ele está voltado para ela, querendo abraçá-la,
beijá-la e amá-la. É um amor não correspondido, numa cena triste, em que este
homem está prestes a se machucar e acumular um ressentimento enorme, que dá uma
dor existencial muito aguda, numa decepção, uma mágoa, uma cicatriz psíquica,
do modo como, o tempo todo, corações se despedaçam em decepção e prostração
amorosa, num jogo que expõe o coração a intempéries mil, no sentido de que a
pessoa tem que aprender a proteger o próprio coração, a fim de privá-lo de
tantas dores. Aqui, o homem está vestido de forma mais confortável, com uma
simples camiseta de mangas arregaçadas, provavelmente um traje necessário para
a prática de algum esporte náutico, algo sugerido pelas embarcações nesta cena,
ondulando pelas águas tortuosas da existência, pelos labirintos da vida
amorosa, colocando a pessoa tanto para cima quanto para baixo. Há um certo
machismo na cena, pois à mulher não é permitido estar muito à vontade em termos
de roupas, ao passo de que, ao homem, é permitido um vestuário mais confortável
e informal, esportivo. O homem tenta seduzir esta mulher, mostrando que é um
forte praticante, que é um campeão, um próspero macho alfa. Mas a mulher parece
pouco se importar, e parece estar meio entediada com o belo desportista, o qual
tem um generoso bigode. As listras na camiseta do homem trazem o contraste
entre claro e escuro, típicos de esportes náuticos, e as listras bipolares são
luz e sombra entremeando-se, produzindo contraste, nos altos e baixos do
coração deste homem, que está prestes a se machucar enormemente. O homem
carrega uma discreta bengala, num charme aristocrático. A bengala fálica corta
a cena e resume atalhos, saindo do homem em chegando à mulher, na mente simples
deste atleta – se ele quer algo, tem que batalhar para obtê-lo. Talvez o ar de
desinteresse da mulher seja dissimulado, e talvez no fundo ela queira muito
namorá-lo. Então, a mulher se faz de difícil, nunca se vendendo por um e
noventa e nove – é um jogo de sedução, e a mulher tem a inteligência para
capturar este homem, como uma aranha que tece sua teia e espera por uma
desavisada mosca cair na armadilha. Mas o homem aqui está deliciado em cair
nesta teia, e parece que há uma poderosa força gravitacional puxando o homem
para perto da mulher, a qual, aparentemente, não quer este pretendente. A
retilínea bengala é a Razão, curvando-se perante a Loucura do Amor, como os
relógios derretidos de Salvador Dalí, perdendo o juízo e rendendo-se à
inexatidão da Vida. Ao fundo, um belo mar azul, puro, limpo, convidativo, num
belo dia para se namorar ao ar livre. Mais ao fundo, uma paisagem de um quieto
vilarejo, com casinhas aconchegantes, neste homem que quer encontrar o caminho
para casa, projetando na mulher este lugar tão convidativo, agradável e
confortável – o homem quer ser seduzido.
O Sol inunda esta cena, e o Céu e o Mar combinam com os traços de azul no
vestido da mulher, formando um continuum,
uma unidade, na sensualidade feminina mesclando-se com o Universo ao redor,
trazendo Paz, Concórdia e Beleza – são os atributos femininos. Podemos ouvir o
delicioso barulho da água remexendo-se sob os barcos, na sensualidade
liquidiscente universal.
Acima, O Café-Concert. Aqui, o Impressionismo grita. Vemos uma cena tão
parisiense e cosmopolita, numa Paris que, até hoje, permanece o epicentro do Mundo
Ocidental, com o majestoso Museu do Louvre, dentre outras instituições. As
pessoas parecem estar tomando cervejas, as quais brilham douradas na luz difusa
de uma janela ao lado. Esta é a ironia impressionista: de perto, uma coisa; de
longe, outra. São quadros que exigem ser observados com distância, num
distanciamento respeitoso. Em primeiro plano, um casal. O homem está garboso,
com uma bela cartola, a qual dá impressão dele ser mais alto. Seu bigode e
cavanhaque grisalhos inspiram respeito, e, apesar de ser um homem de mais
idade, conserva traços jovens de beleza, nunca tendo um aspecto muito
envelhecido ou cansado. Nas mãos, uma bengala, a qual é quase ocultada. A
bengala é o suporte existencial, a meta, o motivo de viver. Uma das mãos do
homem repousa sobre a outra, e a mão de cima está curvada, num gesto de
sofisticação e sabedoria, num senhor que sabe os valores do cavalheirismo. Seu
colarinho branco brilha à luz, numa pessoa que sabe como é com se arrumar para
ir a um elegante café. Já, a mulher ao lado não é tão garbosa. Ela tem uma
assustadora “monocelha”, incapaz de depilar entre as duas sobrancelhas, com um
aspecto meio repulsivo, descuidado, desleixado. Ela também tem um buço, algo
que deixa qualquer mulher com um aspecto bem ruim, não inspirando ser beijada
na boca. Ela fuma um cigarro e olha para o vazio, e ambos parecem estar pouco
se importando um com o outro, talvez num casamento naufragado, arruinado, onde
a faísca da paixão não mais vigora. Ela é jovem, mas isso não é o suficiente
para fazê-la elegante ou graciosa. Em segundo plano, uma mulher de pé toma uma
cerveja e, com a outra mão, apoia-se na cintura, numa pose de emancipação e
independência, não pertencendo a outra pessoa, mas pertencendo a si mesma. É
uma mulher muito mais interessante do que a mulher da monocelha. Podemos ouvir
o burburinho dos frequentadores, e o barulho de xícaras, pires e colheres
tilintando. Podemos também sentir o forte cheiro de tabaco, num lugar e numa
época em que era permitido fumar em qualquer lugar, como me disse uma pessoa de
minha família, a qual estava em um café em Paris e teve que sair do recinto,
tal a intragável nuvem de fumaça tabagista no ar ali dentro. Em último plano,
vemos um cabide com casacos e vemos também uma mulher de perfil, com um decote
bem provocador, simbolizando a beleza e a sofisticação da mulher parisiense. O
cabide é a utilidade, a dignidade, num artista que tem que ser útil ao Mundo. Manet
mostra maestria no uso da luz, nas pinceladas impressionistas, as quais não são
tão simples de ser concebidas. É uma cena não ensolarada, não ao ar livre, mas
“indoor”, quase claustrofóbica, num ar viciado. Repousando sobre a mesa, um
guardanapo azul, da cor celeste, numa promessa de liberdade e arejamento, longe
de uma cena tão fechada, no sentido de que a pessoa tem que, às vezes, apenas
precisar respirar o ar e olhar para um Céu de Brigadeiro. A mulher em segundo
plano tem um anel dourado, provavelmente uma aliança, mostrando que pertence a
um homem, quando, na verdade, ela pertence a si mesma, nunca deixando se
dominar por qualquer homem, e isso é Feminismo: a mulher pode continuar sendo
delicada, mas, ao mesmo tempo, tem que ser “espada”: é o autoencontro. Nada de
errado nas roupas da mulher feia, mas ela tem, simplesmente, uma aura desleixada,
deselegante, no sentido de que a autoestima é sempre bem-vinda e necessária.
Acima, Um Bar no Folies-Bergère. A garçonete é a grande estrela do quadro.
Seu busto está decorado com belas flores, num decote provocante, mas não
vulgar. Ela esboça um sorriso mínimo, quase imperceptível. Seu rosto é belo e
harmonioso, e sua franja cobre-lhe a testa. Sua cintura é elegante e delgada, e
suas mangas estão arregaçadas em sinal de trabalho, num bar badalado, da moda,
extremamente frequentado. À sua frente, um pequeno copo com flores e água,
simbolizando delicadeza, vigor e vida, sem falar em perfume, uma especialidade
parisiense. Mais à direita, uma fruteira com frutas alaranjadas, talvez
bergamotas, frescas, doces e deliciosas, no lado bom da Vida – o desfrute, livre
das culpas pecaminosas. Sobre o balcão de mármore vemos muitas garrafas,
símbolos da Boemia. A moça olha para o espectador como se este fosse um cliente
da casa, e coloca-se à disposição do cliente, em pleno batente. Seu colar tem
uma fita negra, que é o mistério, o imprevisível, e, na mesma peça, um camafeu
recatado, catita, transformando a própria jovem em uma joia digna de ser
pintada por Manet. Os botões verticais do vestido são as etapas da vida, uma
após a outra, no itinerário existencial. São como estrelas no céu, só que
devidamente ordenadas de forma matemática e geométrica, na imposição da Ordem
sobre o Caos. Manet pega uma moça proletária e a faz aristocrata, pela sua
beleza digna de retrato, longe de uma baronesa que desembolsa muito dinheiro
para ser retratada por algum grande artista. Ao fundo, a paisagem boêmia, e
podemos ouvir conversas acaloradas e risadas de salão, no momento de prazer
eufórico que é a farra boêmia, como no Beco das Garrafas, bar carioca no qual se
apresentava Elis Regina – a Boemia tem seus charmes. Vemos nesta cena bastante
álcool engarrafado, num ser humano que tem que se cuidar para não cair no vício
irrefreável. Ao fundo, vemos um majestoso lustre de cristal, que é um aviso:
apesar de ser uma cena boêmia, é um lugar chic, refinado e elitizado, um
estabelecimento que só recebe quem tem dinheiro para gastar ali, na melhor
boate da cidade, como muitas e muitas casas noturnas glamorosas que viveram e
morreram, pois, ironicamente, as casas noturnas estão, cedo ou tarde, invadidas
pelo raiar do Sol. Esta moça, é claro, não integra a farra e as gargalhadas,
mas está em pleno serviço, talvez querendo, no fundo, juntar-se aos clientes e
tomar umas boas doses de álcool. À direita na cena, um cavalheiro encartolado e
de bigode conversa com uma mulher que está de costas, num mistério: Quem é ela?
Ela é o lado sisudo da vida, pois, quando a moça ao centro quer muito se
divertir, a mulher de costas dá as costas para isso tudo, numa desilusão mortificante:
viver a vida inteira na Boemia é uma ilusão. As garrafas aqui são coloridas e
alegres, seduzindo com seus sabores degustáveis. A moça agarra-se ao balcão com
as duas mãos, talvez como se estivesse num barco revolto, o qual está instável,
assim como é instável a vida de um alcoólatra. A moça tem uma pulseira dourada,
talvez presente de um admirador frequentador do bar, mas a moça parece ser à
prova de ilusões, e não parece estar muito deslumbrada com os clientes garbosos
e ricos do lugar. A garrafa logo ao lado da fruteira é a garrafa do seriado Jeannie é um Gênio, a qual refugiava-se
ali dentro, na reclusão feminina, como ficar sozinha em casa pintando as unhas,
não querendo, no momento, muita interação
com o homem do lado de fora, no sentido de que todos precisamos de um pouco de
reclusão. A moça aqui está reclusa dentro de si mesma, e só vai se abrir ao
Mundo quando bem entender.
Muito boa seleção. Obras representativas dos dois Manet. O realismo-burguês e o impressionista. Gostei demais da tua leitura do Almoço no Atelier. Parabéns por tudo. Arnoldo.
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